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FM - Dissertações de Mestrado

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  • Equity of access to palliative care : a scoping review
    Publication . Sítima, Gonçalo de Jesus; Pina, Paulo Sérgio dos Reis Saraiva; Carreira, Nuno Reis
    Os cuidados paliativos melhoram a qualidade de vida dos doentes, mas também dos seus familiares, devido à sua abordagem holística, que alivia sintomas, mas também visa o sofrimento. Esta abordagem holística torna os cuidados paliativos relevantes no tratamento de várias doenças. Apesar disto, no mundo, apenas 14% das pessoas que necessitam de cuidados paliativos os recebem, o que nos leva a refletir se existe equidade no acesso a cuidados paliativos, tentando compreender melhor os fatores relevantes para o acesso a estes cuidados, mas também as barreiras que enfrentamos enquanto sociedade para o acesso equitativo a cuidados paliativos. Objetivos Com esta revisão, pretende-se encontrar, na literatura acerca de equidade de acesso a cuidados paliativos, fatores relevantes para a acessibilidade a cuidados paliativos, assim como as barreiras que dificultam a equidade no acesso a estes cuidados. With this scoping review, we aimed to systematically map the literature on equity in access to PALC, to find: 1) factors relevant for accessibility to PALC; and 2) barriers and enablers of equitable access to PALC. Métodos Foram feitas pesquisas em três bases de dados: PubMed, Web of Science e Embase. Foram procurados artigos publicados desde 2017, escritos em inglês, com os seguintes termos (“palliative care” or “hospice care” or “end of life”) and equit* and access*. Critérios de eligibilidade: População- pessoas com necessidade de cuidados paliativos; Intervenções- intervenções de cuidados paliativos (equipas ou serviços, programas e estratégias, quer sejam comunitárias ou hospitalares); Outcomes- equidade no acesso a cuidados paliativos; Desenho do estudo- qualquer desenho do estudo. Eligibility criteria: Population- people with PALC needs; Interventions- PALC interventions (teams or services, programs, or strategies, both in hospitals and community); Outcomes- equity in access to PALC; Study Design- any. Esta revisão foi feita sob orientação das recomendações da “Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analysis” (extension for scoping reviews). Resultados Foram identificados 288 artigos. Devido a variadas razões, a maioria dos artigos foram excluídos, sendo que nesta revisão foram apenas incluídos 16 artigos. Destes, metade tiveram origem na América do Norte (seis dos Estados Unidos da América, dois do Canadá), enquanto quatro provieram do Reino Unido, um artigo era originário de Espanha e três tiveram origem de Austrália. Quatro dos artigos fixavam-se na discriminação étnica e racial no acesso a cuidados paliativos e outros quatro focavam-se nas discrepâncias geográficas no acesso a cuidados paliativos. Dois artigos mencionavam o funcionamento dos cuidados paliativos em países em vias de desenvolvimento e outros dois abordavam a influência das desigualdades socioeconómicas no acesso a cuidados paliativos. Acerca dos restantes artigos: um artigo focava-se nas desigualdades de género no acesso a cuidados paliativos, um artigo mencionava o papel dos cuidadores informais, um artigo focava-se nas barreiras de acesso aos cuidados paliativos e outro incluía recomendações políticas para atingir o objetivo de cuidados paliativos universais. Os principais fatores que contribuem para a iniquidade no acesso a cuidados paliativos são a discriminação (quer seja racial ou de género), as desigualdades socioeconómicas, as discrepâncias geográficas, a possibilidade de aceder aos cuidados, principalmente nos países em vias de desenvolvimento e a possibilidade de ter cuidadores informais. Algumas recomendações para lidar com estes fatores promotores de iniquidade são o procurar captar a perspetiva do doente e da sua família, isto é, tentar compreender melhor a sua cultura, o seu meio social e a sua história de vida, de modo a podermos entender quais as preferências e as perspetivas do doente face aos cuidados de saúde, fomentar a criação de suporte financeiro para aqueles que são cuidadores informais, de modo a combater as dificuldades financeiras que estas pessoas podem enfrentar e políticas que contribuam decisivamente para a promoção dos cuidados paliativos, de modo a atingir a universalidade no acesso a estes cuidados. Relativamente às barreiras de acesso entre os doentes que pertencem a minorias (sejam étnicas ou raciais), existem barreiras da parte dos profissionais de saúde, quer sejam devido a dificuldades em estabelecer a comunicação ou discriminação, dado que, por vezes, os profissionais, devido a viés racial, tendem a desconsiderar a experiência de vida destes doentes. Entre os principais obstáculos para a concretização da equidade de acesso aos cuidados paliativos estão a identificação dos doentes que realmente precisam destes cuidados, a necessidade de sobreviver de qualquer ser humano que coloca aqueles com menos meios financeiros em constantes dilemas entre o acesso aos cuidados, comprar comida ou conseguir ter um teto ou, por vezes, endividar-se, a normalização da morte entre aqueles que são mais vulneráveis, o desconhecimento e a desconfiança relativamente a cuidados paliativos e os sistemas de saúde fragmentados. Discussão Para conseguirmos aumentar o acesso a cuidados paliativos para pessoas em situação de vulnerabilidade (pessoas em situação de sem abrigo, pessoas com doença psiquiátrica grave ou toxicodependência), devemos considerar os determinantes sociais de saúde e os fatores que influenciam o acesso aos cuidados de saúde destas pessoas, nomeadamente as suas experiências de vida. Existem amplas discrepâncias geográficas no acesso a cuidados paliativos, nomeadamente entre áreas rurais e urbanas. As pessoas que vivem mais longe de serviços de cuidados paliativos apresentam menor probabilidade de morrer num destes serviços. Para além disto, sabemos que viver num meio rural aumenta a probabilidade de a pessoa morrer em casa. As pessoas mais desfavorecidas têm maior probabilidade de receberem cuidados hospitalares e não cuidados paliativos no fim de vida, algo que constitui uma discrepância socioeconómica que é importante combater. Os custos de receber cuidados no fim de vida não são desprezíveis, sendo que para aqueles com menores possibilidades, acaba por implicar um dilema: pagar para receber cuidados ou pagar para sobreviver. As desigualdades de género também existem, desde logo, devido à expetativa social que vê as mulheres enquanto cuidadoras, esperando que elas cuidem dos seus familiares nestas circunstâncias. Por outro lado, as assimetrias a nível salarial entre homens e mulheres, conduzem a que as mulheres tenham menos recursos financeiros para poderem recorrer a cuidados paliativos em caso de necessidade. Os países em vias de desenvolvimento enfrentam também vários desafios para a criação de redes de cuidados paliativos, nomeadamente a falta de profissionais com a devida formação para providenciarem estes cuidados à população, as carências de medicamentos essenciais para controlo da dor ou outros sintomas, além de dificuldades políticas para priorizar os cuidados paliativos. De modo a melhorar o acesso das populações destes países a cuidados paliativos, é necessário promover partilha (seja de conhecimento ou de recursos) entre profissionais da área em países desenvolvidos e países em desenvolvimento, o que permitirá um maior intercâmbio cultural entre profissionais e contribuirá para a equidade global no acesso aos cuidados paliativos. Para permitir maior equidade no acesso a cuidados paliativos, é fundamental apostar na formação dos profissionais de saúde, sendo importante incluir formação obrigatória nesta área. Esta revisão apresenta diversas limitações, desde logo as diferentes metodologias usadas pelos diferentes estudos, o que complica as comparações e a generalização dos resultados dos mesmos. Por outro lado, a diferente origem geográfica dos estudos, em diferentes países, com diferentes sistemas de saúde, também complica a avaliação dos resultados. Conclusões Embora seja complexo o objetivo de atingir acesso equitativo para todos aos cuidados paliativos, este objetivo só se consegue se tivermos uma visão holística do problema: quer ao nível político/governamental, quer ao nível da prática clínica, quer ao nível da comunidade. A nível político, os governantes não podem desprezar mais a relevância dos cuidados paliativos na qualidade de vida dos doentes, assim como dos seus familiares. Deste modo, torna-se essencial aumentar o investimento e os recursos alocados aos cuidados paliativos, mas também apoiar os doentes em situação vulnerável, mas também aqueles que deles cuidam, sejam profissionais de saúde ou cuidadores informais. A nível da comunidade, é importante aumentar a informação acerca dos cuidados paliativos, reduzindo a desconfiança que as pessoas possam ter sobre estes cuidados. A nível da prática clínica, desde logo é importante combater as carências ao nível de profissionais qualificados para a prestação dos cuidados paliativos. Por outro lado, é fundamental motivar estes profissionais a flexibilizar o modelo de prestação de cuidados, identificando mais precocemente aqueles que realmente precisam de cuidados paliativos, buscando sempre entender as expetativas dos doentes e aquilo que esperam dos cuidados de saúde. Por último, é fundamental procurar a máxima colaboração entre os diversos setores da sociedade.
  • As preferências e as perceções de comunicação do doente oncológico na primeira consulta de oncologia médica
    Publication . Vicente, Rodrigo Santos; Barbosa, Miguel Marques da Gama
    Introdução: A primeira consulta de oncologia médica é, para o doente, um momento determinante para a compreensão do diagnóstico e prognóstico da sua doença. Este estudo tem como objetivo avaliar as preferências de comunicação do doente oncológico durante a primeira consulta de oncologia médica e avaliar as diferenças entre as preferências e as percepções. Métodos: Um total de 169 doentes oncológicos responderam ao Communication in First Medical Oncology Questionnaire (C-FAQ), um questionário constituído por duas partes que avalia as preferências e perceções do doente em relação ao conteúdo (qual e quanta informação é fornecida), facilitação (onde e quando a informação é transmitida) e suporte (apoio emocional) durante a sua primeira consulta de oncologia médica. Foi realizada uma análise comparativa para avaliar as diferenças entre preferências e perceções. Resultados: O conteúdo foi identificado como a dimensão mais importante da comunicação em comparação com a facilitação e o suporte. O conhecimento do médico, a honestidade e a clareza das informações foram as características mais importantes. Os doentes avaliaram a maioria dos itens da primeira parte do questionário como “muito importante”. Contudo, a percepção dos entrevistados sobre os elementos de comunicação presentes durante a consulta ficou abaixo do esperado em 11 itens, revelando discrepâncias significativas na prática clínica. Conclusões: As três dimensões de conteúdo, facilitação e suporte foram altamente valorizadas pelos doentes, embora as preferências se focassem mais no conteúdo. As discrepâncias entre as preferências e percepções de comunicação podem ser interpretadas como uma oportunidade para melhorar o treino das equipas médicas nas competências de comunicação.
  • Crohn’s Disease exclusion diet na remissão da doença ativa em crianças e adultos : uma revisão sistemática
    Publication . Correia, Inês Catita; Moreira, Ana Catarina de Assunção Almeida; Raimundo, Maria da Graça Beraldo de Brito
    Contextualização: A Doença de Crohn (DC) é uma doença inflamatória intestinal, que decorre essencialmente da interação entre fatores genéticos e ambientais. A influência da dieta na DC tem sido fortemente estudada, uma vez que, determinados componentes dietéticos parecem alterar a microbiota intestinal e a resposta imunitária, conduzindo à lesão do trato gastrointestinal. Este pressuposto fundamenta a atual terapêutica nutricional, a Nutrição Entérica Exclusiva (EEN), onde esses componentes são totalmente eliminados, conduzindo, principalmente em idade pediátrica, à remissão da doença ativa. No entanto, esta estratégia nutricional apresenta dificuldades na adesão e na manutenção. Assim, foi recentemente criada uma dieta com alimentos sólidos, baseada no mesmo pressuposto de exclusão, a Crohn’s Disease Exclusion Diet em conjunto com Nutrição Entérica Parcial (CDED + PEN), e que pretende obter igualmente a remissão clínica da DC ativa, aumentando a adesão à dietoterapia. Objetivos: Avaliar a evidência atual sobre a eficácia da abordagem nutricional CDED na remissão da doença ativa em crianças e adultos. Metodologia: Esta revisão sistemática seguiu as recomendações PRISMA e foi submetida na PROSPERO, com o número CRD42022335076. As bases de dados utilizadas foram a PubMed/MEDLINE, Cochrane Library, Scopus e Web of Science. Os estudos foram analisados através da ferramenta Rayyan – Intelligent Systematic Review, Foram definidos como critérios de pesquisa, a implementação da CDED em crianças e/ou adultos com DC ativa em estudos que apresentassem resultados sobre a remissão clínica. Para a análise do risco de viés, foi utilizado o software Cochrane RevMan. Resultados: Foram incluídos nove estudos, e em todos foram obtidos resultados promissores, com taxas de remissão da doença sempre superiores a 55%. Outcomes como a adesão à terapêutica, parâmetros bioquímicos (calprotectina fecal, proteína c-reativa e taxa de sedimentação de eritrócitos) e antropométricos (peso e índice de massa corporal), apresentaram igualmente resultados positivos. Conclusão: A CDED + PEN parece ser uma alternativa viável para a remissão da doença ativa em crianças e adultos. Uma das principais vantagens deve-se ao facto de ser melhor tolerada do que a EEN, o que se traduz numa maior adesão. No entanto, são necessários mais estudos, nomeadamente, sobre a eficácia na remissão a longo prazo, os possíveis riscos de deficiências nutricionais e o potencial efeito promotor de distúrbios do comportamento alimentar devido ao uso prolongado de uma dieta de exclusão.
  • The process of denial in communicating cancer diagnosis : a scoping review of the literature
    Publication . Meireles, Pedro Miguel Antunes; Barbosa, Miguel Marques da Gama
    Introdução: A negação é um conceito psicológico complexo que evoluiu ao longo do tempo, passando de ser percebido como uma condição patológica para ser entendido como um mecanismo de adaptação. Esta revisão procura clarificar os diversos conceitos em torno da negação e o seu impacto na prática clínica, elucidando a prevalência da negação na comunicação de diagnósticos de cancro, com um foco na variação entre os diferentes tipos de cancro. Visa também explorar o papel dos médicos na gestão da negação e as várias abordagens conceptuais a esta resposta psicológica. Métodos: Seguindo as orientações PRISMA, a pesquisa compreendeu várias bases de dados eletrónicas, incluindo PubMed, Web of Science, Trip Database, Cochrane Library e PsycINFO. Esta revisão foi conduzida com critérios de inclusão específicos: 1) avaliação de pelo menos um aspeto da negação; 2) especificação do tipo de cancro; e 3) relatório consistente sobre sentimentos ou comportamentos dos doentes, incluindo opcionalmente respostas de familiares ou amigos. Resultados: De um conjunto inicial de 1681 registos, 73 artigos foram identificados como potencialmente relevantes após a avaliação do texto completo. Contudo, apenas três revisões qualitativas cumpriram os critérios de inclusão, sublinhando a escassez de pesquisa neste campo. A revisão revelou a dificuldade em quantificar as percentagens de negação para diferentes tipos de cancro, dada a sua complexidade e variabilidade entre indivíduos. Conclusões: A negação no contexto de diagnóstico de cancro é influenciada por uma multiplicidade de fatores, incluindo processos cognitivos, estados emocionais e contextos culturais. A variação na prevalência da negação entre diferentes tipos de cancro sublinha a necessidade de estratégias de comunicação e apoio personalizadas na prática clínica. Pesquisas futuras devem focar-se no desenvolvimento de uma compreensão mais matizada da negação em doentes com cancro, considerando os diversos fatores que influenciam a sua manifestação e as estratégias para abordá-la eficazmente.
  • Psychometric assessment of severe asthma patients
    Publication . Freitas, João Miguel Henriques de; Novais, Filipa; Lopes, João Revez
    Nos últimos anos, a compreensão da asma evoluiu significativamente. Inicialmente vista como uma doença respiratória, agora é concebida como uma condição psiconeuroimunológica complexa. Daí surgirem cada vez mais estudos na literatura que estabelecem uma relação entre a asma grave e as doenças psiquiátricas, nomeadamente os transtornos de ansiedade e depressão mas também síndromes psicóticas como a esquizofrenia. No entanto, os fatores que fortalecem ou enfraquecem essa associação ainda não são bem compreendidos. Esta tese tem como objetivo principal investigar fatores relacionados com a asma que estejam associados a níveis de ansiedade e depressão em pacientes com asma grave. Como objetivo secundário, esta tese pretende estudar que fatores psicodemográficos podem estar associados a uma asma com maior risco de comorbidade psiquiátrica. Foi utilizada uma amostra de 70 pacientes ambulatoriais com asma grave, recrutados de forma aleat´oria no Hospital Santa Maria. Estes participantes foram avaliados usando o Generalized Anxiety Disorder (GAD-7) e o Beck Depression Inventory (BDI-II), juntamente com escalas de asma como o Asthma Control Test (ACT) e o Mini Asthma Quality of Life Questionnaire (Mini AQLQ). Dados psicodemográficos também foram obtidos. Dados clínicos como os testes de função pulmonar recolhidos neste estudo incluíram espirometria, Volume Expiratório Forçado no Primeiro Segundo (FEV1), Capacidade Vital Forçada (FVC), Indice de Tiffenau e Capacidade Pulmonar Total (TLC). A espirometria foi utilizada para medir volumes e fluxos pulmonares, proporcionando uma avaliação geral da função pulmonar. O FEV1 mede a quantidade de ar que uma pessoa pode expirar no primeiro segundo de uma expiração forçada, enquanto a FVC avalia a quantidade total de ar que pode ser expirado após uma inspiração máxima. O Indice de Tiffenau, que é a proporção da capacidade vital expirada durante o primeiro segundo de uma expiração forçada (razão entre FEV1 e FVC), também foi calculado. Além disso, a TLC, que representa o volume de ar nos pulmões após a inspiração máxima, foi medida. Estes testes foram usados para avaliar se a função pulmonar dos doentes estava associada aos níveis de ansiedade e depressão. Os resultados principais mostram uma carga psicológica significativa entre indivíduos com asma grave, com uma proporção notável 43% da amostra a exibir valores potencialmente indicativos de níveis de ansiedade e/ou depressão clínica. Formando um contexto geral, as taxas de perturbações de ansiedade na população em geral são cerca de 4%. As perturbações depressivas tendem a ser observadas em cerca de 5%. No entanto, é provável que estes números subestimem os valores reais, dado o estigma e resistência ao tratamento psiquiátrico. No entanto, não foram observados preditores de ansiedade e depressão relacionados com a asma. Os resultados indicaram que apenas dois preditores foram significativos para os valores GAD: valores de BDI-II e o histórico psiquiátrico. Para os valores de BDI-II, o único preditor significativo foram os valores de GAD. O controlo da asma foi preditor significativo apenas dos valores de Mini AQLQ. Em termos da modalidade terapêutica usada, os pacientes sob tratamento com medicamentos biológicos apresentaram valores ACT e Mini AQLQ marginalmente superiores, quando comparados com aqueles que tomavam corticoides. No entanto em termos de níveis de ansiedade e depressão, não foi observada uma diferença estatisticamente significativa entre os dois grupos. Futuros estudos são necessários para aprofundar a compreensão destas associações de forma personalizar o tratamento da asma. Especificamente, devem incorporar desenhos longitudinais, idealmente incorporando outras variáveis de estudo, como a qualidade do sono, saúde metabólica e maiores amostras para investigar o papel dos biológicos em potencialmente reduzir as comorbilidades psiquiátricas relativamente ao tratamento com corticoides. Para resumir, este estudo destaca a necessidade de realizar mais investigação sobre condições crónicas como a asma e a sua relação com marcadores de saúde mental. Algo que no entanto, fica bastante presente neste trabalho, e que também é discutido na literatura, é a necessidade de formar uma medicina multidisciplinar para o tratamento da asma.
  • Role of oxytocin on amygdala response in schizophrenia : an fMRI and epigenetic study
    Publication . Patuleia, Rute Inês da Silva; Prata, Diana Maria Pinto; Almeida, Sérgio Alexandre Fernandes de
    A cognição social é um processo subjacente à interação social, abrangendo vários processos psicológicos que permitem aos indivíduos interagir e envolver-se com membros da sua própria espécie, enquanto colhem os benefícios de pertencer a um grupo social. Envolve múltiplos fatores (como genética e ambiente), mas parece estar conservado em relação aos seus mecanismos moleculares, sendo que alguns neuropéptidos revelaram-se essenciais neste papel. A oxitocina (OT) é um desses neuropeptídeos e é principalmente sintetizada nos núcleos paraventriculares e supraópticos do hipotálamo. A OT atua como um hormona, desempenhando funções periféricas na reprodução, nomeadamente a capacidade de estimular as contrações uterinas durante o parto e a ejeção do leite durante a lactação, causando a contração do músculo liso do útero e da glândula mamária, respetivamente. No entanto, a OT também atua como neuromodulador/neurotransmissor para desempenhar funções centrais em regiões associadas à cognição social, comportamento social, reconhecimento emocional e recompensa, como o hipocampo, amígdala e núcleo accumbens. Vários estudos têm explorado os potenciais efeitos sociais da OT tanto em animais quanto em humanos, revelando que enquanto estudos iniciais sugeriram um aumento nos comportamentos pró-sociais após a administração de OT, investigações mais recentes indicam que os efeitos da OT podem variar dependendo do contexto. Consequentemente, foram desenvolvidas várias hipóteses para compreender o papel da OT na cognição social, incluindo a hipótese pró-social e a hipótese não pró-social, entre outras. Inicialmente, a hipótese pró-social propôs que a OT promove o comportamento cooperativo, o "amor do grupo interno" e a atenção especificamente para emoções positivas como a felicidade, em oposição a emoções negativas como a raiva, quando o contexto social envolvia emoções cooperativas e positivas, levando a um aumento do comportamento afiliativo, como confiança e empatia. No entanto, estudos subsequentes demonstraram que a OT também pode induzir efeitos antissociais, incluindo comportamento competitivo e agressivo, stress e aumento do "ódio do grupo externo", especialmente em contextos negativos que envolviam incerteza, agressão, ameaça e competição. Além do contexto social, os efeitos da OT têm-se revelado dependentes do sexo, condições psiquiátricas e características individuais, colocando assim em dúvida a sua função puramente "pró-social". Na tentativa de reconciliar as perspetivas pró-social e não pró-social, foi desenvolvida a hipótese da saliência social. Esta hipótese enfatiza que a OT aumenta a sensibilidade aos estímulos socialmente relevantes, ou seja, a saliência dos estímulos sociais, independentemente da sua valência (positiva ou negativa), ao interagir com o sistema dopaminérgico, mas o seu efeito é dependente do contexto. Portanto, a hipótese da saliência social da OT sugere que os seus efeitos no comportamento social são altamente dependentes de fatores contextuais e diferenças individuais, oferecendo assim uma possível explicação para os efeitos pró-sociais e não pró-sociais. Os défices na cognição social são prevalentes em transtornos neuropsiquiátricos, especialmente na esquizofrenia (SCZ), no qual a diminuição do processamento sócio-emocional impacta significativamente as interações sociais. A SCZ é um transtorno neuropsiquiátrico complexo, multifacetado, progressivo e potencialmente incapacitante que afeta aproximadamente 1% da população mundial, com prevalência igual em homens e mulheres. É caracterizado pela presença de comportamentos psicóticos, pensamentos irrealistas e desorganizados e uma disfunção social acentuada. As dificuldades em entender as pistas, estímulos e interações sociais em indivíduos com SCZ podem criar um ciclo vicioso. A interpretação incorreta das situações sociais pode levar a um sofrimento interpessoal e problemas de regulação emocional. Isso, por sua vez, contribui para um declínio na função cognitiva social, potencialmente resultando em sintomas como delírios ou afastamento social. Tanto os sintomas positivos quanto os negativos parecem influenciar as dificuldades na cognição social na SCZ. Apesar dos avanços nos tratamentos farmacológicos direcionados aos sintomas positivos, abordar os sintomas negativos e os défices cognitivos continua a ser um desafio. A OT emerge, assim, como uma intervenção promissora devido ao seu papel na regulação do comportamento social. Apesar de alguns estudos implicarem a amígdala e a OT intranasal (inOT) em funções cognitivas sociais em pacientes com SCZ, os resultados ainda são muito inconsistentes e heterogéneos. Esta inconsistência pode derivar de diferenças individuais nos tipos e doses de medicação, gravidade dos sintomas negativos e positivos, e falta de informação sobre a disfunção da amígdala, que pode resultar de uma alteração epigenética dos recetores de oxitocina (OXTRs), mais especificamente a metilação desses genes. Assim, o presente estudo tem como objetivo examinar a interação entre a metilação do gene do recetor de oxitocina (OXTRm), inOT, reconhecimento e processamento emocional e social e reatividade da amígdala em pacientes com SCZ. No presente estudo usámos um design duplamente-cego, randomizado, controlado por placebo. Os participantes foram designados para as condições de controlo saudável com placebo (HC-PL), esquizofrenia com placebo (SCZ-PL) ou esquizofrenia com oxitocina (SCZ-OT) e forneceram amostras de saliva para posterior processamento genético de DNA. A ressonância magnética funcional (fMRI) durante os testes psicológicos de cognição social (nomeadamente Reconhecimento Facial de Emoções e Videoclipe) foi utilizada para medir a atividade da amígdala, através do mecanismo de contraste dependente do nível de oxigenação do sangue (BOLD), que é sensível ao aumento local da oxigenação do sangue após a atividade neuronal. Para avaliar as diferenças individuais no sistema oxitocinérgico humano, examinámos uma modificação epigenética do DNA do gene do OXTR, a metilação de OXTR, especificamente no local citosina-fosfato-guanina (CpG) -959 (CpG1, hg38: chr3: 8,769,146), -934 (CpG2, hg38: chr3: 8,769,121) e -924 (CpG3, hg38: chr3: 8,769,111). Os participantes realizaram uma tarefa de Reconhecimento Emocional Facial na qual foram apresentados 72 rostos individuais (12 rostos masculinos e 12 rostos femininos para cada expressão) representando emoções de medo, neutras ou felizes, apresentadas numa sequência pseudoaleatória e equilibrada. Os participantes também realizaram uma Tarefa de Videoclipes, na qual foram instruídos a assistir a vídeos passivamente. Havia 4 categorias de vídeo: eróticos (alta excitação, valência positiva), social negativo (baixa excitação, valência negativa) e social positivo (baixa excitação, valência positiva), bem como uma paisagem neutra, servindo como um estímulo neutro. Neste estudo conseguimos validar, parcialmente, a primeira hipótese, que afirmava que níveis mais elevados de OXTRm contribuem para um efeito diminuído da OT exógena. No que diz respeito ao reconhecimento facial de emoções, esse não foi o caso, uma vez que não foi observado nenhum efeito de interação significativo entre metilação e grupo em ambas as regiões da amígdala. Em contraste, para a tarefa de videoclipes, observámos tais interações, destacando a influência de fatores genéticos, diagnóstico e fármaco na reatividade da amígdala. Tem sido documentado que a OT tende a aumentar a ativação neural para estímulos sociais, independentemente da sua valência. No entanto, note-se que apesar de se ter observado uma diminuição esperada na ativação da amígdala com o aumento dos níveis de OXTRm no contexto de cenas sociais negativas, essa tendência não foi replicada em cenários sociais positivos, evidenciando, assim, a complexidade da influência da OT na perceção social. Desta forma, não pudemos validar completamente a nossa hipótese. De notar que os pacientes que receberam inOT (Grupo SCZ-OT) exibiram padrões de ativação da amígdala mais semelhantes aos controlos saudáveis (Grupo HC-PL) do que os pacientes que receberam placebo (Grupo SCZ-PL), demonstrando, assim, os potenciais efeitos terapêuticos da OT na modulação dos défices de processamento emocional na SCZ. No caso da tarefa de reconhecimento facial de emoções, apesar dos efeitos não significativos, o grupo SCZ-PL exibiu uma reatividade da amígdala mais elevada para rostos neutros quando comparado com condições de medo e felicidade e, inversamente, o grupo SCZ-OT exibiu uma reatividade da amígdala mais elevada para rostos emocionais quando comparado com neutros, de forma semelhante ao que aconteceu nos controlos saudáveis (Grupo HC-PL). Uma explicação plausível para estes resultados é a de que a OT inalada poderá reduzir a ansiedade social e a sensibilidade a rostos neutros em pacientes com SCZ. No que diz respeito à tarefa do videoclipe, encontrámos diferenças significativas entre os grupos SCZ-PL e SCZ-OT e os grupos SCZ-PL e HC-PL, indicando respostas divergentes da amígdala a algumas condições sociais entre esses grupos, mas não entre os grupos SCZ-OT e HC-PL. Estes resultados vão de encontro à segunda hipótese, sugerindo que a administração de OT pode normalizar os padrões de ativação da amígdala, aproximando mais as respostas do grupo SCZ-OT às dos controlos saudáveis que às do grupo SCZ-PL. Isso evidencia os potenciais efeitos terapêuticos da OT na modulação dos défices de processamento emocional na SCZ. Em geral, o estudo fornece informações relevantes sobre o papel do OXTRm e da OT exógena na modulação da reatividade da amígdala e do processamento emocional e social na SCZ. Compreender estas interações é crucial para desenvolver intervenções direcionadas para aliviar os défices da cognição social neste transtorno neuropsiquiátrico. Serão assim necessários mais estudos que integrem fatores epigenéticos, individuais e contextuais de modo a elucidar os mecanismos subjacentes aos efeitos terapêuticos da OT e otimizar os protocolos de tratamento para pacientes com SCZ.
  • The role of Rab6A-mediated protein trafficking in vascular development
    Publication . Saraiva, Marta Fernandes Pimentel; Fonseca, Ana Raquel Martins Figueiredo; Almeida, Sérgio Alexandre Fernandes de
    A rede vascular sanguínea é um sistema ramificado que irriga todos os órgãos em vertebrados, o que é fundamental para a embriogénese, a fisiologia e a regeneração. A disfunção desta rede está associada a múltiplas doenças, incluindo cancro, retinopatia diabética ou malformações arteriovenosas. A maioria dos vasos sanguíneos forma-se através da angiogénese, um processo realizado pelas células endoteliais (CEs), células que revestem o interior dos vasos sanguíneos. Durante este processo, as CEs estão constantemente expostas a estímulos, que ativam múltiplas vias de sinalização e regulam as suas várias funções, tais como a migração, a proliferação, e a especialização. Para tal, as CEs necessitam de um controlo rigoroso dos processos de tráfego intracelular, integrando desta forma os estímulos, através da endocitose/internalização e a secreção polarizada de proteínas sinalizadoras e recetores de membrana. A família de proteínas Rab GTPases é crucial para o tráfego intracelular pois regula a secreção, a endocitose e o tráfego de vesículas. Embora as Rab GTPases tenham sido recentemente reconhecidas como importantes reguladoras do tráfego das CEs, pouco se sabe sobre a forma como estes mecanismos regulam as funções das CEs e qual a sua relevância para o desenvolvimento dos vasos sanguíneos. A Rab6A é um dos principais membros das Rab GTPases, amplamente expressa na maioria das células de mamíferos e é conhecida por desempenhar um papel importante no transporte retrógrado e anterógrado de e para o complexo de Golgi. Para além de estar envolvida em vários passos do transporte vesicular, estudos realizados em células não endoteliais indicaram que a Rab6A participa em vários processos celulares, incluindo a adesão celular, a migração, e a regulação do ciclo celular, que são funções cruciais das CEs durante a angiogénese. Deste modo, a Rab6A parece ser uma forte candidata a mediar o tráfego intracelular das CEs. Por conseguinte, colocámos a hipótese de que a Rab6A é crucial para o desenvolvimento dos vasos sanguíneos, regulando várias funções. Para compreender o papel da Rab6A no desenvolvimento dos vasos sanguíneos, começámos por examinar a sua expressão nas CEs, utilizando dados de sequenciação de ácido rinonucleico (RNA) de CEs isoladas da retina de ratinho em diferentes fases do desenvolvimento pós-natal (sexto dia após o nascimento (P6), P10, P15, P21 e P50). Esta análise revelou que a Rab6A é expressa nas CEs da retina ao longo do desenvolvimento pós-natal. Assim, neste estudo, recorreu-se a uma abordagem in vivo usando ratinhos mutantes para a Rab6A em CEs, após a injeção de tamoxifeno. Para estudar o envolvimento da Rab6A durante a angiogénese, usámos a retina de ratinhos como modelo em diferentes etapas do desenvolvimento (P6, P12 e P30), uma vez que é um modelo bem estabelecido para o estudo do desenvolvimento vascular. A deleção da Rab6A em CEs de ratinhos neonatais afetou significativamente a vasculatura das retinas. De forma geral, observou-se que as retinas mutantes exibiram vasos com morfologia aberrante: dilatados (aumento do diâmetro dos vasos), com tortuosidade e imaturos (perda de quiescência). Estas alterações foram acompanhadas por extravasamento de glóbulos vermelhos dos vasos sanguíneos, levando a hemorragias. Adicionalmente, embora se tenha observado que o número de células “tip” e de filopodia estava aumentado nos mutantes, a migração das CEs estava alterada, o que levou a um atraso da expansão radial da vascularização da retina. Observou-se ainda que a formação das camadas intermédia e profunda das retinas mutantes estava comprometida. Verificou-se também que a Rab6A não é importante para manter a integridade dos vasos durante a idade adulta, uma vez que a sua deleção em ratinhos adultos não causou nenhum defeito na rede vascular. Deste modo, estes resultados sugerem que a Rab6A é maioritariamente importante durante o desenvolvimento dos vasos. Paralelamente, investigou-se se mais algum órgão estaria afetado pela deleção da Rab6A em CEs. Curiosamente, apenas foram observados defeitos na vasculatura dos cérebros de ratinhos mutantes. Estes apresentaram uma rede vascular desorganizada caracterizada por vasos com tortuosidade, algumas áreas avasculares e hemorragias. Observou-se, ainda, que nos cérebros mutantes o número das células “tip” estava aumentado, em comparação com o controlo. No entanto, algumas destas células “tip” exibiram uma morfologia aberrante, com estruturas semelhantes a microaneurismas. Além disso, muitas destas células apresentavam ausência quase completa de filopodia. Apesar destas diferenças morfológicas, não foram observadas alterações significativas tanto na densidade de vasos como na sua cobertura por pericitos. Com o objetivo de encontrar pistas para entender o mecanismo molecular que conduz às alterações observadas na vasculatura da retina e do cérebro de ratinhos mutantes para a Rab6A, recorremos à tecnologia de sequenciação de RNA de célula única (scRNA-seq), uma técnica que permite caracterizar os transcriptomas de células a nível individual. Embora o nosso objetivo inicial fosse o de realizar esta técnica em CEs de retinas mutantes para Rab6A, devido ao baixo número de CEs na retina, não o conseguimos fazer. Por isso, decidimos então realizar scRNA-seq em CEs dos cérebros mutantes e controlo em diferentes etapas do desenvolvimento vascular (P6, P12 e P30) e comparar os perfis transcriptómicos. Esta análise, revelou que, à semelhança do fenótipo observado nas retinas de mutantes, a etapa mais afetada pela deleção da Rab6A foi a P12, que apresentou um elevado número de genes diferencialmente expressos em comparação com o controlo. Nestes genes, observou-se que genes relacionados com o processo da angiogénese estavam sobre-expressos na ausência do Rab6A nas CEs do cérebro. Contudo, os genes que se encontraram mais sobre-expressos foram dois genes que foram identificados como estando envolvidos na proliferação celular, o Ccnb1ip1 (ou Hei10) e o Rpph1. Contrariamente, no P6 foi identificado um cluster de CEs maioritariamente composto por células mutantes para Rab6A que expressam genes que são regulados pelo fator de transcrição p53. Este fator é conhecido por ativar vários genes em resposta a vários tipos de stresses, tais como a ativação de oncogenes, hipoxia, danos no ácido desoxirribonucleico (DNA) e stress ribossómico. Embora esta análise nos tenha proporcionado informações sobre as alterações a nível transcriptómico após a deleção da Rab6A nas CEs do cérebro de ratinhos, não foi suficiente para entender o mecanismo na sua totalidade. É importante referir que a análise dos dados de scRNA-seq efetuada neste trabalho foi sumária, isto é não realizámos análises dos genes diferencialmente expressos nos diferentes clusters de CEs, mas apenas nas CEs mutantes para Rab6A versus CEs controlo. Assim, para obter uma análise mais precisa, estamos atualmente a analisar os genes diferencialmente expressos entre as CEs mutantes para Rab6A versus CEs controlo em cada cluster de CEs. Para complementar esta análise, seria de grande interesse realizar proteómica para identificar alterações a nível proteico após a deleção da Rab6A em CEs, uma vez que a Rab6A regula vários passos do tráfego de proteínas. O nosso estudo revela pela primeira vez o papel da proteína Rab GTPase Rab6A na angiogénese e na morfogénese vascular durante o desenvolvimento pós-natal. Os nossos resultados revelaram que a deleção pós-natal da Rab6A em CEs dá origem a defeitos vasculares significativos na retina e no cérebro, acompanhados por alterações na integridade da barreira entre o sangue e os tecidos. Para além disso, os nossos resultados sugerem que a Rab6A é essencial para o processo de angiogénese, regulando o brotamento de CEs (seleção de células “tip” e formação de filopodia), a migração, a proliferação, a formação e a maturação das barreiras hematoencefálica edos resultados e entender os mecanismos moleculares subjacentes às funções da Rab6A nas CEs. A compreensão destes mecanismos é crucial para o avanço do nosso conhecimento e pode oferecer informações sobre os processos angiogénicos e potenciais intervenções terapêuticas. hematorretiniana. No entanto, é ainda necessária mais investigação para confirmar alguns dos resultados e entender os mecanismos moleculares subjacentes às funções da Rab6A nas CEs. A compreensão destes mecanismos é crucial para o avanço do nosso conhecimento e pode oferecer informações sobre os processos angiogénicos e potenciais intervenções terapêuticas.
  • Development of an evidence-based toolkit for self-care in gestational diabetes mellitus using a mobile application
    Publication . Nunes, Maria Lua de Coelho; Santos, Inês; Nunes, Francisco
    Introdução: A diabetes mellitus gestacional é uma complicação da gravidez que afeta muitas mulheres, exigindo uma mudança de comportamentos ao nível do estilo de vida, o que coloca as mulheres como agentes de autocuidado e lhes impõe a aprendizagem de práticas de autocuidado num curto período de tempo. Contudo, alguns fatores podem afetar negativamente a adesão às mudanças de estilo de vida na diabetes gestacional: o tempo limitado de consulta, as dificuldades de comunicação com os profissionais de saúde, a perceção de uma dificuldade aumentada e uma necessidade reduzida da gestão da doença, a falta de compreensão das causas e consequências da diabetes gestacional, bem como constrangimentos sociais e culturais. Deste modo, são várias as intervenções educativas e comportamentais de base digital que têm sido desenvolvidas, a maioria baseadas em apps móveis, constituindo uma forma ubíqua e acessível de apoio à grávida com diabetes gestacional, promovendo a sua aprendizagem e adoção de práticas de autocuidado. No entanto, as soluções existentes não integram expressamente as necessidades das mulheres, nem consideram as suas caraterísticas para a personalização da intervenção, ou enquadram o autocuidado na sua conceção. Neste estudo adotámos uma abordagem de métodos mistos para desenvolver e aperfeiçoar um Toolkit cocriado e baseado na evidência para apoiar o autocuidado de mulheres grávidas com diabetes gestacional utilizando uma app móvel. O Toolkit integra conteúdos educacionais e comportamentais. Métodos: Este estudo envolveu doentes e profissionais de saúde. Foram conduzidas entrevistas com doentes (N = 17) e nutricionistas (N = 11), sessões de cocriação com dois nutricionistas, e um inquérito online a profissionais de saúde – nutricionistas (N = 11), médicos (N = 3) e enfermeiros (N = 3). Foram também efetuadas observações de 66 consultas de nutrição em 2 hospitais portugueses, localizados no Norte e no Sul de Portugal. Foram realizadas notas das observações, transcrições verbatim das entrevistas, e os materiais das sessões de cocriação foram fotografados e as sessões gravadas. O inquérito online recolheu as impressões dos profissionais de saúde face às descrições do conteúdo do Toolkit com o fim de avaliar a concordância dos profissionais com o conteúdo usando escalas de classificação de Likert de 5 pontos. Em termos de análise, foi realizada uma análise temática das notas, transcrições e materiais resultantes das sessões de cocriação, i.e., qualitativa, e uma análise estatística dos resultados do inquérito, i.e., quantitativa. Resultados: A partir da análise qualitativa das observações e entrevistas com as mulheres, foram identificados os fatores determinantes das mudanças no estilo de vida e as práticas de autocuidado relacionadas com a diabetes gestacional com base na teoria do autocuidado. Adicionalmente, a análise qualitativa das observações e entrevistas com os nutricionistas permitiu caracterizar o processo de cuidado nutricional na diabetes gestacional, identificar as variações no aconselhamento nutricional, dependendo das características das mulheres, e tópicos de educação para a saúde abordados durante a consulta de nutrição. O conteúdo do Toolkit está enraizado nas perspetivas e experiências das mulheres em relação aos determinantes das mudanças no estilo de vida e às práticas de autocuidado na diabetes gestacional. Os determinantes de adesão identificados foram agrupados em cinco desafios: 1) Compreender o impacto das mudanças de estilo de vida no corpo da mulher grávida e no feto; 2) Medir do valor da glucose no sangue; 3) Identificar as caraterísticas da dieta para controlar os nível de glucose no sangue; 4) Perceber a forma multifatorial de gerir os nível de glucose no sangue; e 5) Sentir-se apoiado por outros na gestão da diabetes gestacional mellitus. Adicionalmente, as práticas de autocuidado foram dividas em três grupos: 1) Auto-conhecimento; 2) Auto-monitorização; e 3) Auto-gestão. O mapeamento das práticas de autocuidado realizadas pelas mulheres como forma de resolução dos desafios constituiu o primeiro passo para o levantamento de um conjunto de requisitos que informaram o desenvolvimento do Toolkit. O conteúdo do Toolkit foi desenvolvido e refinado com nutricionistas de acordo com o processo de cuidado nutricional na diabetes gestacional, previamente caracterizado, por forma a preencher os requisitos levantados anteriormente. De acordo com o processo de cuidado nutricional, definiu-se que o foco da atuação do Toolkit nas fases do processo: 1) Avaliação; 2) Implementação; e 5) Monitorização e Revisão. Em particular, relativamente à fase de avaliação, os nutricionistas referiram um conjunto de caraterísticas individuais consideradas na personalização do cuidado nutricional: parâmetros clínicos (antropometria materna e fetal; sinais e sintomas; valores de glicémia) e fatores contextuais (estatuto socioeconómico; cultura, naturalidade e religião; padrões, hábitos e preferências alimentares; literacia e motivação). Em relação à fase de implementação, a promoção da mudança de comportamento foi a ação menos mencionada, enquanto a elaboração de um plano alimentar e a educação para a saúde foram as ações mais referidas. As características foram reavaliadas na fase de monitorização e revisão, bem como foram mencionadas associações entre variáveis, e.g., entre a glicémia e a ingestão alimentar. Posteriormente, o conjunto de requisitos e conteúdos foram refinados através da análise dos materiais das sessões de cocriação com os dois nutricionistas. Estas sessões informaram a organização, formato e personalização dos conteúdos do Toolkit a serem disponibilizados na app móvel. A versão refinada do conteúdo foi avaliada por profissionais de saúde através do inquérito online. A maioria das classificações situou-se entre 4 e 5 pontos (ou seja, concordo parcialmente e concordo totalmente), enquanto um número menor foi classificado com 3 (ou seja, neutro), 1 e 2 pontos (ou seja, discordo totalmente e discordo parcialmente). Apenas os conteúdos classificados como elevada concordância, i.e., nenhum profissional de saúde podia classificar o conteúdo com 1 ou apenas um profissional de saúde podia classificar o conteúdo com 2, constituíram a versão final do Toolkit. A versão final do Toolkit é composta por 4 módulos principais: 1) Diabetes Gestacional; 2) Auto-medição da glicémia; 3) Nutrir na Diabetes Gestational; e 4) Para Além da Dieta e Nutrição; com 23 conteúdos, incluindo ferramentas para apoiar a educação, capacitação, formação e incentivo das mulheres para a gestão da diabetes gestacional, integrando técnicas de modificação comportamental de acordo com a Behaviour Change Techniques Taxonomy. Discussão: A evidência atual discute a forma como fatores específicos podem afetar ou estão relacionados com mudanças no estilo de vida na diabetes gestacional, mas quase não menciona as práticas de autocuidado ou a forma como os determinantes podem afetar ou estão relacionados com o autocuidado, centrando-se somente nas práticas de auto-gestão. Por outro lado, os resultados do presente estudo relativamente aos determinantes estão de acordo com a evidência, correspondendo aos desafios identificados. Em particular, o enquadramento das perspetivas e experiências das mulheres nas fases iniciais do desenvolvimento do Toolkit representa uma inovação em comparação com as soluções existentes baseadas em apps móveis, priorizando as necessidades dos utilizadores finais. Adicionalmente, ao explorar a personalização do cuidado nutricional para além das diretrizes atuais, esta dissertação discute como as caraterísticas das mulheres com diabetes gestacional influenciam a prática dietética e nutricional. As limitações do estudo incluem: a amostra potencialmente limitada em termos de diversidade cultural e socioeconómica; o envolvimento limitado de outros profissionais de saúde para além de nutricionistas; e a ausência de sessões de cocriação com mulheres grávidas com diabetes gestacional. Conclusões: Apesar das limitações da amostra, esta abordagem sistemática e de métodos mistos apoiou de forma robusta o desenvolvimento de um Toolkit cocriado e baseado na evidência para o autocuidado na diabetes gestacional, a ser integrado numa aplicação móvel, com vista a futuros testes de viabilidade e ensaios-piloto.
  • Long-term stability of residual hearing and hearing performance in complex acoustic environments in cochlear implant users with electric-acoustic stimulation
    Publication . Bandeira, Mariana Aguiar; Weißgerber, Tobias; Luís, Leonel
    Os implantes cocleares são reconhecidos como os dispositivos neuroprotéticos mais avançados atualmente e tornaram-se o tratamento padrão para indivíduos com perda auditiva neurossensorial severa a profunda que não se beneficiam suficientemente dos aparelhos auditivos de amplificação sonora. Um implante coclear funciona convertendo sons em sinais elétricos que estimulam diretamente o nervo auditivo, contornando as partes danificadas do ouvido interno. Embora os implantes cocleares ofereçam uma representação acústica menos detalhada em comparação com a audição natural, especialmente no que diz respeito às pistas espectro-temporais, eles melhoram significativamente a perceção da fala na maioria dos pacientes. Indivíduos com perda auditiva severa a profunda em altas frequências e audição residual significativa em baixas frequências (ou seja, perda auditiva descendente) inicialmente não eram candidatos a implantes cocleares convencionais. Isso se devia ao risco de danos à cóclea durante a cirurgia, comprometendo a audição residual. No entanto, esses pacientes frequentemente enfrentam dificuldades na adaptação às próteses auditivas tradicionais. Em 1999, o conceito de estimulação eletroacústica combinada (EAS) foi proposto por um grupo da Universidade de Frankfurt (von Ilberg et al., 1999). Esses sistemas integram a estimulação elétrica das porções basais do gânglio espiral com a estimulação acústica simultânea das frequências mais baixas, localizadas na região apical, fornecida por um aparelho auditivo. Isso significa que a capacidade de ouvir sons de baixa frequência pode ser aprimorada através da amplificação acústica integrada ao implante coclear. O uso da EAS requer a preservação da audição residual após a cirurgia e, para garantir benefícios a longo prazo, é fundamental que a audição residual permaneça estável a longo termo. Sabe-se que a audição residual em baixas frequências pode deteriorar-se ao longo do tempo, pelo que a avaliação contínua da sua estabilidade a longo prazo é essencial. Além disso, embora os pacientes que utilizam EAS tenham bom desempenho nos testes de perceção de fala realizados no silêncio e na presença de ruído competitivo, eles relatam maior esforço auditivo e dificuldades na perceção da fala em ambientes acústicos complexos. Os testes clínicos de fala são tipicamente realizados em ambientes controlados, como em cabines acusticamente tratadas, e não reproduzem cenários de audição da vida real, que muitas vezes envolvem ruído de fundo e reverberação. Como resultado, os testes clínicos atualmente usados podem não capturar totalmente o desempenho auditivo do indivíduo em situações cotidianas.Esta tese está dividida em duas partes. A primeira parte é uma análise retrospetiva da preservação auditiva a longo prazo após cirurgia de implante coclear em pacientes candidatos a EAS do Hospital Universitário de Frankfurt, Alemanha. A segunda parte é uma investigação prospetiva da perceção da fala, esforço auditivo e localização sonora em usuários de EAS. Objetivos 1) Avaliar a estabilidade a longo prazo da audição residual após cirurgia de implante coclear com preservação auditiva e avaliar o uso a longo prazo da EAS. 2) Avaliar a perceção de fala e o esforço auditivo de pacientes com EAS em ambientes auditivos complexos. Analisar a localização auditiva de usuários de EAS. Métodos 1) A preservação auditiva a longo prazo de 87 indivíduos com EAS (110 orelhas) foi avaliada através de uma análise retrospetiva de prontuários. Os resultados foram avaliados através da análise dos limiares de condução aérea obtidos durante o acompanhamento clínico no Hospital Universitário de Frankfurt, Alemanha, em vários momentos, incluindo pré-operatório, 3, 6 e 12 meses de pós-operatório, e a medida mais recente (a longo prazo) disponível. Neste estudo foi utilizada a definição de preservação auditiva do grupo HEARRING (Skarzynski et al., 2013), complementada pela análise da média tonal nas frequências baixas. 2) Este estudo avaliou a perceção de fala e o esforço auditivo subjetivo de seis usuários de EAS em uma situação simulada de escuta em uma sala de aula com acústica desfavorável. O ambiente era caracterizado pela coexistência de reverberação e ruído modulado, com uma separação angular de 60° entre a fonte de fala e o ruído. Os limiares de receção de fala (SRT) em condições de ruído modulado e contínuo foram avaliados utilizando o Oldenburg Sentence Test (OLSA). Para análises do esforço auditivo subjetivo, foi utilizado o método ACALES (Adaptive Categorical Listening Effort Scaling procedure) (Krueger et al., 2017). Alem disso, avaliou-se o desempenho dos participantes na localização sonora utilizando diferentes tipos de estímulos: passa-baixo, passa-alto e banda larga. Resultados 1) O período médio de observação a longo prazo foi de 70,4 meses. Durante os primeiros três meses de seguimento, todos os participantes apresentaram preservação auditiva, sendo 54% com preservação total e 46% com preservação parcial, de acordo com a escala de preservação auditiva HEARRING. No acompanhamento a longo prazo, 21,3% mantiveram preservação auditiva completa, 70,5% apresentaram preservação parcial e 8,2% preservação mínima. Nenhum dos participantes desenvolveu perda auditiva completa ao longo do estudo. Além disso, 81,6% continuam utilizando o EAS a longo prazo. 80,5% dos participantes mantiveram audição residual funcionalmente relevante, entre os quais 88,6% permanecem usuários do EAS a longo prazo. 2) Os participantes apresentaram limiares de receção de fala (SRTs) significativamente melhores em condições de ruído modulado em comparação com ruído contínuo. De modo geral, também obtiveram SRTs melhores quando a fala era separada do ruído, embora essa diferença não tenha atingido significância estatística, mas foi considerada clinicamente relevante. Os SRTs em condições de reverberação e ruído modulado apresentaram uma deterioração significativa em comparação com a condição de campo livre. O esforço auditivo em ambiente reverberante foi significativamente maior do que em campo livre. Nos testes de localização sonora, não foi identificado qualquer impacto significativo das características espectrais dos estímulos (passa-baixo, passa-alto ou banda larga) no desempenho dos participantes. Conclusão: 1) A audição residual após o implante coclear com preservação auditiva mostra-se, na maioria dos pacientes, suficientemente estável para possibilitar o uso prolongado da EAS. No entanto, uma limitação da classificação HEARRING é sua incapacidade de prever diretamente o uso da EAS pelos pacientes, pois avalia apenas a alteração relativa da audição, sem levar em conta a quantidade absoluta de audição residual funcional. 2) O acesso a pistas acústicas de baixa frequência, incluindo a frequência fundamental e a Diferença de Tempo Interaural (ITD), pode ser uma das razões pelas quais os usuários de EAS apresentam melhor perceção de fala em ambientes com ruído modulado em comparação com ruído contínuo. No entanto, a reverberação em presença de ruído modulado ainda exerce um impacto significativo na perceção de fala desses indivíduos. Embora os usuários de EAS sejam sensíveis à ITD nas frequências mais baixas, a hipótese de que sinais passa-baixo proporcionariam uma melhor localização sonora em relação aos sinais passa-alto não pôde ser confirmada no presente estudo. O impacto positivo da estimulação acústica na perceção da fala em ruído modulado, assim como o efeito da separação das fontes sonoras e da audição residual no esforço auditivo, não pôde ser confirmado neste estudo. Isso provavelmente se deve ao número limitado de participantes, que pode não ter sido suficiente para revelar resultados estatisticamente significativos. Outros pacientes usuários de EAS serão convidados a participar da pesquisa em andamento. Levando em conta que os usuários de EAS continuam a enfrentar dificuldades na compreensão da fala em ambientes acústicos complexos, é crucial que os testes clínicos de fala repliquem cenários de audição do cotidiano. Além disso, a mensuração do esforço auditivo — uma das principais queixas dos indivíduos com perda auditiva — deve ser integrada à rotina clínica. Dado o grande volume de evidências clínicas que demonstram o benefício adicional da EAS em comparação com a estimulação elétrica isolada ou a estimulação acústica isolada, a EAS deve se tornar a opção de tratamento padrão para indivíduos com perda auditiva descendente que não obtêm benefícios suficientes com a amplificação convencional.
  • Impacto da dieta vegetariana no risco cardiovascular, marcadores cardiometabólicos e composição corporal
    Publication . Fontes, Tatiana Alexandra Sousa; Pêgo, Cíntia Sofia Ferreira; Cebola, Marisa Paula Duarte Fernandes de Andrade Baeta Guerreiro
    Introdução: As doenças cardiovasculares são a principal causa global de mortalidade e um dos principais fatores para anos vividos com incapacidade. Sabe-se que a nutrição inadequada é responsável por cerca de 50% das mortes cardiovasculares. Sendo por isso crucial entender o papel que cada padrão alimentar pode desempenhar na prevenção destas doenças de modo a melhorar a qualidade de vida da população. Objetivo: Comparar o risco de ocorrência de eventos cardiovasculares (fatais e não fatais) a 10 anos, assim como avaliar e comparar diferentes fatores de risco cardiovascular, em indivíduos adultos que seguem um padrão alimentar vegetariano e indivíduos adultos que seguem um padrão alimentar omnívoro. Metodologia: Estudo observacional transversal com 110 indivíduos adultos. Os participantes foram divididos consoante o seu padrão alimentar: Vegetarianos (VG), não consumiam carne e/ou peixe, mas podiam consumir ovos, lacticínios e mel; e Omnívoros (OM), que consumiam todos os tipos de alimentos. O risco cardiovascular foi calculado através do SCORE2, a composição corporal foi avaliada através da absorciometria de raios-X de dupla energia e os parâmetros bioquímicos foram obtidos através da recolha de sangue capilar. A qualidade da dieta foi calculada com o questionário de 14 itens de adesão à dieta mediterrânica (DM) para os indivíduos OM e o índice de dieta saudável de base vegetal para os indivíduos VG. Resultados: Foram incluídos 110 indivíduos adultos (68,20% do sexo feminino com média de idade de 49,17  6,91 anos). Não foram encontradas diferenças significativas relativamente ao risco de eventos cardiovasculares a 10 anos entre os padrões alimentares (p = 0,334). No entanto, no que diz respeito à composição corporal, foi possível verificar que os homens VG apresentaram valores significativamente mais baixos de ALMI (VG: 7,43  0,80 Kg/m2 versus OM: 8,30  0,90 Kg/m2; p = 0,005). Por outro lado, relativamente aos parâmetros bioquímicos verificou-se que foram os participantes OM que apresentaram valores de colesterol total (OM: 199,00 52,00 mg/dL versus VG: 172,00 26,00 mg/dL; p = < 0,001), colesterol LDL (OM: 117,87  34,26 mg/dL versus VG: 99,85  22,54 mg/dL; p = 0,001) e colesterol não-HDL (OM: 138,00 56,00 mg/dL versus VG: 116,00 35,00 mg/dL; p = 0,004) mais elevados. Após analisar a qualidade da dieta, verificamos que a alta adesão à DM nos OM (OR = 0,861; p = 0,013) e a alta qualidade da dieta nos VG (OR = 0,590; p = 0,001) foram ambos fatores de proteção (41% e 13,9%, respetivamente) para um elevado risco cardiovascular. Ao reanalisar os dados apenas com indivíduos que apresentavam uma dieta VG ou OM de alta qualidade, verificaram-se diferenças significativas na composição corporal, tendo sido os indivíduos OM com alta adesão à DM quem apresentou valores de massa gorda (OM: 25,79% versus VG: 32,12%, p = 0,003) e de tecido adiposo visceral (OM: 338,76 cm3 versus VG: 609,04 cm3) mais reduzidos.Relativamente aos parâmetros bioquímicos foram os indivíduos VG com alta qualidade da dieta que apresentaram valores significativamente mais baixos de colesterol total (OM: 198,05  42,17 mg/dL versus VG: 173,48  16,80 mg/dL; p = 0,013). Nenhum outro resultado foi estatisticamente significativo. Conclusão: No presente estudo concluímos que nem a dieta VG nem a dieta OM apresentaram maiores benefícios entre si, no que respeita ao risco cardiovascular. No entanto, as diferenças apresentadas por ambas as dietas apontam para a existência de diferentes benefícios entre si, com uma dieta VG de alta qualidade a apresentar melhores resultados relativamente ao perfil lipídico e uma dieta OM com alta adesão à DM a evidenciar maior potencial relativamente à composição corporal