FPCE - Teses de Doutoramento
Permanent URI for this collection
Browse
Browsing FPCE - Teses de Doutoramento by Subject "Adolescentes"
Now showing 1 - 3 of 3
Results Per Page
Sort Options
- Evolução da ansiedade e dos mecanismos de defesa ao longo da gravidezPublication . Justo, João; Leal, Maria Rita Mendes, 1921-Nos dias de hoje, o ciclo de vida dos seres humanos ó alvo de investigações e tentativas de controlo cada vez mais aperfeiçoadas. Paralelamente, a vivência psicológica da gestação e dos estados de infertilidade, reprodução e procriação ocupa um lugar cada vez mais importante nos estudos que visam aperfeiçoar as unidades globais de saúde e de protecção social da mulher grávida, do nascituro e da família que acolhe no seu seio um recém- nascido. No estudo que agora encetamos, centrar-nos-emos, sobretudo, no estudo dos recursos psicológicos que permitem uma evolução saudável da grávida, da jovem mãe e da família em que se integra. Interessa-nos aclarar os elementos facilitadores da boa resolução adaptativa neste momento crítico da vida, que facilitam uma interacção adequada entre as necessidades evolutivas do bebé e as capacidades estruturantes da organização familiar. Desejando delimitar o problema, propusemo-nos estudar a forma como os mecanismos de defesa e a ansiedade evoluem durante a gravidez. Estas dimensões foram escolhidas a partir da prospecção sumária que fizemos neste campo e dos instrumentos de pesquisa à nossa disposição. Na nossa opinião, a utilidade desta proposta ;de estudo deveria ser extensível à elucidação de outras questões da mulher grávida. Por exemplo, parece importante esclarecer porquê determinadas mulheres revelam todas as condições fisiológicas necessárias para a gravidez e não conseguem reproduzir? Ou porquê determinadas mulheres têm uma gravidez serena e sem complicações e apresentam dificuldades graves no trabalho de parto? Porquê algumas se deprimem após o trabalho de parto e outras não? E ainda, porquê algumas jovens mães têm tantas dificuldades em se organizarem na relação precoce mãe-filho sem que, para isso, se evidenciem motivos biológicos e sociais. (...)
- Síndromas depressivos na infância e na adolescênciaPublication . Marujo, Helena Águeda; Silva, Adelina Lopes da, 1945-Tendo sido, historicamente, negligenciada por teóricos, investigadores e clínicos, a temática das manifestações depressivas antes da vida adulta veio a demonstrar-se, nos últimos 20 anos, progressivamente mais relevante nos campos da psicologia clínica e da psiquiatria da infância e adolescência (e.g. Clarizio, 1989; Cole, 1991; KashaJii et al., 1992; Kovacs, 1989; Petersen et aJ., 1993; Reineckle, 1992; Sanns et al., 1991; Schwartz & Schwartz, 1993; Trad, 1986). A atenção conferida veio mesmo a permitir-lhe ocupar imi dos lugares de liderança na investigação das perturbações psicológicas das populações mais jovens (Finch & Rogers, 1984; Kazdin, 1989). Recentemente, ultrapassou estes domínios clínicos e começou a ser reconhecida como um importante objecto de estudo no campo educacional (Epstein & Cullinan, 1986; Lasko, 1986; Maag & Forness, 1991; Reynolds, 1985). Uma análise do domínio mostra assim que, após muitos anos de aridez conceptual e empírica, o tema viria a gozar de grande popularidade junto da comunidade científica, na sequência do surgimento de um conjunto de factores teórico-metodológicos que marcariam profundamente a sua história. A influência desses factores desencadearia rápidas e profundas mudanças na forma de definir e encarar o fenómeno e colocaria novas questões, limitações e perspectivas as quais, por sua vez, criariam a necessidade de mais estudos, abrangentes e clarificadores. A valorização actualmente atribuída ao tema pode ser testemunhada pela quantidade e qualidade da produção literária, teórica e empírica. Se atendermos à diversidade de paradigmas descritivos e explicativos surgidos nos últimos anos e ao aumento notável de pesquisa concretizadas poderemos, no momento presente, qualificar o crescimento da área das manifestações depressivas da infância e adolescência com verdadeiramente explosivo. No entanto, esta evolução, rápida exponencial, tem vindo a cobrar dividendos, fazendo deste tema um domínio rico em desacordos e em desafios científicos, onde reinam intrincados enredos teóricos, múltiplas dificuldades metodológicas ausência de sínteses pragmáticas (Petersen et al., 1993). Doutra perspectiva, a importância das manifestações depressão nas fases pré-adultas da vida, pode também ser visível no impacto que os seus estudos têm tido sobre as formas de entender o normal e o patológico (Petti, 1989; Cicchetti & Schneider-Rosen, 1986). As abordagens conceptuais e metodológicas, utilizadas neste campo, foram caracterizadas como modelares e prototípicas para a compreensão de problemas clínicos em crianças e jovens, bem como para novas perspectivas paradigmáticas sobre a psicopatologia em geral (Hammen, 1992). O tempo presente é, por isso, de risco para um estudo empírico integrativo sobre depressão em crianças e adolescentes, mas é também entusiasmo pelas possibilidades e novidades que encerra. É um tempo de criatividade, de debate e de procura de novos enquadramentos e novos sentidos - porque é na controvérsia que se constrói a aventura conhecimento. A história da ciência é bem exemplificativa de como o conflito entre sistemas de conhecimento é vital oara estimular e consolidar avanços na na compreensão do mundo (Kuhn, 1962); é por isso meu desejo que este trabalho possa, de alguma forma, contribuir para lançar novos reptos aos estudiosos dos problemas afectivos e adiantar alguns passos no caminho que leva á sua compreensão; o meu objectivo primordial é, no entanto, que ele possa vir a servir para minimizar o sofrimento das crianças e jovens que os experienciam.
- Vulnerabilidade psicológica ao consumo ilícito de tóxicos na adolescênciaPublication . Geada, Manuel Luis de Carvalho, 1935-; Leal, Maria Rita Mendes, 1921-O objectivo do presente estudo é o de contribuir para o esclarecimento dos fenómenos psicológicos - afectivos e sóciocognitivos - implicados nos comportamentos socialmente desajustados, frequentes na adolescência, nomeadamente o desinteresse pelo trabalho escolar e o consumo ilícito de drogas. São discutidas algumas perspectivas teóricas mais relevantes e analisados dados empíricos por nós obtidos num estudo transversal com sujeitos dos 12 aos 18 anos. Pretende-se obter uma compreensão dos factores internos (relacionais) e externos (interaccionais) envolvidos no processo de ajustamento ou desajustamento psicosocial de modo a possibilitar uma intervenção psicológica que promova um desenvolvimento sócio-afectivo harmonioso, ou que eventualmente diminua preventivamente a incidência de comportamentos socialmente desaprovados. O quadro teórico da presente dissertação postula que a organização e o desenvolvimento dos afectos decorrente das fases precoces de separação-individuação por M.Mahler et al (1975) é determinante no ajustamento psicosocial e na adaptação posterior dos pré-adolescentes e adolescentes às tarefas próprias da sua idade. Por outro lado, defende-se que as experiências relacionais com as figuras parentais ou outras figuras importantes para o jovem, só são organizantes de um ponto de vista do desenvolvimento psicológico se compreendem um padrão de interacção comunicativa em que a ressonância afectiva constitua o veículo da confirmação do próprio e da sua busca inata de diálogo (Leal 1974). Postula-se, e procura-se mostrar, que é a organização das experiências afectivas, ligadas ao processo de separação-individuação na infância precoce - nomeadamente as vicissitudes da equilibração das pulsões libidinais e agressivas e a formação do objecto interno, cujos traços seriam observáveis na adolescência - que em última análise determina no indivíduo a evolução e estruturação das representações cognitivas do seu 'sistema do self", nomeadamente o seu auto-conceito (Piers-Harris 1986), o seu sentido interno de coerência (Antonovsky 1987), assim como o seu padrão afectivo-relacional (Leal & Geada 1990). Defende-se, no entanto, que a percepção que o sujeito tem do clima familiar em que se encontra inserido (Moos 1975) - especialmente a forma de organização interna familiar, a frequência de conflitos interfamiliares , o nível de controlo sobre os comportamentos dos filhos, a maior ou menor adesão a princípios ético-religiosos, ««gim como o efeito da presença ou ausência da figura paterna - interfere inevitavelmente na vivência libidinal e agressiva dos impulsos, assim como no padrão relacional interpessoal com os companheiros ou outros adultos, e tem reflexos importantes no auto-conceito, na auto-estima e de modo geral no "sistema do self". Consequentemente, seria a específica constelação daquelas estruturas do "sistema do self, interactivas entre si e com a dinâmica do clima familiar que explicaria finalmente o nível de ajustamento sócio-emocional dos adolescentes e o seu grau de adaptação social e familiar. Por outro lado, tendo em conta estudos recentes que confirmam a influência preponderante dos grupos de pares (peers) na iniciação e habituação do consumo ilícito de tóxicos (Oetting & Beauvais 1986;1987) procura-se mostrar que a atracção do adolescente pelos grupos de adolescentes desafiadores e transgressores das normas sociais - e geralmente consumidores de drogas ilícitas - é determinada antes de mais pela resolução menos satisfatória do processo de separação-individuação na sua revivência conflitual na adolescência (Blos 1967), na qual se hipotetiza haver uma predominância da agressividade sobre a libido na economia das pulsões instintuais expressa por sinais de prematura separação e distanciamento emocional às figuras parentais. Assim, seria este desequilíbrio pulsional, perturbador da consolidação de um bom objecto interno, que atrairia o pré-adolescente (por um mecanismo identificatório e de gratificação vicariante) para o convívio de um grupo desafiador e transgressor acabando desse modo por ser socializado nele e induzido à experimentação e consumo ilícito de tóxicos. Contudo, outros comportamentos igualmente desadaptados na adolescência - como o desinteresse pelo trabalho académico e o consequente insucesso escolar - parecem também ser reflexo deste desequilíbrio das pulsões libidinais e agressivas no processo de separação-individuação na adolescência. No entanto, diferentemente dos adolescentes consumidores de drogas, o padrão afectivo associado ao insucesso escolar parece indicar o predomínio da libido sobre a agressividade traduzido em maior imaturidade emocional e relacional. Oito hipóteses decorrentes deste enquadramento teórico foram objecto de testagem empírica numa amostra de adolescentes (n= 1030) com idades dos 12 aos 18 anos frequentando diversas instituições do ensino secundário do país. Os resultados encontrados apoiam substancialmente as hipóteses avançadas, tendo-se verificado que os adolescentes que se iniciam no uso das drogas estão significativamente mais distantes das figuras parentais, são mais agressivos e mais narcisistas que os adolescentes não consumidores do drogas, revelando globalmente uma maior conflitualidade e ambivalência no seu processo de separação-individuação na adolescência. Por outro lado, a posição intermédia observada do grupo de adolescentes não-consumidores (mas com amigos consumidores) nas variáveis relevantes do processo de separação-individuação, entre o grupo de consumidores e o grupo de controlo (não-consumidores e sem amigos consumidores), sugere ser o conflito em tomo da separação-individuação um factor determinante da adesão dos adolescentes (ainda não-consumidores) aos grupos de consumidores. Assim, de modo geral, os resultados deste estudo empírico apoiam a posição teórica defendida na presente dissertação de que a entrada no consumo ilícito de drogas na adolescência está estreitamente associada à resolução menos boa do processo de separação-individuação nesta fase do ciclo vital humano, vulnerabilizando o adolescente para estes comportamentos problemáticos. A permanência do adolescente no hábito de consumo ilícito de tóxicos e a sua fixação como toxicodependência crónica não é abordada nesta dissertação pois só um estudo longitudinal o permitiria. No entanto, tomando como dado assente que a porta de entrada na toxicodependência é a experimentação e o uso de tóxicos ilícitos (leves) na adolescência, a identificação dos factores psicológicos e sócio-familiares associados a essa iniciação pode constituir uma contribuição importante para caracterizar o futuro toxicodependente, o que se procurará pôr em evidencia através das implicações clínicas e preventivas do presente estudo.