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Abstract(s)
Tendo sido, historicamente, negligenciada por teóricos,
investigadores e clínicos, a temática das manifestações depressivas antes
da vida adulta veio a demonstrar-se, nos últimos 20 anos,
progressivamente mais relevante nos campos da psicologia clínica e da
psiquiatria da infância e adolescência (e.g. Clarizio, 1989; Cole, 1991;
KashaJii et al., 1992; Kovacs, 1989; Petersen et aJ., 1993; Reineckle, 1992;
Sanns et al., 1991; Schwartz & Schwartz, 1993; Trad, 1986). A atenção
conferida veio mesmo a permitir-lhe ocupar imi dos lugares de liderança na
investigação das perturbações psicológicas das populações mais jovens
(Finch & Rogers, 1984; Kazdin, 1989). Recentemente, ultrapassou estes
domínios clínicos e começou a ser reconhecida como um importante objecto
de estudo no campo educacional (Epstein & Cullinan, 1986; Lasko, 1986;
Maag & Forness, 1991; Reynolds, 1985).
Uma análise do domínio mostra assim que, após muitos anos de
aridez conceptual e empírica, o tema viria a gozar de grande popularidade junto da comunidade científica, na sequência do surgimento de um conjunto
de factores teórico-metodológicos que marcariam profundamente a sua
história. A influência desses factores desencadearia rápidas e profundas
mudanças na forma de definir e encarar o fenómeno e colocaria novas
questões, limitações e perspectivas as quais, por sua vez, criariam a
necessidade de mais estudos, abrangentes e clarificadores.
A valorização actualmente atribuída ao tema pode ser
testemunhada pela quantidade e qualidade da produção literária, teórica e
empírica. Se atendermos à diversidade de paradigmas descritivos e
explicativos surgidos nos últimos anos e ao aumento notável de pesquisa
concretizadas poderemos, no momento presente, qualificar o crescimento da
área das manifestações depressivas da infância e adolescência com
verdadeiramente explosivo. No entanto, esta evolução, rápida
exponencial, tem vindo a cobrar dividendos, fazendo deste tema um
domínio rico em desacordos e em desafios científicos, onde reinam
intrincados enredos teóricos, múltiplas dificuldades metodológicas
ausência de sínteses pragmáticas (Petersen et al., 1993).
Doutra perspectiva, a importância das manifestações
depressão nas fases pré-adultas da vida, pode também ser visível no
impacto que os seus estudos têm tido sobre as formas de entender o normal
e o patológico (Petti, 1989; Cicchetti & Schneider-Rosen, 1986). As
abordagens conceptuais e metodológicas, utilizadas neste campo, foram
caracterizadas como modelares e prototípicas para a compreensão de
problemas clínicos em crianças e jovens, bem como para novas perspectivas
paradigmáticas sobre a psicopatologia em geral (Hammen, 1992).
O tempo presente é, por isso, de risco para um estudo empírico
integrativo sobre depressão em crianças e adolescentes, mas é também
entusiasmo pelas possibilidades e novidades que encerra. É um tempo de
criatividade, de debate e de procura de novos enquadramentos e novos
sentidos - porque é na controvérsia que se constrói a aventura
conhecimento.
A história da ciência é bem exemplificativa de como o conflito entre sistemas
de conhecimento é vital oara estimular e consolidar avanços na
na compreensão do mundo (Kuhn, 1962); é por isso meu desejo que este
trabalho possa, de alguma forma, contribuir para lançar novos reptos aos
estudiosos dos problemas afectivos e adiantar alguns passos no caminho
que leva á sua compreensão; o meu objectivo primordial é, no entanto, que
ele possa vir a servir para minimizar o sofrimento das crianças e jovens
que os experienciam.
Description
Tese de doutoramento em Psicologia (Psicoterapia e Aconselhamento) apresentada à Universidade de Lisboa através da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação, 1995
Keywords
Tratamento e prevenção Psicologia clínica Depressão Adolescentes Crianças Teses de doutoramento - 1995