Estudo histórico e proposta de reabilitação da Quinta de Valflores, Loures

Abstract

O concelho de Loures, localizado entre Lisboa e Vila Franca de Xira, apresenta um conjunto de características que, juntamente com a proximidade com o rio Tejo, promovem, desde épocas longínquas, condições ideais para a fixação de população. Como tal, desde o século XVI, que esta região constituí uma das áreas eleitas para o estabelecimento de quintas nos arredores de Lisboa como local de lazer e recreio. É o caso da Quinta de Valflores, uma quinta de recreio renascentista edificada a mando de Jorge de Barros (?-1562) em meados do século XVI, na povoação de Santa Iria da Azóia. Com mais de quatro séculos de história, esta propriedade que experienciou períodos de construção, transformação e de muita degradação, conseguiu chegar até nós e mantém o seu carácter patrimonial. Apesar de reduzida a uma área de aproximadamente 4,5 hectares, devido à pressão urbanística na sua envolvente, e abandonada durante anos, esta quinta preserva os elementos mais característicos das quintas de recreio em Portugal, a casa nobre/palácio, o sistema hidráulico e o terreno em socalcos, onde se desenvolvia o jardim. Adquirida, em 2005, pela Câmara Municipal de Loures, num estado avançado de degradação, apenas em 2018 se deu início ao Projecto de Reabilitação do Palácio, dividido em três fases. As duas últimas fases estão em curso e dizem respeito ao restauro das coberturas e resolução da drenagem de água da quinta e ao restauro completo de cada divisão da casa senhorial, respectivamente. A presente dissertação tem como principal objectivo o estudo da história deste património e a elaboração de um Plano Director de Reabilitação, de acordo com os princípios e normas de intervenção em jardins históricos, e promover a ligação entre a Quinta de Valflores e a frente ribeirinha, de modo a valorizar e dinamizar este local de elevado valor patrimonial.

The Loures municipality, located between Lisbon and Vila Franca de Xira, presents a set of characteristics, that when they are combined with the proximity to the Tejo river, has served to promote ideal conditions for the fixation of population since ancient times. As such, since the 16th century, this region constitutes one of the areas that are elected for the establishment of farms as place of leisure and recreation in the outskirts of Lisbon. This is the case of the Quinta de Valflores, a renaissance ornamental farm built due to an order by Jorge de Barros (? – 1562) in the mid of the 16th century, in Santa Iria da Azóia village. With over four centuries of history, this property experienced periods of construction, transformation, and a lot of degradation, has managed to reach the present times and maintain its patrimonial character. Although its area was reduced to approximately 4.5 hectares, due to the urbanistic pressure surrounding it, and the fact that it was abandoned for various years, the Quinta de Valflores maintains the most characteristic elements of ornamental farm in Portugal, such as the noble/palace house, the hydraulic system and the terraced terrain, where the garden was developed. Bought in 2005, by the Town Hall of Loures, in an advanced state of degradation, the Project to Rehabilitate the Palace only started in 2018 and was divided in three phases. The last two phases are in progress and concern the restoration of the coverages, resolution of the water drainage of the farm and the complete restoration of each division of the manor house, respectively. The main objective of this dissertation is the study of the history of the heritage and the elaboration of a master rehabilitation plan, in accordance to the principles and norms of the interventions in historical gardens, to promote the connection between the Quinta de Valflores and the riverfront, in order to value and dynamize the great patrimonial value that this place has.