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Jesus, apocalyptic prophet or mythologoumenon?

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Abstract(s)

Was Jesus of Nazareth a historical figure? When performing a horizontal reading of the Canonical Gospels, the contradictions that surface while comparing their narratives are significant. If we cannot know for sure what is the true history of Jesus, how can we even be sure that he ever existed? This thesis aims to offer an exploration of the scholarly views of the historicity of Jesus of Nazareth. Starting from a base of ten New Testament scholars, this work seeks to understand the reconstruction of the traditions of Jesus that are more likely to go back to the period Jesus supposedly lived. I will also try to understand if the story of Jesus is more likely to be part of history, to be a legend, or to be a body of myths with little connection to reality. Following said analysis, I examine some of the problems related to the life of Jesus to which we do not yet have an answer or whose answers are not satisfactory. Lastly, I gather a collection of arguments for and against the idea of Jesus as a character of history, as a legendary figure, and as a mythological being.
Terá Jesus da Nazaré sido uma personagem histórica? Ao ler horizontalmente os evangelhos canónicos, as contradições que surgem quando a comparação entre livros bíblicos é feita são significativas. Se não podemos ter a certeza qual é a verdadeira história de Jesus, como podemos ter a certeza de que Ele existiu? Esta dissertação tem como objectivo uma análise explorativa dos pontos de vista académicos da historicidade de Jesus. Neste trabalho começo por analisar o estado-da-arte das investigações sobre o Jesus histórico desde os seus primórdios, há mais de duzentos anos, até aos dias de hoje. A história da investigação sobre o Jesus histórico tem lugar quando começaram a ser aplicados métodos críticos e históricos aos relatos bíblicos sobre Jesus, o que levou eventualmente a um progresso significativo nos estudos de Novo Testamento, criando novas formas de pensar Jesus da Nazaré, que continua a evoluir até aos dias de hoje. Grande parte da comunidade académica que estuda o Novo Testamento defende que estaremos agora a entrar no quarto período da história da investigação do Jesus histórico. O novo período aponta para uma maior atenção nas intenções de Jesus e no que ele esperava alcançar com seu ministério. Com os métodos de pesquisa actuais a ficarem desactualizados, procura-se neste novo período da investigação sobre o Jesus histórico uma nova metodologia mais alinhada com os métodos de investigação histórica, recorrendo assim a uma análise mais interdisciplinar com o auxílio de outras áreas como a arqueologia, antropologia e sociologia, entre outras. Tentei também compreender se é mais provável que narrativa de Jesus faça parte da História, seja uma lenda, ou faça parte de um corpo de mitos, cuja ligação à realidade é discutível. Nesta secção do meu trabalho, exploro as definições dos termos de historicidade que se possam aplicar tanto a Jesus como à sua narrativa. As definições de histórico, lendário e mítico podem variar consoante os autores. Como tal nesta secção eu indico qual o significado que considero mais correcto para estes termos e como são aplicáveis a Jesus da Nazaré. Nesta secção começo por analisar a distinção entre os termos historic e historical de acordo com John P. Meier. Segue-se a definição de legend e legendary, um termo que pode ser, segundo vários autores, usado como sinónimo de myth e mythological. Outros autores preferem distinguir entre legend/legendary e de myth/mythological, o que é a abordagem usada nesta dissertação. Quanto à última categoria, explico que, ao contrário do significado de lenda, um mito está mais relacionado com algo que não faça parte da realidade e sim de uma ideia um universo ficcional. Neste subcapítulo analiso a origem grega da palavra usando os trabalhos de Mircea Eliade e Raimon Panikkar, entre outros, para as definições de myth e mythologumenon. Segue-se uma secção onde, partindo de uma base de dez académicos de Novo Testamento, este trabalho procura fazer um estudo da reconstrução das tradições de Jesus com maior probabilidade de ter surgido aquando da sua vida. Estes investigadores -- Morton Smith, Ben Witherington III, John Dominic Crossan, E.P. Sanders, Bart D. Ehrman, Dale Allison Jr., Burton L. Mack, Adela Yarbro Collins, Robert M. Price e Maurice Casey -- defendem várias posições distintas entre eles sobre a vida de Jesus da Nazaré. Apesar de a maioria concordar em vários aspectos (Jesus teria sido um curandeiro e um professor, um orador carismático, um pupilo de João Baptista que mais tarde terá tido os seus próprios seguidores, terá sido condenado à morte por Pôncio Pilatos e morrido crucificado, etc.). Acima de tudo, quase todos os estudiosos concordam que Jesus terá sido alguém que pregava a chegada iminente do Reino de Deus e a transformação radical da sociedade. No entanto, as opiniões acabam por eventualmente divergir. Para Yarbro Collins, James Allison Jr., Maurice Casey, E.P. Sanders e Bart D. Ehrman, Jesus seria um profeta apocalíptico. Outros autores defendem que Jesus não seria necessariamente um profeta apocalíptico. Ben Witherington III argumenta que Jesus terá sido um sábio, potencialmente a encarnação humana do conceito de “sabedoria”; John Dominic Crossan e Burton L. Mack defendem que Jesus terá sido um filósofo cínico; e Morton Smith argumenta que o conceito de “mágico” se poderá aplicar à figura de Jesus da Nazaré. Por fim, Robert G. Price afirma que o caso mais provável é que Jesus da Nazaré não tenha existido de todo. Segue-se uma secção onde debato três questões ainda em aberto em relação a Jesus de Nazaré. Na primeira questão analiso o cálculo da data da crucifixão ao cruzar dados astronómicos sobre um possível eclipse e dados geológicos sobre a provável ocorrência de um sismo na Judeia do século I que tenha sido sentido em Jerusalém. Os Evangelhos Sinópticos colocam a crucifixão no dia seguinte à Última Ceia, durante a festa da Páscoa judaica (15 de Nisan), enquanto o Evangelho de João a coloca no dia anterior (14 de Nisan). Na segunda questão, interrogo-me se terá tido um nome diferente à nascença, tendo apenas adoptado o nome Yěhôšûa mais tarde na sua vida, potencialmente durante o seu ministério ou se os pais de Jesus realmente decidiram atribuir-lhe um nome teóforo. Na terceira questão tento compreender quais de entre os milagres atribuídos a Jesus nos Evangelhos Canónicos são passíveis de ter sido de facto efectuados pelo nazareno. Os relatos bíblicos de Jesus referem que este terá praticado uma grande variedade de milagres que envolviam a cura de pessoas, a exorcismos, a acções que desafiavam as leis da natureza. Esta secção inclui uma tabela com todos os milagres que Jesus executa ao longo dos quatro evangelhos canónicos. Em análise está até que ponto um registo de uma acção sobrenatural poderá ser fidedigno e ser visto como um evento histórico. Como podem estas acções sobrenaturais ter ocorrido no nosso mundo natural? Ao todo, o Evangelho de Marcos tem quatro instâncias onde ocorrem exorcismos, dez onde são curadas pessoas e quatro milagres onde Jesus interage sobrenaturalmente com a natureza; O Evangelho de Mateus apresenta quatro exorcismos, dez curas milagrosas e quatro de interacção com a natureza; Lucas apresenta, como Marcos e Mateus (apesar de não serem todos exactamente os mesmos) quatro exorcismos, doze curas milagrosas e três milagres “naturais.” Por fim, o Evangelho de João apresenta uma lista bastante diferente dos sinópticos, ao não descrever nenhum exorcismo, quatro curas e três milagres “naturais.” O objetivo da terceira secção do meu trabalho é reunir argumentos para as três categorias da historicidade de Jesus, ou seja, de argumentos a favor e contra a ideia de Jesus como personagem da história, como figura lendária e como ser mitológico. Nesta secção faço uma recolha de argumentos de vários autores como E.P. Sanders, Bart D. Ehrman, Maurice Casey, John Dominic Crossan, Richard Carrier e Robert M. Price. Estes argumentos abrangem uma grande variedade de tópicos. Desde argumentos sobre fontes bíblicas, a morte de Jesus na cruz, escritos de Flávio Josefo sobre Paulo de Tarso e Tiago, o irmão de Jesus, contradições bíblicas, elementos ficcionais e sobrenaturais presentes na Bíblia e relação entre o Novo e o Antigo Testamentos. Embora a historicidade de Jesus seja amplamente reconhecida pela grande maioria dos estudiosos de Novo Testamento e historiadores, a verdade é que existe um debate entre quem defende que Jesus é uma personagem histórica e quem defende a posição miticista, isto é, quem argumenta que Jesus não passa de uma personagem literária sem base no mundo real.

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Jesus Cristo - Biografias - Fontes Jesus Cristo - Historiografia Jesus Cristo - Historicidade Bíblia - Crítica e exegese Lendas e história Teses de mestrado - 2023

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