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Abstract(s)
Este capítulo explora as relações entre o discurso da justiça e a prática
do ritual no governo colonial português em Timor-Leste, entre a segunda
metade do século XIX e as primeiras décadas do século XX. O objecto de
análise é uma instituição singular do governo colonial neste pequeno território,
onde os portugueses se encontravam estabelecidos desde longa
data.1 Refiro-me ao complexo designado por bandos, as ordens e instruções
de comando emanadas pelo governador português em Díli para as
populações dos diversos reinos timorenses dispersos pelo país. A importância
do discurso no desenho de relações coloniais de poder – e, bem
assim, em contraponto, de relações de resistência ou subversão a esse
poder – tem constituído um tema central na antropologia e nos estudos do colonialismo. Contudo, a dominância de definições estritamente linguísticas
ou literárias do objecto de análise neste campo de estudos tem
deixado na sombra um importante aspecto das formações discursivas do
colonialismo, a saber: a inscrição material e ritual dos discursos coloniais,
sem a qual a força política da linguagem dificilmente se compreende.
Nos estudos pós-coloniais, em especial, vêm imperando abordagens, que,
na esteira de autores como Edward Said ou Homi Bhabha, tendem a restringir
o estudo da palavra «colonial» às manifestações internas às estruturas
literárias, retóricas e linguísticas dos textos. O textualismo destas
análises do discurso colonial, como bem observou Robert J. C. Young,
falha em não considerar as materialidades do discurso e, logo, do próprio
colonialismo. Paradoxalmente, porém, este foi um aspecto central ao
fecundo trabalho de Michel Foucault, autor que serviu de principal inspiração
à vaga de estudos sobre discurso na crítica pós-colonial
Description
Keywords
Timor-Leste Governo colonial
Pedagogical Context
Citation
Roque, R. (2016). A voz dos bandos: colectivos de justiça e ritos da palavra portuguesa em Timor-Leste colonial (séculos XIX-XX). In A. B. Xavier & C. N. da Silva (Orgs), O governo dos outros: poder e diferença no império português, pp. 235-263. Lisboa: ICS. Imprensa de Ciências Sociais
