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Research Project

Colonial mimesis in Lusophone Asia and Africa

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A voz dos bandos: colectivos de justiça e ritos da palavra portuguesa em Timor-Leste colonial (séculos XIX-XX)
Publication . Roque, Ricardo
Este capítulo explora as relações entre o discurso da justiça e a prática do ritual no governo colonial português em Timor-Leste, entre a segunda metade do século XIX e as primeiras décadas do século XX. O objecto de análise é uma instituição singular do governo colonial neste pequeno território, onde os portugueses se encontravam estabelecidos desde longa data.1 Refiro-me ao complexo designado por bandos, as ordens e instruções de comando emanadas pelo governador português em Díli para as populações dos diversos reinos timorenses dispersos pelo país. A importância do discurso no desenho de relações coloniais de poder – e, bem assim, em contraponto, de relações de resistência ou subversão a esse poder – tem constituído um tema central na antropologia e nos estudos do colonialismo. Contudo, a dominância de definições estritamente linguísticas ou literárias do objecto de análise neste campo de estudos tem deixado na sombra um importante aspecto das formações discursivas do colonialismo, a saber: a inscrição material e ritual dos discursos coloniais, sem a qual a força política da linguagem dificilmente se compreende. Nos estudos pós-coloniais, em especial, vêm imperando abordagens, que, na esteira de autores como Edward Said ou Homi Bhabha, tendem a restringir o estudo da palavra «colonial» às manifestações internas às estruturas literárias, retóricas e linguísticas dos textos. O textualismo destas análises do discurso colonial, como bem observou Robert J. C. Young, falha em não considerar as materialidades do discurso e, logo, do próprio colonialismo. Paradoxalmente, porém, este foi um aspecto central ao fecundo trabalho de Michel Foucault, autor que serviu de principal inspiração à vaga de estudos sobre discurso na crítica pós-colonial
"Seria preciso que a selvageria se me pegasse": Afonso de Castro e a "festa das cabeças" em Timor colonial
Publication . Roque, Ricardo
Neste artigo investigo as transações coloniais entre “civilização” e “barbárie” através da análise da controvérsia sobre a participação do governador de Timor, Afonso de Castro, na chamada “festa das cabeças”, cerimónia associada à celebração de vitórias guerreiras e decapitação de inimigos em Timor Leste, em 1861. Exploro de uma perspetiva dupla, interligada, o mimetismo colonial do governador nesta “selvajaria” ritual. Por um lado, abordo o mimetismo enquanto relação vivida com o espaço envolvente, um modo prático de entrega do sujeito às circunstâncias do rito, marcado pela tensão entre a assimilação ao meio e a demarcação da diferença. Por outro lado, concebo-o enquanto relação inscrita numa racionalidade política de tipo parasitário, com vista à governação colonial. Por conseguinte, argumento que o mimetismo colonial encontra no parasitismo a expressão da sua produtividade política.
O governo da linguagem cerimonial: costume etiqueta no Timor-Leste colonial
Publication . Roque, Ricardo
Este ensaio explora o elevado significado adquirido por antigos costumes e cerimoniais na gestão de poder, status e autoridade socio-política em Timor-Leste, com especial enfoque no período compreendido entre as décadas de 1850 e 1910. Argumenta-se que, em Timor colonial, a cerimonialidade formava a linguagem e a tecnologia através da qual a autoridade político-jural Portuguesa e Timorense se constituía e se exercia nas interacções coloniais. A cerimonialidade garantia o exercício do comando assim como a comunicação social entre os actores coloniais portugueses e os povos e as classes dirigentes timorenses, numa diversidade de situações: durante interacções pacíficas e conjuntivas, mas também, e de modo importante, em ocasiões de tensão política, conflito, ou violência física iminente.
Mimetismos coloniais no império português
Publication . Roque, Ricardo
Este artigo oferece uma síntese original do estudo sobre o fenómeno diverso e plural do mimetismo colonial no espaço do império português. A partir do conjunto de pesquisas reunido no dossiê temático “Mimetismos coloniais: história e teoria no império português”, o artigo propõe um programa de investigação que, através do olhar cruzado da antropologia e da história, privilegia o estudo do mimetismo como gesto, como materialidade e como teoria de colonização. O texto considera dois principais desafios teóricos e críticos a este programa. Por um lado, o de suplantar as limitações do binómio “mimese e resistência” na análise antropológica do fenómeno; por outro lado, o de evitar as armadilhas ideológicas dos discursos comuns sobre o mimetismo colonial dos portugueses, oscilando entre a denúncia dos seus vícios e a celebração das suas virtudes
"No género de construções cafreais": o hospital-palhota como projecto colonial
Publication . Bastos, Cristiana
Este artigo contribui para as discussões sobre mimetismos coloniais analisando alguns projectos de equipamentos de saúde propostos para Angola e Moçambique no século XX. Partindo de uma imagem de baixa resolução que retrata um modelo tridimensional de “hospital-senzala”, o artigo analisa o objecto representado, as circunstâncias políticas em que foi produzido, exibido, ignorado e patrimonializado, contextualizando-o na intenção trazer o hospital às populações indígenas através de uma imitação das suas estruturas habitacionais – tal como formularam alguns dos médicos coloniais dos anos 1920.

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Fundação para a Ciência e a Tecnologia

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3599-PPCDT

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PTDC/CS-ANT/101064/2008

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