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A (des)necessidade de uma lei para a arbitragem administrativa
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A arbitragem é um instituto tradicionalmente ligado ao Direito Privado. No entanto, nas últimas décadas, de forma absolutamente inovadora, o legislador português foi progressivamente admitindo o recurso à arbitragem para a resolução de litígios jurídico-administrativos.
Tal admissibilidade não foi isenta de dúvidas e incertezas, o que bem pode ser demonstrado pelas constantes alterações da regulação jurídica da arbitragem administrativa no Código de Processo nos Tribunais Administrativos (Lei n.º 15/2002, de 22 de fevereiro, com a redação atual) por oposição à imutabilidade da Lei da Arbitragem Voluntária (Lei n.º 63/2011, de 14 de dezembro), assim como do Regime Jurídico da Arbitragem em Matéria Tributária (Decreto-Lei n.º 10/2011, de 20 de janeiro).
O trabalho analisa a evolução do regime jurídico da arbitragem administrativa, passando depois a apreciar as opções do legislador português quanto às especificidades da arbitragem de direito administrativo (designadamente, litígios arbitráveis, legitimidade dos contrainteressados, posição do Ministério Público, estatuto dos árbitros, critério de decisão arbitral, publicidade das decisões arbitrais, recurso para os tribunais estaduais das decisões arbitrais e institucionalização da arbitragem). Por fim, apresenta-se uma reflexão crítica sobre o regime consagrado no Código do Processo nos Tribunais Administrativos e concluiremos sobre a necessidade (ou não) de uma Lei da Arbitragem Administrativa Voluntária, ou seja, se, de iure condendo, o legislador deveria aprovar um diploma autónomo sobre arbitragem administrativa (acolhendo uma solução semelhante à arbitragem tributária e à arbitragem de direito privado) ou se deveria manter a opção atual de regular as especificidades da arbitragem administrativa no Código de Processo nos Tribunais Administrativos, aplicando subsidiariamente a Lei da Arbitragem Voluntária, com as necessárias adaptações.
Arbitration is an institute traditionally associated with Private Law. However, in the last few decades, in an absolutely innovative way, the Portuguese legislator has gradually admitted the use of arbitration for the resolution of administrative disputes. Such admissibility is not exempt from doubts and uncertainties, which can be demonstrated by the constant revisions to the Procedure Code of Administrative Courts (Law No. 15/2002, of 22 February), as opposed to the immutability of the Voluntary Arbitration Law (Law no. 63/2011, dated 14 December), as well as the Tax Arbitration Law (Decree-Law no. 10/2011, dated 20 January). Thus, in our thesis, we will analyze the evolution of the legal regime of administrative arbitration, going on to analyzing the options of the Portuguese legislator regarding the specifics of administrative law arbitration (namely, arbitrability, interested parties, the position of the Public Prosecution, the status of arbitrators, criteria of arbitration decision, publicity of arbitration decisions, appeal to the state courts of arbitration decisions and institutionalization of arbitration). Finally, we will analyze the regime of in the Procedure Code of Administrative Courts and conclude on the need (or not) for an Administrative Voluntary Arbitration Law, that is, if, de iure condendo, the legislator should approve an autonomous law on administrative arbitration (welcoming a solution similar to tax arbitration and private law arbitration) or if the current option of regulating the specifics of arbitration in the Procedure Code of Administrative Courts, subsidiarily applying the Voluntary Arbitration Law, with the necessary adaptations, should be maintained.
Arbitration is an institute traditionally associated with Private Law. However, in the last few decades, in an absolutely innovative way, the Portuguese legislator has gradually admitted the use of arbitration for the resolution of administrative disputes. Such admissibility is not exempt from doubts and uncertainties, which can be demonstrated by the constant revisions to the Procedure Code of Administrative Courts (Law No. 15/2002, of 22 February), as opposed to the immutability of the Voluntary Arbitration Law (Law no. 63/2011, dated 14 December), as well as the Tax Arbitration Law (Decree-Law no. 10/2011, dated 20 January). Thus, in our thesis, we will analyze the evolution of the legal regime of administrative arbitration, going on to analyzing the options of the Portuguese legislator regarding the specifics of administrative law arbitration (namely, arbitrability, interested parties, the position of the Public Prosecution, the status of arbitrators, criteria of arbitration decision, publicity of arbitration decisions, appeal to the state courts of arbitration decisions and institutionalization of arbitration). Finally, we will analyze the regime of in the Procedure Code of Administrative Courts and conclude on the need (or not) for an Administrative Voluntary Arbitration Law, that is, if, de iure condendo, the legislator should approve an autonomous law on administrative arbitration (welcoming a solution similar to tax arbitration and private law arbitration) or if the current option of regulating the specifics of arbitration in the Procedure Code of Administrative Courts, subsidiarily applying the Voluntary Arbitration Law, with the necessary adaptations, should be maintained.
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Keywords
Direito administrativo Arbitragem administrativa Revisão Legislativa Lei da Arbitragem Voluntária Administrativa Código do Processo nos Tribunais Administrativos Tribunal arbitral Teses de mestrado - 2021