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Authors
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Abstract(s)
O objetivo desta dissertação é mostrar o processo de aprendizagem de um estudante intérprete
num curso de interpretação de conferências. Tentei com este trabalho mostrar como a metodologia
nos cursos de interpretação se aplica na prática. Dado que o foco da maioria dos trabalhos de
investigação está na perspectiva dos formadores, entretanto o objetivo principal desta dissertação é
descrever a perspectiva do estudante.
No primeiro capítulo desta dissertação descrevi a história da interpretação e o
desenvolvimento da profissão na União Europeia. A interpretação de línguas começou a usar-se há
muitos séculos atrás (a palavra intérprete foi mencionada pela primeira vez no ano 3000 antes do
Cristo).
Os intérpretes ajudavam nas relações comerciais, nas viagens e explorações marítimas, na
propagação da religião. Depois da Primeira Guerra Mundial, Estados Unidos, Itália, Grã-Bretanha e
França precisavam de intérpretes para estabelecer as condições de paz na Conferencia de Paz de
Paris em 1919. Com a fundação da Liga das Nações em 1920, a interpretação consecutiva começou
a ser usada como método direto de tradução nas reuniões.
Nas instituições como a Organização Internacional do Trabalho, havia a necessidade para um
modo de interpretação mais rápido e um sistema que incluísse também mais línguas. Foi como
surgiram as primeiras tentativas de interpretação simultânea.
Em 1941 em Genebra, Suíça, abriu-se o primeiro curso de interpretação para responder às
necessidades do mercado. A interpretação simultânea como hoje a conhecemos surgiu durante os
julgamentos de Nuremberg. De acordo com o Estatuto dos julgamentos de Nuremberga, todos os
participantes tinham direito de falar e seguir o julgamento na sua língua materna e para esse efeito
foram contratados os primeiros intérpretes simultâneos.
Ainda no primeiro capítulo desta dissertação, descrevi o trabalho dos intérpretes na União
Europeia. Igual que no julgamento de Nuremberga, na União Europeia todos os cidadãos têm
direito a ler todas as políticas e todas as decisões da União na sua língua materna. Podem,
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igualmente, ouvir as sessões plenárias do Parlamento Europeu na sua língua materna. Com vinte e
oito estados membros e vinte e quatro línguas oficiais, a União Europeia é hoje o maior mercado
para os intérpretes de conferências.
Duas direções gerais são responsáveis para os intérpretes nas instituições da União Europeia:
DG INTE no Parlamento Europeu e SCIC na Comissão Europeia. Tudo começou no ano 1952,
quando os primeiros seis estados membros decidiram criar a Comunidade Europeia de Carvão e do
Aço. Nessa altura já tinham um pequeno grupo de intérpretes que trabalhavam com quatro línguas.
Do ano de 1957 até o ano de 2013, uniram-se à União Europeia mais vinte e dois estados membros
com as suas respectivas línguas.
No segundo capítulo, descrevemos o processo de aprendizagem no caso dos estudantes
intérpretes. As características que definem se um indivíduo pode ser intérprete dependem da
universidade que oferece o curso de interpretação. Na dissertação são mencionados vários cursos,
tais como: EMCI European Master in Conference Interpreting, Universidade de Ottawa (Canadá) e
Monterey Institute of International Studies (Estados Unidos). Em geral, os exames de admissão
incluem vários exercícios de “divisão de atenção”1 nos intérpretes, um teste sobre os conhecimentos
da União Europeia e uma entrevista. Os cursos podem durar entre um e quatro anos mas a maioria
duram dois anos. No primeiro ano os estudantes aprendem a interpretação consecutiva e no
segundo, a simultânea.
A seguir, descrevemos o sistema de toma de notas. O mais importante é sempre ter presente
que na interpretação nós interpretamos ideias e portanto, torna-se relevante apontar partes das ideias
(palavras-chave, números, nomes, listas, tempos verbais e as ligações entre as ideias). São os
elementos-chave que deveriam ajudar ao estudante intérprete lembrar do discurso original e
produzir uma interpretação fiel ao original. Partes das ideias apontamos com a ajuda de símbolos e
abreviações.
Na interpretação simultânea estudantes intérpretes deveriam trabalhar com o mesmo
equipamento dos intérpretes profissionais: cabine com isolamento acústico, auriculares e microfone.
Nas primeiras fases da interpretação simultânea trabalha-se na “divisão de atenção”: os estudantes
1Como ao mesmo tempo ouvir o discurso original, a interpretar e controlar a interpretação.
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aprendem como ao mesmo tempo ouvir o discurso original, a interpretar e controlar a interpretação.
É um processo artificial que só se consegue fazer se o estudante tem um amplo vocabulário na sua
língua materna (língua A) e se tem um conhecimento profundo das línguas com as quais trabalha
(línguas B e C).
Para uma interpretação simultânea eficaz, o estudante pode usar várias estratégias. As
seguintes estratégias são conhecidas como estratégias de compreensão: antecipação,
contextualização, activação do conhecimento relevante, seleção da informação e espera. E as
estratégias de produção são a técnica Salami, simplificação, generalização, resumos, explicação e
uso dos elementos da prosódia.
À questão de números também foram dedicados vários parágrafos neste trabalho. Trata-se
duma questão muito falada entre os intérpretes. Porque fazemos tantos erros com os números?
Como resolvê-los no meio duma interpretação? Tentei dar respostas também a estas perguntas.
Erros na interpretação surgem frequentemente devido a vários factores: falta de experiência,
falta de conhecimento, rapidez do discurso original e etc. É claro que estudantes fazem mais erros
que os profissionais mas com tempo eles também desenvolvem estratégias para interpretarem
discursos diferentes e com tempo ganham experiência.
Ainda no segundo capítulo, apresentei como os intérpretes são avaliados e concluí que são os
clientes os que melhor julgam a qualidade da interpretação.
O terceiro capítulo é dedicado à aplicação na prática da metodologia descrita no segundo
capítulo da dissertação. Para o efeito foram escolhidos dois discursos da mesma autora: um para a
interpretação consecutiva e outro para a interpretação simultânea. Dividi os sub-capítulos em três
partes: preparação para a interpretação, a interpretação e a auto-avaliação.
Primeiro foi descrito o processo de preparação que inclui um mapa mental com palavras e
termos que poderiam surgir no discurso e dez minutos passados na Internet a pesquisar o tema e a
procurar os termos que poderiam surgir no discurso. Na segunda parte descrevemos a interpretação
consecutiva. Depois da transcrição ortográfica do discurso original, seguem os meus apontamentos
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e a interpretação para a língua Croata. Para o melhor entendimento, traduzi a interpretação para a
língua Inglesa. A auto-avaliação foi feita no último lugar. Depois da interpretação consecutiva,
segue a interpretação simultânea. O processo de preparação neste caso inclui também um mapa
mental e dez minutos passados na Internet a pesquisar sobre o tema do discurso. Foi feita uma
transcrição ortográfica do original junto com a interpretação para a língua Croata. A seguir traduzi a
interpretação para a língua Inglesa. No caso da interpretação simultânea, a auto-avaliação também
foi feita.
Com este trabalho quis mostrar, em primeiro lugar, como a profissão se desenvolveu no
tempo e qual é a importância que hoje tem. Quis juntar, também, todas as estratégias e tácticas que
um estudante intérprete aprende num curso de interpretação. Por último, o objetivo foi dar exemplos
concretos das interpretações de um estudante.
Penso que o trabalho será útil tanto para os estudantes como para os formadores porque une
ao mesmo tempo dois aspectos importantes dum curso qualquer: a parte teórica (muitas vezes
deixada de lado nos cursos de interpretação) e a parte prática. Os estudantes podem desta maneira
ver como uma colega sua aplica as técnicas e as estratégias tantas vezes mencionadas nos cursos de
interpretação. Os intérpretes formadores, por outro lado, podem analisar em pormenor a perspetiva
de uma estudante, o que também lhes poderia ajudar na futura formação de intérpretes.
Palavras-chave: interpretação de conferências, história da interpretação, estudante intérprete,
União Europeia, interpretação consecutiva e simultânea.
The aim of this research paper is to show the learning process of the student interpreter in a conference interpreting course. It focuses on the methodology used in interpretation courses and it shows how all the advice given to students is put into practice. Since most of the research papers focus on the trainers' perspective of the process, the main objective of this project is to describe the trainee's point of view. In the first chapter of this dissertation the beginnings of interpretation are described and how the profession evolved in the European Union institutions. The aim of most of the interpreting courses in Europe is to prepare students for the European Union institutions. That is why they are an important element in this dissertation project. In the second part the author describes the methodology according to which the students learn how to interpret consecutively and simultaneously. Several aspects of the learning process are analysed: the note-taking technique, symbols, abbreviations and the similar used in consecutive interpretation and equipment, strategies and tactics applied in simultaneous interpretation. The ways of general evaluation of both students and interpreters is also mentioned in this chapter. In the third and the last chapter, two case studies are presented. Both speeches are in Portuguese language and are interpreted into Croatian. The topics are related to the European Union. One of the speeches was written for consecutive interpretation and the other for simultaneous. The speeches and the interpretations are also analysed.
The aim of this research paper is to show the learning process of the student interpreter in a conference interpreting course. It focuses on the methodology used in interpretation courses and it shows how all the advice given to students is put into practice. Since most of the research papers focus on the trainers' perspective of the process, the main objective of this project is to describe the trainee's point of view. In the first chapter of this dissertation the beginnings of interpretation are described and how the profession evolved in the European Union institutions. The aim of most of the interpreting courses in Europe is to prepare students for the European Union institutions. That is why they are an important element in this dissertation project. In the second part the author describes the methodology according to which the students learn how to interpret consecutively and simultaneously. Several aspects of the learning process are analysed: the note-taking technique, symbols, abbreviations and the similar used in consecutive interpretation and equipment, strategies and tactics applied in simultaneous interpretation. The ways of general evaluation of both students and interpreters is also mentioned in this chapter. In the third and the last chapter, two case studies are presented. Both speeches are in Portuguese language and are interpreted into Croatian. The topics are related to the European Union. One of the speeches was written for consecutive interpretation and the other for simultaneous. The speeches and the interpretations are also analysed.
Description
Keywords
Tradução Teses de mestrado - 2015
