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Authors
Abstract(s)
This thesis aims to add to the existing literature tools for calibrating an macroprudential
instrument - the countercyclical capital buffer (CCyB) - and to assess an
implemented borrower-based measure - a limit to the debt service-to-income ratio
(DSTI) - in both a low and in an increasing and higher interest rate environment.
Macroprudential policy became relevant after the 2008 financial crisis, as systemic
risk - the accumulation of financial imbalances that led to excessive credit and
booming housing prices - was not adequately covered by existing resilience. This
interaction between risk and resilience is explored in the first chapters.
In the first chapter, the focus is on how ensuring enough resilience in the financial
system implies managing a trade-off between expected bank profitability and
downside risk in banks’ profitability. To describe this trade-off, a dynamic quantile
regression model using bank-level data for Portugal that links future bank
profitability to the current cyclical systemic risk environment net of the prevailing
level of capital-based resilience (residual cyclical systemic risk) is estimated. Results
indicate that an increase in cyclical systemic risk negatively affects the conditional
distribution of bank profitability at the medium-term projection horizon (11
to 16 quarters ahead), confirming the findings in the literature. At the same time,
the increase of capital-based resilience is found to counter the negative effects of
cyclical systemic risk on banks profitability in the same projection horizon. Using
these results, a novel calibration rule for the CCyB is defined, which is flexible
enough to accommodate different preferences of the policymaker and that factors
in the prevailing levels of cyclical systemic risk and capital-based resilience. This
rule targets downside risk in banks’ profitability: the CCyB rate should be enough
that all existing capital-based resilience (including the calibrated CCyB rate) can
absorb the effect of cyclical systemic risk on deviating a measure of downside risk
(in this case on the distance between the mean and the 10th percentile of banks
profitability distribution in the medium-term) from the policymaker’s target.
In the second chapter, evolutionary game theory is used to identify stable strategies
of cyclical systemic risk and targeted resilience through macroprudential policy,
specifically the CCyB. The model considers that each decision or interaction performed
in the financial system can be defined within the dichotomy risk-resilience
(either high or low) which receives a payoff. The payoffs are operationalized by
considering quantile regressions on banks’ profitability. The payoff of high or low
risk activities will be awarded based on their short-term impact on banks’ median
profitability and depending on the state of macroprudential policy. The payoff of
macroprudential policy will be assessed based on its medium-term impact on the
ii
tail of the profitability distribution and will depend on the state of cyclical systemic
risk. Both specifications also depend on the level of financial stress in the
system. Results show that there are two evolutionary stable strategies that depend
on the level of financial stress, i.e., two strategies that, when achieved, are robust
to small disturbances in the system. When financing conditions are good (financial
stress is low), cyclical systemic risk will tend to increase, as agents take advantage
of good conditions to engage in riskier activities; from a risk threshold onwards,
the benefits of tightening macroprudential policy (of increasing resilience) will
outweigh its costs. When financial stress is heightened, cyclical systemic risk will
materialize and the costs of having macroprudential policy will be higher than its
benefits, indicating a need to loosen the policy.
In the third chapter, the impact of the Portuguese DSTI limit on the distribution
of the loan service-to-income (LSTI) ratio for new household loans for house purchases
is assessed in both low and increasing interest rate environments. The
choice for assessing the impact on the LSTI ratio of new loans relies on the fact
that they will be both constrained by the DSTI limit and by rising interest rates.
The purpose of studying the effects over the distribution is that it is expected that
interest rates increases (driven by reference rates) will have a more significant
effect in increasing the number of loans given at a higher LSTI ratio, if no restriction
was in place, and so it can increase the right tail at a larger magnitude
than in the rest of the distribution. However, at the same time, because there is a
DSTI limit, the interest rate increase might induce households to take out smaller
loans or even exclude them entirely from the credit market, which can offset the
previous effect. In order to estimate the two effects, instrumental variable quantile
regressions are employed and the exceptions to the DSTI limit, foreseen in
the Portuguese Recommendation, are used as a potential counterfactual to explore
how differences between similar loans that belong to each one of the two groups
(exceptions and non-exceptions) impacts the conditional distribution of the LSTI
ratio. Results indicate that, in the absence of the DSTI limit, the LSTI distribution
could shift rightward, both before and after interest rates started to increase,
reflecting a higher financial burden on borrowers. The impact of the limit is more
pronounced after March 2022, demonstrating its efficacy in mitigating the impact
of rising interest rates by more stringently restricting higher LSTI ratios.
Results throughout the thesis indicate that macroprudential policy can be effective
in increasing resilience and curbing systemic risk in the financial system. The
multiple tools, either capital-based or borrower-based, allow for a targeted impact
depending on how systemic risk is originating in the financial system.
Esta tese pretende contribuir para a literatura ao propor ferramentas para calibrar instrumentos macroprudenciais, nomeadamente a reserva contracíclica de fundos próprios (CCyB). Além disso, pretende avaliar medidas macroprudenciais dirigidas aos devedores, nomeadamente o limite ao rácio entre o montante total das prestações mensais associadas a todos os empréstimos detidos pelo mutuário e o seu rendimento mensal líquido de impostos e contribuições obrigatórias à Segurança Social (DSTI), tanto num ambiente de baixas como de crescentes e elevadas taxas de juro. A política macroprudencial ganhou mais relevância após a crise financeira de 2008, quando se constatou que o risco sistémico, i.e. a acumulação de desequilíbrios no sistema financeiro que resultaram na concessão excessiva de crédito e no crescimento excessivo dos preços da habitação, não estava a ser completamente coberto pela resiliência existente no sistema financeiro. Esta interação entre risco e resiliência é explorada em maior detalhe no primeiro e segundo capítulos. No primeiro capítulo, analisa-se a forma de garantir que existe resiliência suficiente no sistema financeiro para cobrir os efeitos negativos da acumulação de risco sistémico. Isso implica gerir um trade-off entre a rentabilidade esperada pelos bancos, principalmente no curto prazo, e o risco de cauda desses mesmos retornos, isto é, o risco de perdas bancárias associadas a um evento negativo e raro no sistema financeiro. Para descrever este trade-off, é estimado um modelo dinâmico de regressão de quantis, utilizando dados ao nível dos bancos em Portugal, que relaciona a rentabilidade futura dos bancos no médio prazo com o ambiente de risco sistémico cíclico atual, após ter em consideração a resiliência, definida em termos dos rácios de fundos próprios presentes no sistema bancário. Esta avaliação do risco após resiliência é também referido como o risco sistémico cíclico residual, pois é o risco que ainda permanece no sistema após se ter em conta a resiliência. Os resultados indicam que um aumento do risco sistémico cíclico afeta negativamente a distribuição condicional da rentabilidade dos bancos no horizonte de projeção a médio prazo (entre 11 e 16 trimestres), confirmando os resultados na literatura. Ao mesmo tempo, verifica-se que o aumento da resiliência (definida em termos de fundos próprios) tem um efeito contrário relativamente ao efeito negativo do risco sistémico cíclico na rentabilidade dos bancos no mesmo horizonte de projeção. Com base nestes resultados, é definida uma nova regra de calibração para o CCyB que é suficientemente flexível para acomodar diferentes preferências do decisor de política macroprudencial e que considera os níveis predominantes de risco sistémico cíclico e de resiliência. Esta regra foca-se no risco de cauda da rendibilidade dos bancos: a reserva contracíclica de fundos próprios iv deve ser suficiente para que toda a resiliência, baseada nos fundos próprios existente (incluindo o valor da reserva contracíclica de fundos próprios já calibrada), possa absorver o efeito que o risco sistémico cíclico tem na distância entre a média e o percentil 10 da distribuição da rendibilidade dos bancos projetada para o médio prazo, tal que se atinja o objetivo do decisor de política macroprudencial para esta distância. No segundo capítulo, utiliza-se teoria de jogos evolutivos para apresentar um modelo que identifica estratégias estáveis de risco sistémico cíclico e de resiliência especificamente sob a forma de política macroprudencial (neste caso considerase o CCyB). O modelo utilizado considera inicialmente que cada decisão ou interação no sistema financeiro pode ser definido no âmbito da dicotomia riscoresiliência (alto/a ou baixo/a), a que vai ser atribuído um determinado valor designado por payoff. Os payoffs são operacionalizados considerando regressões de quantis sobre a rendibilidade dos bancos. Os payoffs das actividades com risco alto/risco baixo serão definidos com base no seu impacto no curto prazo sobre a rendibilidade esperada (na mediana) dos bancos, dependendo do estado da política macroprudencial. Os payoffs da política macroprudencial serão avaliados com base no seu impacto a médio prazo na cauda da distribuição da rendibilidade, dependendo do estado do risco sistémico cíclico. Ambas as especificações dependem também do nível de stress financeiro no sistema. Os resultados mostram que existem duas estratégias evolutivamente estáveis que dependem do stress financeiro, ou seja, duas estratégias que, quando atingidas, são resistentes a pequenas perturbações no sistema ao longo do tempo. Quando as condições de financiamento são boas (o stress financeiro é baixo), o risco sistémico cíclico tende a aumentar, dado que os agentes do sistema financeiro aproveitam as boas condições de financiamento para assumir maior risco. No entanto, a partir de um determinado limiar de risco, os benefícios de uma política macroprudencial mais restritiva superam os seus custos, o que sinaliza que o CCyB deve começar a ser acumulado para absorver os potenciais impactos da acumulação de risco. Quando o stress financeiro começa a aumentar, e as condições de financiamento dos bancos não são tão favoráveis, os bancos assumem menos riscos o que leva a uma redução do risco sistémico cíclico. Nesta situação, os custos de aumentar ou sustentar um nível positivo para o CCyB, algo que reduz a rentabilidade esperada dos bancos, são superiores aos seus benefícios, o que indica a possibilidade de diminuir o valor da reserva.
Esta tese pretende contribuir para a literatura ao propor ferramentas para calibrar instrumentos macroprudenciais, nomeadamente a reserva contracíclica de fundos próprios (CCyB). Além disso, pretende avaliar medidas macroprudenciais dirigidas aos devedores, nomeadamente o limite ao rácio entre o montante total das prestações mensais associadas a todos os empréstimos detidos pelo mutuário e o seu rendimento mensal líquido de impostos e contribuições obrigatórias à Segurança Social (DSTI), tanto num ambiente de baixas como de crescentes e elevadas taxas de juro. A política macroprudencial ganhou mais relevância após a crise financeira de 2008, quando se constatou que o risco sistémico, i.e. a acumulação de desequilíbrios no sistema financeiro que resultaram na concessão excessiva de crédito e no crescimento excessivo dos preços da habitação, não estava a ser completamente coberto pela resiliência existente no sistema financeiro. Esta interação entre risco e resiliência é explorada em maior detalhe no primeiro e segundo capítulos. No primeiro capítulo, analisa-se a forma de garantir que existe resiliência suficiente no sistema financeiro para cobrir os efeitos negativos da acumulação de risco sistémico. Isso implica gerir um trade-off entre a rentabilidade esperada pelos bancos, principalmente no curto prazo, e o risco de cauda desses mesmos retornos, isto é, o risco de perdas bancárias associadas a um evento negativo e raro no sistema financeiro. Para descrever este trade-off, é estimado um modelo dinâmico de regressão de quantis, utilizando dados ao nível dos bancos em Portugal, que relaciona a rentabilidade futura dos bancos no médio prazo com o ambiente de risco sistémico cíclico atual, após ter em consideração a resiliência, definida em termos dos rácios de fundos próprios presentes no sistema bancário. Esta avaliação do risco após resiliência é também referido como o risco sistémico cíclico residual, pois é o risco que ainda permanece no sistema após se ter em conta a resiliência. Os resultados indicam que um aumento do risco sistémico cíclico afeta negativamente a distribuição condicional da rentabilidade dos bancos no horizonte de projeção a médio prazo (entre 11 e 16 trimestres), confirmando os resultados na literatura. Ao mesmo tempo, verifica-se que o aumento da resiliência (definida em termos de fundos próprios) tem um efeito contrário relativamente ao efeito negativo do risco sistémico cíclico na rentabilidade dos bancos no mesmo horizonte de projeção. Com base nestes resultados, é definida uma nova regra de calibração para o CCyB que é suficientemente flexível para acomodar diferentes preferências do decisor de política macroprudencial e que considera os níveis predominantes de risco sistémico cíclico e de resiliência. Esta regra foca-se no risco de cauda da rendibilidade dos bancos: a reserva contracíclica de fundos próprios iv deve ser suficiente para que toda a resiliência, baseada nos fundos próprios existente (incluindo o valor da reserva contracíclica de fundos próprios já calibrada), possa absorver o efeito que o risco sistémico cíclico tem na distância entre a média e o percentil 10 da distribuição da rendibilidade dos bancos projetada para o médio prazo, tal que se atinja o objetivo do decisor de política macroprudencial para esta distância. No segundo capítulo, utiliza-se teoria de jogos evolutivos para apresentar um modelo que identifica estratégias estáveis de risco sistémico cíclico e de resiliência especificamente sob a forma de política macroprudencial (neste caso considerase o CCyB). O modelo utilizado considera inicialmente que cada decisão ou interação no sistema financeiro pode ser definido no âmbito da dicotomia riscoresiliência (alto/a ou baixo/a), a que vai ser atribuído um determinado valor designado por payoff. Os payoffs são operacionalizados considerando regressões de quantis sobre a rendibilidade dos bancos. Os payoffs das actividades com risco alto/risco baixo serão definidos com base no seu impacto no curto prazo sobre a rendibilidade esperada (na mediana) dos bancos, dependendo do estado da política macroprudencial. Os payoffs da política macroprudencial serão avaliados com base no seu impacto a médio prazo na cauda da distribuição da rendibilidade, dependendo do estado do risco sistémico cíclico. Ambas as especificações dependem também do nível de stress financeiro no sistema. Os resultados mostram que existem duas estratégias evolutivamente estáveis que dependem do stress financeiro, ou seja, duas estratégias que, quando atingidas, são resistentes a pequenas perturbações no sistema ao longo do tempo. Quando as condições de financiamento são boas (o stress financeiro é baixo), o risco sistémico cíclico tende a aumentar, dado que os agentes do sistema financeiro aproveitam as boas condições de financiamento para assumir maior risco. No entanto, a partir de um determinado limiar de risco, os benefícios de uma política macroprudencial mais restritiva superam os seus custos, o que sinaliza que o CCyB deve começar a ser acumulado para absorver os potenciais impactos da acumulação de risco. Quando o stress financeiro começa a aumentar, e as condições de financiamento dos bancos não são tão favoráveis, os bancos assumem menos riscos o que leva a uma redução do risco sistémico cíclico. Nesta situação, os custos de aumentar ou sustentar um nível positivo para o CCyB, algo que reduz a rentabilidade esperada dos bancos, são superiores aos seus benefícios, o que indica a possibilidade de diminuir o valor da reserva.
Description
Keywords
Macroprudential policy Cyclical systemic risk Financial system Evolutionary game theory Quantile regression Política macroprudencial Risco sistémico cíclico Sistema financeiro Teoria de jogos evolutivos Regressão de quantis
Pedagogical Context
Citation
Passinhas, Joana Luzia Monteiro (2025). "Essays on macroprudential policy". Tese de Doutoramento. Universidade de Lisboa. Instituto Superior de Economia e Gestão.
Publisher
Instituto Superior de Economia e Gestão