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- N-acetyl-d-glucosamine Delivery From Gels and 3D Printed Matrices: a Comparative StudyPublication . Sousa, Catarina Alexandra Novo de Sousa; Dias, Diogo Baltazar; Ribeiro, Helena Margarida de Oliveira MarquesContexto: Na última década tem-se visto um aumento exponencial da impressão a 3 dimensões (3D), principalmente com finalidade terapêutica, esperando-se que venha a atingir ainda maior importância com a personalização de medicamentos e produtos de saúde. De forma similar, o precursor do ácido hialurónico, N-acetil-D-Glucosamina (GlcNAc), tem sido amplamente estudado em diversas áreas devido, maioritariamente, à sua eficácia nos tratamentos de osteoartrite e artrite reumatóide, e à sua ação hidratante e elastificante quando usada topicamente. Estes exemplos, fazem com que esta substância seja usada como modelo para o desenvolvimento de novas formulações, nomeadamente recorrendo à impressão 3D. Método: Este estudo teve como objetivo testar a libertação de GlcNAc a partir de discos poliméricos produzidos por impressão 3D, o qual poderia funcionar como alternativa ao uso de geles para aplicação tópica. Filamentos de álcool polivinílico (PVA) foram usados na impressão 3D dos discos. Preparam-se 6 formulações de gel diferentes, sendo que em cada uma foram utilizados vários espessantes. Posteriormente, uma alíquota de cada formulação foi colocada no seu respetivo disco. Finalmente, foram efetuados estudos in vitro e in vivo de libertação e permeação de GlcNAc quer para os geles, quer para os discos de PVA impressos em 3D e incorporados nos geles. Resultados: Os espessantes carbómero e hidroxietilcelulose foram considerados mais adequados. No entanto, as formulações finais (discos contendo GlcNAc) não libertaram nem permearam a substância modelo quando comparados com os geles que apresentaram resultados positivos no estudo in vitro. Para além disto, o estudo in vivo foi interrompido quando ficou claro que a substância GlcNAc não estava a ser adequadamente quantificada em ambas as amostras. Conclusão: Os discos de PVA impressos em 3D contendo GlcNAc não provaram ser uma eficaz alternativa às formulações tradicionais de aplicação tópica. No entanto, a discussão cientifica e a prossecução de mais estudos permitirão melhorar os resultados obtidos.
- Recentes desenvolvimentos no uso de radiofármacos em diagnóstico e terapêuticaPublication . Ribeiro, Tânia Jorge Evangelista; Pinheiro, Lídia Maria VelosoOs radiofármacos são moléculas constituídas por um elemento instável (emissor de fotão, partículas alfa e partícula beta) e um fármaco com características farmacológicas e funcionais específicas. Estes fármacos são utilizados em diagnóstico e em terapêutica no âmbito de várias doenças de acordo com as características físicas do radionuclídeo que o constitui. Quando se pretende que sejam utilizados em diagnóstico, os radiofármacos podem ser classificados como de perfusão ou específicos, dependendo do seu local de acção. No caso dos radiofármacos de perfusão a sua acção é feita com base no fluxo sanguíneo, sendo distribuídos ate ao órgão alvo pela corrente sanguínea contrariamente aos radiofármacos específicos que normalmente necessitam de uma molécula específica para alcançar o órgão alvo. Actualmente, os radiofármacos de perfusão são os mais utilizados em termos clínicos enquanto que, os radiofármacos específicos encontram-se mais associados à investigação na área da química radiofarmacêutica. Na vertente terapêutica é necessário ter em conta as características ionizantes dos radiofármacos, que são nocivas quando em contacto com o tecido ou órgão. O facto de possuírem na sua constituição elementos radioactivos obriga à sua administração em baixas concentrações, exigindo legislação e regras de manipulação próprias. O radiofármaco mais utilizado actualmente é o tecnécio–99m ( 99mTc). Este radiofármaco é utilizado no diagnóstico clínico em situações que afectam órgãos como o cérebro, tiroide, coração, pulmão, rim, estruturas ósseas ou componentes hematológicos. A presente dissertação apresenta uma abordagem geral sobre radiofármacos e formas de preparação, contemplando igualmente a sua utilização em diagnóstico e terapêutica.
- Extreme events are more likely to affect the breeding success of lesser kestrels than average climate changePublication . Marcelino, J.; Silva, J. P.; Gameiro, J.; Silva, A.; Rego, F. C.; Moreira, F.; Catry, I.Climate change is predicted to severely impact interactions between prey, predators and habitats. In Southern Europe, within the Mediterranean climate, herbaceous vegetation achieves its maximum growth in middle spring followed by a three-month dry summer, limiting prey availability for insectivorous birds. Lesser kestrels (Falco naumanni) breed in a time-window that matches the nestling-rearing period with the peak abundance of grasshoppers and forecasted climate change may impact reproductive success through changes in prey availability and abundance. We used Normalised Difference Vegetation Index (NDVI) as a surrogate of habitat quality and prey availability to investigate the impacts of forecasted climate change and extreme climatic events on lesser kestrel breeding performance. First, using 14 years of data from 15 colonies in Southwestern Iberia, we linked fledging success and climatic variables with NDVI, and secondly, based on these relationships and according to climatic scenarios for 2050 and 2070, forecasted NDVI and fledging success. Finally, we evaluated how fledging success was influenced by drought events since 2004. Despite predicting a decrease in vegetation greenness in lesser kestrel foraging areas during spring, we found no impacts of predicted gradual rise in temperature and decline in precipitation on their fledging success. Notwithstanding, we found a decrease of 12% in offspring survival associated with drought events, suggesting that a higher frequency of droughts might, in the future, jeopardize the recent recovery of the European population. Here, we show that extreme events, such as droughts, can have more significant impacts on species than gradual climatic changes, especially in regions like the Mediterranean Basin, a biodiversity and climate change hotspot.
- The Gut Microbiota of the Egyptian Mongoose as an Early Warning Indicator of Ecosystem Health in PortugalPublication . Cunha, Mónica V.; Albuquerque, Teresa; Themudo, Patrícia; Fonseca, Carlos; Bandeira, Victor; Rosalino, L. M.The Egyptian mongoose is a carnivore mammal species that in the last decades experienced a tremendous expansion in Iberia, particularly in Portugal, mainly due to its remarkable ecological plasticity in response to land-use changes. However, this species may have a disruptive role on native communities in areas where it has recently arrived due to predation and the potential introduction of novel pathogens. We report reference information on the cultivable gut microbial landscape of widely distributed Egyptian mongoose populations (Herpestes ichneumon, n = 53) and related antimicrobial tolerance across environmental gradients. The panel of isolated species is consistent with the typical protein-based diet of a carnivore: Firmicutes predominate (89% of individuals), while Clostridiales, Enterobacteriales, and Lactobacillales are the major classes. Forty-one individuals (77.4%) harbour Clostridium spp. A spatial influence on mongooses' microbiota is confirmed by nonmetric multidimensional scaling analysis, with a significant contribution of municipality to their microbiota composition. Antimicrobial susceptibility testing of mongoose commensal bacteria to 28 compounds evidences xenobiotic tolerance of Escherichia coli (E. coli), enterococci, Salmonella Spartel and Mbandaka serotypes and Pseudomonas bacteria, among others. The common isolation of antimicrobial tolerant microbiota from the mongoose's gut suggests this species is exposed to anthropogenic influence and is affected by forestry and agricultural-related practices, reflecting its easy adaptation to ecological gradients across agroecosystems. We thus propose regular microbial and phenotypic resistance profiling of widely distributed mongooses as a sentinel tool for xenobiotics' lifecycle and ecosystem health in Portugal.
- One rule does not fit it all: patterns and drivers of stakeholders perspectives of the endangered Iberian wolfPublication . Torres, RT; Lopes, Diana; Fonseca, C.; Rosalino, L. M.Public attitudes are vital for the successful implementation of management strategies and conservation programs. However, contradictory interests among different stakeholders can create important setbacks, creating barriers to achieve conservation goals. The endangered Iberian wolf (Canis lupus signatus) occupies now only 20 % of its historical distribution area, in Portugal, and its reduction was mostly due to direct human persecution. Here, we assessed locals’ attitudes towards the Iberian wolf in northeast Portugal, in a region where humans and wolves coexist for centuries. A total of 323 questionnaires from three different interest groups (general public, livestock owners and hunters) were analysed. We tested the differences in attitude and fear level patterns between the different groups and assessed what socio-demographic factors could be influencing the detected patterns. We found that general attitude towards this carnivore was neutral to positive, probably owing to the low levels of livestock predation and long coexistence with local populations. However, most drivers differed among stakeholders groups. Education, knowledge, and level of fear were strong predictors explaining attitudes towards this endangered species. We stress the importance of assessing attitudes patterns and identifying the socio-psychological factors as necessary tools to facilitate the development of targeted tolerance-promoting strategies. Among other instruments, increasing locals’ tolerance toward the Iberian wolf can be achieved by target education interventions, where the stakeholders can actively take part in discussions to accommodate their needs and expectation, rather than be listeners of the implemented programs.
- Cortical excitability and its modulation, in vivo, using transcranial magnetic stimulationPublication . Silva, Daniel Alexandre Rações Rodrigues da; Couto, Frederico Simões do; Maia, Albino Jorge OliveiraIntroduction: Over the last 30 years, use of Transcranial Magnetic Stimulation (TMS) has grown exponentially, from therapeutic application in major depressive disorder (MDD) to research use for modulation of cortical activity regions or assessment of neuronal excitability. TMS modulatory interventions, through repetitive Transcranial Magnetic Stimulation (rTMS), have been regularly associated with the manipulation of neuroplasticity-like phenomena (Hallet et al, 2007). Nonetheless, assessing these effects in vivo in human models is challenging. Some studies have demonstrated this phenomenon using Electromyography (EMG), through measurement of Motor Evoked Potential (MEP) amplitude change after rTMS of the Primary Motor Cortex (M1) (e.g. Maeda et al, 2000). Furthermore, this physiological marker (ΔMEP) has shown predictive properties for rTMS treatment-response in patients with MDD (Oliveira-Maia et al, 2017). Objectives: My main aim was to confirm the modulatory effects of 10Hz rTMS applied on the left M1, on corticospinal excitability of the contralateral upper limb. Exploratory analyses of contralateral effects on corticospinal excitability, potentially modulated by inter-hemispheric modulation of the non-stimulated motor cortex, were also performed. Finally, I explored variables that influenced excitability modulation in order to understand potential improvements of the data acquisition protocol. Methods: After confirmation of eligibility and psychometric assessment, TMS was performed. Initially, Motor Threshold (MT) and MEPs were acquired from both the left and right hemisphere. After 10 Hz rTMS of the left M1, MEPs were re-assessed and variation of MEP amplitude from pre- to post-rTMS (ΔMEP) was calculated for both hemispheres, as a measure of excitability modulation. Results: Thirty-two healthy volunteers were enrolled. Significant modulatory effects of rTMS were found on the left hemisphere (p = 0.032), in accordance with previous studies (e.g. Maeda et al 2000). No effects were found contralaterally. Regarding the impact of several factors concerning experimental design, I found that participants in whom MEPs were assessed first in the left M1 demonstrated a robust modulatory effect (p = 0.046), which is not observed in participants who were assessed first in the right hemisphere (p= 0.5). Furthermore, modulatory effects were conserved in participants in whom TMS was performed in the morning (p = 0.04), but not those tested in the afternoon (p = 0.6). Further exploratory analyses, comparing participants with and without prior history of MDD showed no differences (p = 0.9). Conclusion: The present study confirms an increase in MEP mean amplitude after 10Hz rTMS delivered to the left M1 protocol, and the absence of modulatory effects of the contralateral hemisphere. The order by which hemispheres are assessed and the moment of the day the TMS session takes place seem to affect the modulatory effect, with enhanced modulation in participants starting MEP assessment in the left hemisphere or participants assessed in the morning. Absence of differences between participants with previous depressive episodes suggest that any potential depression-related differences in neuroplastic processes, may be transient state-markers, rather than trait-markers. Nevertheless, this data contributes for definition of adequate protocol for in vivo comparisons of excitability modulation between patients with MDD and healthy volunteers.
- Clinical outcome of oral implants rehabilitations in patients with and without mechanical complications : a comparative studyPublication . Ferreira, Patrícia Rocheteau Wahnon, 1994-; Nogueira, Paulo Jorge da Silva; Nobre, Miguel de AraújoEnquadramento: Apesar das elevadas taxas de sucesso, os implantes dentários não estão isentos de complicações. A ocorrência de complicações mecânicas, pode ser uma fonte de frustração, não só para o doente, mas também para o clínico. A relação entre a presença destas complicações e os outcomes clínicos, não é clara. Objetivo: Estudar o impacto das complicações mecânicas na sobrevivência do implante, na reabsorção óssea marginal e na incidência de complicações biológicas. Materiais e Métodos: Este estudo caso-controlo incluiu um total de 564 participantes, divididos em dois grupos: doentes reabilitados com próteses implanto-suportadas, com implantes com carga imediata, com registo de ocorrência de complicações mecânicas (n=282) e um grupo controlo submetido ao mesmo tipo de intervenção sem a ocorrência de complicações mecânicas (n=282), recorrendo a uma base de dados. O emparelhamento foi feito relativamente ao sexo, idade (intervalo etário de 3 anos) e follow-up. O outcome primário foi a sobrevivência do implante, avaliada com base na função do mesmo como unidade de uma reabilitação protética; os outcomes secundários foram: nível de osso marginal e parâmetros de complicações biológicas (patologia peri-implantar, inflamação os tecidos moles, formação de fistula, formação de abcesso). Resultados: A média de meses de follow-up foi 90 meses. A taxa de sucesso foi de 100% nos casos e 99.6%, controlos (p=0.317). A média de perda óssea foi de 1.72 (95% IC: 1.60; 1.84) para os casos e 1.55 (95% IC: 1.45; 1.65) para os controlos (p=0.068). Foram registadas complicações biológicas em 98 doentes (62 nos casos e 36 nos controlos, p=0.004), sendo que a maioria foram patologias peri-implantares (n=86). Conclusões: Sem evidências que a ocorrência de complicações mecânicas tenha influência na sobrevivência do implante. Apesar de os resultados sugerirem que não tem influência na perda óssea marginal, outros estudos com maior follow-up são necessários. A incidência de complicações biológicas, nomeadamente doenças peri-implantares, é maior em doentes com registo de complicações mecânicas.
- Entrainment in European PortuguesePublication . Cabarrão, Vera Mónica dos Santos; Mata, Ana Isabel; Trancoso, IsabelA presente tese centra-se na análise da adaptação entre falantes em diálogos espontâneos em Português Europeu (PE). Esta adaptação, também designada por acomodação, sintonia ou mesmo sincronismo (do inglês entrainment), tem sido descrita como a capacidade de os seres humanos se ajustarem, tanto a nível comportamental como discursivo, ao seu interlocutor (Brennan and Clark, 1996; Beˇnuš, 2014a). Esta estratégia tem sido estudada sob diversas perspetivas, quer para compreender quais os mecanismos linguísticos, psicológicos e sociais (Levitan et al., 2012; Beˇnuš, 2014a) que a motivam, quer para replicar este comportamento, tipicamente humano, em sistemas de diálogo automáticos (Levitan, 2014; Hoegen et al., 2019). Estudos recentes sobre adaptação entre falantes em diferentes situações comunicativas têm mostrado a importância desta estratégia na resolução de tarefas específicas (e.g., diálogos em formato map-task, jogos colaborativos) e em sessões de terapia (e.g., terapia conjugal; sessões de aconselhamento sobre droga e linhas SOS anti-suicídio). Nesta tese, as semelhanças acústico-prosódicas entre falantes são analisadas ao nível do diálogo (adaptação global) e em tomadas de palavra intercaladas (adaptação local), tendo em conta variáveis sociais, como o papel desempenhado pelo falante no diálogo ou a familiaridade entre falantes. A nível local, verifica-se também se a adaptação entre pares de enunciados contíguos produzidos por falantes distintos varia de acordo com os tipos de frase (como, por exemplo, uma declarativa seguida de uma interrogativa ou quando ambas são declarativas ou interrogativas), bem como com a presença no início do segundo enunciado de estruturas muito frequentes em fala espontânea, tais como marcadores discursivos (e.g., agora; bem; bom; portanto; então), disfluências (pausas preenchidas, sobretudo aa e aam); repetições enfáticas (sim, sim, sim), constituintes afirmativos (sim; exacto; certo) e negativos (não; eu não tenho) e estruturas ambíguas (palavras que tanto podem ser marcadores discursivos como constituintes afirmativos, como pronto e ok). Para efetuar esta análise local, foi necessário um estudo mais aprofundado dos marcadores discursivos nos corpora disponíveis. As marcas de pontuação, que delimitam constituintes similares a frases (sentence-like units, SUs), as disfluências e até os constituintes afirmativos já haviam sido estudados em diversos trabalhos em fala espontânea em PE (Batista, 2011; Batista et al., 2012a; Moniz, 2013; Moniz et al., 2015; Cabarrão, 2013; Cabarrão et al., 2016). Por outro lado, a literatura sobre marcadores discursivos em dados de fala espontânea ainda é pouco exaustiva, na medida em que a maioria dos estudos se centram na análise das funções pragmáticas destas estruturas em textos escritos. O estudo dos marcadores discursivos visa não só contribuir para uma análise mais completa da adaptação local entre falantes (através dos exemplos destas estruturas em posição inicial), mas também para a descrição prosódica destas estruturas em fala espontânea em diferentes corpora, nomeadamente aulas universitárias e diálogos em formato map-task. Considerando o facto de marcadores e disfluências serem descritos na literatura como estruturas paralinguísticas que partilham algumas propriedades (Liu et al., 2006; Goldwater et al., 2010), e ainda o facto de ambos serem considerados na adaptação local, pretendeu-se aferir também se estas estruturas se distinguem prosodicamente. Como tal, foi realizada uma tarefa de classificação automática multiclasse para determinar, com base nas propriedades prosódicas das palavras, quais as que são marcadores discursivos, quais as que são disfluências e quais as que são SUs. Os resultados mostram que a seleção de marcadores discursivos depende do corpus e do falante. No mesmo corpus, existem falantes que tendem a utilizar o mesmo marcador e outros que variam entre diversas estruturas. Apesar de existir variação por corpus, também se observa que os marcadores mais frequentes são semelhantes em ambos os corpora. As experiências dentro do mesmo corpus (in-domain), em que o conjunto de treino e de teste correspondem a dados selecionados aleatoriamente a partir dos mesmos dados, mostram uma exatidão na classificação de 87% nas aulas universitárias e de 84%, nos diálogos. As pistas acústico-prosódicas GeMAPS e, especialmente, as eGeMAPS, parâmetros comummente utilizados em tarefas paralinguísticas, obtiveram um bom desempenho nos dados. Os resultados sugerem que os marcadores em posição inicial são geralmente mais fáceis de identificar do que as disfluências. Para testar a robustez do sistema de classificação entre corpora, realizou-se uma outra experiência com dados de um corpus para treino e do outro corpus para teste e vice-versa. Tal como expectável, os valores obtidos nesta tarefa são mais baixos (em cerca de 11% a 12%) do que utilizando os mesmos dados para treino e teste. Ainda assim, as melhorias obtidas face à base de comparação em ambos os corpora mostram que esta classificação pode ser utilizada em dados fora do domínio. De forma a perceber o impacto de cada pista acústico-prosódica na distinção entre marcadores e disfluências, foi efetuada também uma análise às pistas mais relevantes em ambos os domínios. As pistas relacionadas com a frequência fundamental (f0), nomeadamente declives de f0, são as mais relevantes na distinção entre estas estruturas. No geral, apesar da complexidade desta tarefa, os resultados são muito encorajadores para a classificação automática multiclasse. No que diz respeito à análise de adaptação global entre falantes, os resultados evidenciam adaptação acústico-prosódica, embora expressa em diferentes graus: os falantes não se adaptam sempre aos mesmos interlocutores e seguindo as mesmas estratégias acústico-prosódicas. Os resultados mostram que os falantes são mais semelhantes aos seus interlocutores do que ao seu próprio discurso noutros diálogos (cada falante participa em quatro conversas, duas como dador e duas como seguidor) na maioria dos parâmetros acústico-prosódicos, nomeadamente f0, duração e qualidade de voz, sendo a energia o único parâmetro inalterado. Já na comparação entre pares e não-pares, esta adaptação verifica-se maioritariamente em parâmetros de duração. Este estudo mostra também que os principais parâmetros prosódicos (f0, energia, duração e qualidade de voz) são monitorizados no processo de adaptação entre falantes, evidenciando um resultado para o PE que se diferencia dos obtidos para o Inglês e o Mandarim (Levitan, 2014). Nestas línguas, observa-se adaptação global entre interlocutores principalmente em pistas de energia, quer na comparação com não-pares, quer com o mesmo falante noutro diálogo. Quanto ao papel desempenhado, observa-se que cerca de metade dos falantes é mais consistente no seu discurso enquanto dador, mostrando menos adaptação ao interlocutor, e a outra metade como seguidor. Tal pode dever-se ao facto de se tratar de um diálogo colaborativo, em que os falantes trabalham em conjunto para ser bem-sucedidos na tarefa de chegar ao destino final no mapa. Estes resultados permitem também equacionar o facto de a adaptação entre falantes estar mais relacionada com o interlocutor, a sua postura e personalidade, do que com o papel desempenhado no diálogo. Os resultados obtidos quanto à adaptação local, sem considerar os tipos de frases ou estruturas específicas, revelam que os falantes são mais semelhantes entre enunciados contíguos do que entre não contíguos nos quatro parâmetros prosódicos: f0, energia, duração e qualidade de voz. Estes resultados não estão de acordo com uma análise similar para o inglês (Levitan, 2014): os falantes adaptam-se nos enunciados contíguos nos parâmetros média e máximo de energia e harmonics-to-noise-ratio (HNR), mas não em pistas de f0. Esses resultados permitem colocar a hipótese de que pistas como energia podem ser independentes da língua, pelo menos em corpora semelhantes, mas não os parâmetros de f0. As experiências realizadas até ao momento mostram assim que o comportamento acústico-prosódico da adaptação local em PE abrange não só pistas de energia mas todos os outros parâmetros prosódicos. Considerando a adaptação entre diferentes tipos de SUs, os pares pergunta-resposta são aqueles com maior semelhança na maioria dos parâmetros analisados, f0, energia, duração e qualidade de voz, sendo os pares declarativo-interrogativo aqueles nos quais ocorre menos adaptação. Estes resultados já eram expectáveis, dada a natureza colaborativa do corpus. Quanto aos subtipos de interrogativas nos pares pergunta-resposta, existem maiores evidências de adaptação com perguntas Sim-Não e Tags do que com perguntas parciais. Em PE, as perguntas Sim-Não e Tags compartilham um contorno alto/ascendente por oposição ao contorno baixo/descendente associado a perguntas parciais e a declarativas neutras. Além disso, as perguntas Sim-Não não possuem pistas léxico-sintáticas associadas, apenas prosódicas, o que pode constituir mais uma evidência para a adaptação local encontrada. Importa ainda referir que os pares pergunta-resposta são a força motriz da natureza dialógica do corpus, constituído por tarefas muito colaborativas que têm de ser resolvidas em conjunto por dois interlocutores. Os resultados deste estudo mostram que as estruturas com maior adaptação local são as que promovem colaboração e reforço positivo, estratégias que contribuem para a fluidez e sucesso do diálogo. Em linha com o que foi dito para as SUs, há maiores evidências de adaptação local com constituintes afirmativos no início do segundo enunciado em enunciados contíguos. Estes resultados evidenciam, uma vez mais, o esforço colaborativo entre os interlocutores para resolver a tarefa. Por outro lado, as pausas preenchidas e os marcadores discursivos são as estruturas que apresentam menor grau de adaptação. Uma possível explicação é o facto de que, quando os falantes proferem estas estruturas, estão já a planear o que dizer a seguir. O trabalho desenvolvido ao longo desta tese visa contribuir para a análise linguística e automática de tópicos inexplorados na fala espontânea em PE, nomeadamente estratégias de adaptação acústico-prosódica entre falantes.
- Um spaceport para a malbusca : da percepção dos riscos à participação do público na ciênciaPublication . Garcia, Pedro; Delicado, Ana
- On the syntax of yes-o questions in Bulgarian and PortuguesePublication . Dimitrova, Margarita Stefanova; Ambar, Maria Manuela FurtadoIn recent years the syntax of yes-no questions has been subject to some intriguing discussions capitalising on the relation between questions and polarity and on the existence of a Pol(arity) head that encodes the polarity value of the structure (Holmberg 2012). Adopting the idea that polarity is in the core of yes-no questions formation, here we explore the properties of yes-no questions in Bulgarian and Portuguese. Portuguese has traditionally been addressed as a language in which the licensing of yes-no questions relies on the rising intonation with which they are produced (Frota 2000, 2002). Bulgarian, on the other hand, displays the particle li, which follows the Verb or XPs different from the verb, the latter being the case of the so called focused yes-no questions. Nevertheless, the question of what exactly the syntactic expression of V-li and XP-li questions is and what triggers the focused meaning of the latter is yet to be settled. Contrary to the traditional assumptions on Portuguese yes-no questions, we argue with Ambar (2012, 2013) that these structures display V-movement to Int(errogative)P and project PolP (Holmberg 2012). A similar line of inquiry is adopted for Bulgarian li-questions: we propose that li is externally merged in PolP and denotes the polarity algorithm [x, ⌐x] (Hamblin 1973). Based on some well-known assumptions on pronominal clitics, we claim that li can be both an Xº and an XP (Chomsky 1994). The distinction between Bulgarian V-li and XP-li questions is accounted for accordingly: in V-li questions, the verb attaches to li in Polº while in XP-li questions, an XP different from the verb attaches to li in Spec, PolP. Both structures display movement to IntP triggered by the existence of given features in need of valuation. Besides the properties of standard yes-no questions, in this work we also explore data from negative and subjunctive yes-no questions focusing on the way yes-no questions codify speaker-related properties. The discussion of these structures thus stresses on the relation to evaluation and (non)veridicality (Ambar 1996, 1999, 2000, 2003, 2016, Cinque 1999, Giannakidou 2016).
