Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação (FPCE)
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Browsing Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação (FPCE) by advisor "Alegria, Jesus"
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- Representações fonológicas na leitura de alfabetos artificiais : um estudo comparadoPublication . Mendes, Carlos Brito, 1942-2000; Alegria, JesusA descoberta de uma relação estreita entre a linguagem falada e a linguagem escrita não é recente. É, no entanto, o reconhecimento' pela psicolinguistica contemporânea da natureza profundamente linguistica da leitura que vai estar na base de um numeroso conjunto de investigações, iniciado no principio dos anos setenta, no qual se inscreve o presente trabalho, que irá permitir progressos consideráveis no conhecimento dos mecanismos postos em jogo durante a extração do significado a partir de uma mensagem escrita. A linguagem falada e a linguagem escrita têm especificidades próprias. Enquanto a mensagem sonora contem essencialmente traços distintivos relativos a aspectos fonéticos, a escrita alfabética é a representação morfofonémica de uma lingua natural. Fonémica na medida que não é uma representação dos fones que devem ser pronunciados, mas da classe de equivalência dos fones que são os fonemas. A escrita é morfológica na medida que a mensagem escrita informa o leitor sobre uma série de caracteristicas etimológicas e semânticas da língua. Uma segunda diferença importante está relacionada com o facto de a transmissão natural de uma língua ser a fala e não a escrita. A compreensão de uma mensagem falada a partir de uma representação fonética é certamente uma actividade muito complexa, mas que se desenvolve sem que seja necessário fornecer uma instrução formal. Para que uma criança compreenda e produza mensagens linguisticas faladas basta que esteja mergulhada num meio que com ela comunique e que lhe forneça exemplos suficientes. Contrariamente, a leitura não é uma actividade que se desenvolva por simples impregnação. A leitura necessita de uma instrução formal cujo resultado nem sempre é um êxito, mesmo no caso de crianças cujo desenvolvimento é normal em termos de linguagem falada. Do que acabámos de afirmar, retira-se que a leitura é considerada como uma actividade secundária relativamente à linguagem falada. Esta constatação está na origem da posição teórica que considera que a compreensão de uma mensagem escrita consiste na utilização de mecanismos a que os sujeitos normalmente recorrem para compreender uma mensagem falada. Saber se a informação visual é transformada num código fonológico numa fase anterior á do acesso ao léxico continua a ser objecto de acesa controvérsia. As experiências de Rubenstein e colaboradores (1971) apontam para que a, conversão fonológica tenha lugar aquando da identificação de uma palavra. Uma coisa, porém, é certa, a manutenção em memória de uma série de palavras, integradas ou não em frases, é possível pela utilização pelos sujeitos de um código fonológico, como o demonstraram de forma clara e elegante Baddeley (1966), Conrad (1964) e Wickelgren (1966) em situações experimentais de memória a curto prazo. (…)