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Authors
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Abstract(s)
A descoberta de uma relação estreita entre a
linguagem falada e a linguagem escrita não é recente. É,
no entanto, o reconhecimento' pela psicolinguistica contemporânea
da natureza profundamente linguistica da
leitura que vai estar na base de um numeroso conjunto de
investigações, iniciado no principio dos anos setenta,
no qual se inscreve o presente trabalho, que irá permitir
progressos consideráveis no conhecimento dos mecanismos
postos em jogo durante a extração do significado
a partir de uma mensagem escrita.
A linguagem falada e a linguagem escrita têm especificidades
próprias. Enquanto a mensagem sonora contem
essencialmente traços distintivos relativos a aspectos
fonéticos, a escrita alfabética é a representação morfofonémica
de uma lingua natural. Fonémica na medida que
não é uma representação dos fones que devem ser pronunciados,
mas da classe de equivalência dos fones que são
os fonemas. A escrita é morfológica na medida que a
mensagem escrita informa o leitor sobre uma série de
caracteristicas etimológicas e semânticas da língua.
Uma segunda diferença importante está relacionada
com o facto de a transmissão natural de uma língua ser a
fala e não a escrita. A compreensão de uma mensagem falada
a partir de uma representação fonética é certamente
uma actividade muito complexa, mas que se desenvolve sem
que seja necessário fornecer uma instrução formal. Para
que uma criança compreenda e produza mensagens linguisticas
faladas basta que esteja mergulhada num meio que
com ela comunique e que lhe forneça exemplos suficientes.
Contrariamente, a leitura não é uma actividade que
se desenvolva por simples impregnação. A leitura necessita
de uma instrução formal cujo resultado nem sempre é
um êxito, mesmo no caso de crianças cujo desenvolvimento
é normal em termos de linguagem falada.
Do que acabámos de afirmar, retira-se que a leitura
é considerada como uma actividade secundária relativamente
à linguagem falada. Esta constatação está na
origem da posição teórica que considera que a compreensão
de uma mensagem escrita consiste na utilização de
mecanismos a que os sujeitos normalmente recorrem para
compreender uma mensagem falada. Saber se a informação visual é transformada num
código fonológico numa fase anterior á do acesso ao
léxico continua a ser objecto de acesa controvérsia. As
experiências de Rubenstein e colaboradores (1971) apontam
para que a, conversão fonológica tenha lugar aquando
da identificação de uma palavra. Uma coisa, porém, é
certa, a manutenção em memória de uma série de palavras,
integradas ou não em frases, é possível pela utilização
pelos sujeitos de um código fonológico, como o demonstraram
de forma clara e elegante Baddeley (1966), Conrad
(1964) e Wickelgren (1966) em situações experimentais de
memória a curto prazo. (…)
Description
Tese de doutoramento em Psicologia (Psicologia Geral), apresentada à Universidade de Lisboa através da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação, 1990
Keywords
Psicolinguística Psicologia da aprendizagem Teses de doutoramento - 1990