A Autonomização Habitacional dos Jovens Adultos Portugueses – A Saída de Casa da Família de Origem em Tempos de Pandemia COVID-19

Abstract

A presente investigação tem como objetivo compreender o processo de autonomização habitacional de jovens adultas/os portuguesas/es em tempos de pandemia COVID-19. Através de uma lente de género, procura-se analisar padrões de mudança e experiências na saída de casa da família de origem, constrangimentos e motivações das/os jovens e o papel da família de origem no processo de autonomização habitacional. Procurou-se compreender como a pandemia COVID-19 afetou o mercado de habitação e como este afetou a autonomização habitacional das/os jovens. Se, por um lado, os/as jovens portugueses/as saem cada vez mais tarde da casa da família de origem (Eurostat, 2022) visualiza-se, igualmente, uma mudança nos processos de transição para a vida adulta. Atualmente mais complexos e singulares, estes processos vão sendo moldados por diversos fatores, nomeadamente o contexto socio-histórico e os elementos estruturais atribuídos, como o género e a classe social (Minguez et al., 2012; Sagnier et al., 2021; Settersten & Ray, 2010). A partir de 17 entrevistas realizadas, conclui-se que as transições para a vida adulta são marcadas por uma complexidade multifacetada e que a entrada na vida adulta é assinalada por diversas experiências, existindo diferenças entre homens e mulheres em todo o processo de autonomização juvenil. Reconhece-se o crucial papel da família de origem no apoio ao/à jovem na concretização e navegação da saída de casa, assim como o impacto das condições sociodemográficas da mesma no nível de apoios que as famílias conseguem/estão dispostas a providenciar. Ainda que os constrangimentos e benefícios sejam generalizados a todos os/as jovens, são distintos quando observamos através de uma lente de género e classe social. Conclui-se que os impactos da pandemia na autonomização habitacional dos/as jovens são distintos existindo variações consoante a situação socioeconómica prévia.

This research aims to understand the process of housing autonomy of young Portuguese adults in times of the COVID-19 pandemic. Through a gender lens, it seeks to analyze patterns of change and experiences in leaving the family of origin, constraints and motivations of young people and the role of the family of origin in the process of housing autonomy. We sought to understand how the COVID-19 pandemic has affected the housing market and how it has affected the housing autonomy of young people. If, on one hand, young Portuguese people are leaving their family home later (Eurostat, 2022), we can also see a change in the processes of transition to adulthood. Currently more complex and unique, these processes are being shaped by various factors, namely the socio-historical context and the structural elements assigned, such as gender and social class (Minguez et al., 2012; Sagnier et al., 2021; Settersten & Ray, 2010). From the 17 interviews conducted, it can be concluded that transitions to adulthood are marked by multifaceted complexity and that entry into adulthood is marked by diverse experiences, with differences between men and women throughout the process of youthful autonomy. There is recognition of the crucial role of the family of origin in supporting the young person in achieving and navigating leaving home, as well as the impact of their sociodemographic conditions on the level of support that families are able/willing to provide. Although the constraints and benefits are generalized to all young people, they are different when viewed through the lens of gender and social class. We conclude that the impacts of the pandemic on the housing autonomy of young people are different, with variations depending on their previous socio-economic situation.