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Abstract(s)
A água constitui um recurso natural, de inestimável
valor para o equílibrio ambiental.
Contudo, o seu excesso (cheias e consequentes
inundações) e a sua escassez ( secas e estiagens) são uma
ameaça para os ecossistemas naturais e antrópicos.
O domínio mediterrâneo, no qual Portugal se insere, é
mui to vulnerável a estes fenómenos extremos, dado que se
situa entre duas grandes faixas de circulação atmosférica: a
cintura das altas pressões subtropicais, a sul, e o fluxo
zonal de oeste, a norte. As flutuações destas duas faixas
atmosféricas podem originar secas severas ou chuvas
copiosas, com os consequentes prejuízos ambientais,
económicos e sociais.
Os escoamentos superficial e subterrâneo estão na
dependência da grande irregularidade interanual e intra-
anual das precipitações.
As estiagens resultam de longos períodos de escassez
pluviométrica, que levam à diminuição progressiva da
alimentação do escoamento de base através das reservas
aquíferas subterrâneas das bacias-vertente. Em certos casos,
dá-se mesmo o esgotamento dessas reservas e a ausência de
escoamento superficial.
As cheias, pelo contrário, são fenómenos de duração
curta e que podem aparecer bruscamente, interrompendo,
inclusivé, os períodos de estiagem. Os mecanismos
atmosféricos, responsáveis pelas cheias, não são semelhantes nas grandes e nas pequenas bacias hidrográficas. Nas
pequenas bacias podem ocorrer cheias devido a precipitações
concentradas e restritas devidas à passagem de uma frente
fria, especialmente activa, ou a depressões estacionárias,
ligadas a situações de bloqueio (gotas de ar frio). À escala
das grandes bacias hidrográficas, estas chuvas concentradas
levam à ocorrência de cheias apenas nas pequenas bacias-
vertente que são por elas atingidas, podendo continuar os
cursos de água das restantes, nos leitos menores ou, mesmo,
de estiagem.
Numa vasta bacia hidrográfica, como a do Tejo, as
cheias do grande rio devem-se a chuvas generalizadas a toda
ou a grande parte da bacia. Estas chuvas resultam mais do
encadeamento de situações depressionárias com perturbações
frontais do que da manutenção de uma única situação
depressionária.
o
1000 km
Tejo,
de
que é o maior rio peninsular com mais de
comprimento, é também o que origina, em
território português, as cheias mais espectaculares pela
superfície inundada
de mais
que ocupam
de 100
na lezíria ribatejana. A
construção barragens
hidrográfica, sobretudo a partir dos anos
na
50,
sua
levou
bacia
a uma
espécie de euforia, nos anos 70, pensando-se que,
finalmente, se tinha "domado" o grande rio. Contudo, essa
euforia desvaneceu-se com as cheias catastróficas de 1978 e
1979 (a de Fevereiro de 1979 foi, inclusivamente, a maior do
século) e com as grandes cheias de Dezembro de 1989, que
quase atingiram os níveis das registadas dez anos antes.
Estas cheias vieram demonstrar como é insuficiente o
conhecimento do funcionamento hidrológico das bacias-
-vertente afluentes do Tejo na dinâmica do grande rio.
Se as barragens diminuíram o número de cheias ao
reterem nas suas albufeiras as mais pequenas, nas grandes
cheias levaram ao agravamento dos caudais de ponta e a
situações dramáticas, com
respectivas comportas e ao
a abertura, em cadeia, das
rebentamento de diversos diques de protecção. Em muitos casos, a ocupação e uso indevido dos
leitos de inundação originaram elevados prejuízos materiais
que teriam sido de reduzida importância se houvesse uma
utilização racional do território. Actualmente muitos são os
documentos, elaborados por organizações internacionais,
chamando a atenção para o facto das medidas estruturais (de
protecção) não serem suficientes quando não existe ou não é
aplicado o planeamento integrado do meio físico. Para isso,
é preciso começar por conhecer o funcionamento hidrológico
das várias bacias-vertente que compõem uma grande bacia
hidrográfica, pois numa situação de chuvas generalizadas,
cada uma responde diferentemente da outra, não só consoante
as precipitações que recebe e o estado das suas reservas
hídricas, mas também consoante as características
geomorfológicas e do coberto vegetal que apresentam.
Considerada como uma unidade geomorfológica fundamental
(R.CHORLEY, 1969), a bacia-vertente é uma entidade com
dinâmica própria, cujo funcionamento depende da interligação
mais ou menos complexa dum
naturais quer antrópicos, sendo,
de diferentes especialistas.
conjunto de factores quer
por isso, objecto de estudo
O geógrafo tem nela uma
importante base de trabalho, porque representa um espaço
cujos limites são, quase sempre, bem definidos, e porque só
pode ser compreendida, no seu dinamismo, através de uma
abordagem integrada dos vários elementos constituintes do
território.
O estudo de pequenas bacias-vertente pertencentes à
bacia hidrográfica do Rio Tejo, próximas de Lisboa, foi-me
sugerido pelo Professor A. de Brum Ferreira, devido a duas
razões fundamentais. A primeira reside no interesse que tem
o conhecimento do seu comportamento hidrológico. A segunda
prende-se com a facilidade de deslocação, sobretudo no caso
da ocorrência de cheias e inundações, no Baixo Tejo, que
pudessem ser observadas in loco, o que se veio a verificar
em Novembro-Dezembro de 1989 e em Março de 1991.[...]
Description
Keywords
Hidrologia Bacia do rio Tejo (Portugal) Bacias-vertentes Geomorfologia Climatologia Geografia fisica Portugal
Pedagogical Context
Citation
Ramos, Catarina (2019). Condições geomorfológicas e climáticas das cheias de Ribeira de Tera e do Rio Maior (Bacia Hidrográfica do Tejo). Lisboa: CEGUL, 2019. 520 p. Doi: 10.33787/CEG20190025
Publisher
Universidade de Lisboa, Centro de Estudos Geográficos