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“Is it all the same?” : a study of infectious focus in septic patients in intensive care medicine

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Abstract(s)

Introdução: As infeções representam desafios à prática clínica, sendo uma das causas mais frequentes de admissões em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI). Estas infeções podem ser complicadas por uma resposta aumentada do sistema imune do hospedeiro, por vezes desregulada, que leva a uma inflamação generalizada. Esta resposta imune pode resultar em deterioração do estado clínico o que, em última instância, pode resultar em disfunção orgânica. A esta resposta desregulada, combinada com a infeção, chamamos sépsis. Esta condição médica grave pode ser ameaçadora de vida quando se torna refratária à terapêutica instituída sendo a falha cardiovascular a mais problemática. A esta última condição chamamos choque séptico, definido como hipotensão persistente com necessidade de terapêutica vasopressora para manter pressões arteriais médias (PAM) ≥ 65mmHg e elevação persistente dos lactatos séricos (>2mmol/L (18mg/dL) refratários à instituição de fluidoterapia. Nesta condição clínica a terapêutica de suporte de órgão, incluindo vasopressores, substituição renal e ventilação mecânica invasiva, são frequentemente necessários. Contudo, apesar da elevada prevalência desta temática, estudos prévios focam-se habitualmente na condição de sépsis em si, raramente abordando o foco de infeção subjacente a esta condição. Consequentemente, o impacto de diferentes focos de infeção na severidade da condição clínica, incluindo necessidade de terapêutica de suporte de órgão, tempo de hospitalização hospitalar e na UCI bem como mortalidade são desconhecidos. Nesse sentido, este estudo abordou as diferenças na mortalidade e disfunção de órgão, traduzida na necessidade de terapêutica de suporte de órgão, em doentes com infeção, de acordo com os diferentes focos de infeção. Este conhecimento pode contribuir para adequar as medidas instituídas mais precocemente, tendo em vista uma medicina mais personalizada ao doente, contribuindo para um melhor prognóstico deste. Objetivos do estudo: Os objetivos primários do estudo foram perceber se diferentes focos de infeção têm impacto, de forma independente, tanto na mortalidade hospitalar como na mortalidade em UCI nas diferentes subpopulações. Secundariamente, os objetivos eram avaliar a necessidade de diferentes terapêuticas de suporte de órgão (vasopressores, terapêutica de substituição renal e ventilação mecânica invasiva) de acordo com cada foco infecioso bem como o impacto da existência da condição de choque séptico e bacteriemia, de forma independente, na mortalidade hospitalar e mortalidade na UCI. Métodos: Análise retrospetiva, de coorte, de pacientes adultos internados com diagnóstico de sépsis ou choque séptico admitidos na UCI do Hospital de Vila Franca de Xira (HVFX) entre 1/1/2019 - 31/12/2023. Estes doentes foram posteriormente categorizados de acordo com o foco de infeção. Os dados clínicos foram recolhidos da base de dados da UCI do HVFX. Foram recolhidos dados demográficos, clínicos, incluindo o score Simplified Acute Physiology Score (SAPS) II e comorbilidades dos doentes. Para além destes, a presença de hemoculturas positivas bem como o diagnóstico de choque sético durante o internamento em UCI, foram recolhidos. O tempo de terapêutica de suporte de órgão foi medida incluindo vasopressores (infusão continua de noradrenalina, terlipressina ou adrenalina), terapia de substituição renal (continua ou intermitente) e ventilação mecânica invasiva. Os principais resultados avaliados foram a mortalidade na UCI e a mortalidade hospitalar. Como resultados secundários, comparou-se a necessidade de terapêutica de suporte de órgão (terapia de substituição renal, vasopressores e ventilação mecânica invasiva), bem como o impacto de choque séptico e bacteriemia nas diferentes sub-populações. Resultados: Foram incluídos 888 doentes com idade média de 66.4± 15.6 anos, sendo 58.1% destes do sexo masculino. As comorbilidades dos doentes foram avaliadas sendo a mais prevalente a hipertensão arterial, com alguma diferença em termos de prevalência nos diferentes focos de infeção, possivelmente associada à diferença de idades da subpopulação. A doença renal crónica foi especialmente frequente em doentes com bacteriemia (29.2%), endocardite (47.1%) e infeção do trato urinário (29.6%). A presença de diabetes mostrou complicar endocardite (58.8%) e infeção da pele e tecidos moles (42.2%). Conclusão: A sepsis é uma condição clínica frequentemente encontrada nas unidades de cuidados intensivos. Este estudo mostrou que os focos infeciosos parecem influenciar fortemente a gravidade clínica, a necessidade de terapêutica de suporte de órgão e a mortalidade. A maioria dos doentes apresentava um foco médico e cerca de metade dos doentes choque séptico estabelecido. A presença de choque sé'co aumentou as odds de mortalidade, em todos os focos de infeção. Contudo, apesar da presença de bacteriemia estar associada à presença de choque séptico, não mostrou impacto na taxa de mortalidade. Aproximadamente um terço da população de doentes estudados morreu no hospital. Neste sentido, mais estudos dever-se-iam debruçar nesta temática de forma a tentar entender os mecanismos subjacentes à necessidade de uso de terapêutica de suporte de órgão bem como explorar modalidades terapêuticas inovadoras de forma a melhorar o cuidado aos doentes e, consequentemente, a sobrevivência dos mesmos.
Background: Infections pose a significant challenge and are among the most frequent diagnostic admissions to the Intensive Care Unit (ICU). However, studies often focus on sepsis itself and less attention is given to the infection focus. The current study investigated the differences in mortality and morbidity, namely the need for organ support therapy, in infected patients, according to the different infection focus. Methods: Cohort analysis of adult inpatients with sepsis diagnosis, categorized according to the primary site of infection, admitted at the ICU of Hospital de Vila Franca de Xira between 1/1/2019 - 31/12/2023. Clinical and demographic data, including the Simplified Acute Physiology Score (SAPS) II, were collected. The primary outcomes assessed were ICU and hospital mortality, the need for organ support therapy (renal replacement therapy, vasopressors, or invasive mechanical ventilation), and the impact of septic shock and bacteremia on the outcome. Results: A total of 888 pa'ents were included. Of these, 73.4% had a medical site of infection; 40.3% had septic shock and 14% bacteremia. Bacteriemia was associated with septic shock (Odds Ratio - OR 1.7, 95% Confidence Interval- CI 1.2-2.5), but not with hospital mortality (OR 0.8, 95%CI 0.5-1.1). Septic shock was more common in patients with hospital-acquired pneumonia, endocarditis and intra-abdominal infections. Septic shock increased the odds of dying in the hospital (OR 3.5, 95% CI 2.6-4.6), and this was mostly noted in patients with intra-abdominal infections, other than peritonitis (OR 6.4, 95% CI 2.5-16.8). Renal replacement therapy and invasive mechanical ventilation were ofen needed, especially in patients with septic shock. The standardized mortality rate was especially higher in pa'ents with hospital-acquired pneumonia (1.34) or endocarditis (1.29), much higher than in the general popula'on (0.78). Conclusions: The infection focus strongly influence clinical severity, the need for invasive organ support therapy, and mortality.

Description

Trabalho Final do Curso de Mestrado Integrado em Medicina, Faculdade de Medicina, Universidade de Lisboa, 2024

Keywords

Foco de infeção Choque séptico Terapêutica de suporte de órgão Unidades de Cuidados Intensivos (UCI) Simplified Acute Physiology Score II (SAPS II)

Pedagogical Context

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