Potencial e viabilidade económica da utilização de estufas para produção de hortaliças em São Tomé e Príncipe

Abstract

A sazonalidade na produção de hortaliças em São Tomé e Príncipe é causada principalmente pela presença das chuvas durante oito meses do ano, assim a produção da maioria das hortaliças é muito difícil durante esta época, o que afeta gravemente a disponibilidade, a qualidade e consequentemente a variação do preço destes produtos ao longo do ano. Com o objetivo de verificar o potencial da utilização das estufas como forma de minimizar o problema da sazonalidade, selecionaram-se oito estufas na ilha de São Tomé que foram acompanhadas durante cinco meses, de abril a setembro. Foram também selecionadas as duas hortaliças de maior importância económica e social e que mais são afetadas pela sazonalidade, o tomate (Lycopersicon esculentum) e o pimento (Capsicum annuum). Por conseguinte, acompanhou-se o ciclo cultural e a situação de mercado de forma a comparar potencial e a viabilidade económica das duas culturas dentro e fora da estufa. Começou-se por fazer a caracterização edafoclimática que revelou ser mais favorável para produção de hortaliças ao ar livre durante a época seca (junho a setembro), enquanto que a produção em estufa pode ser feita durante todo o ano, mas durante a época chuvosa (outubro a maio) é mais favorável pelo preço de mercado, sendo muitas vezes a única produção durante os meses de abril e maio. A cultura em estufa, durante a época chuvosa, beneficia dos preços mais elevados que variam entre 55 e 135 nDb kg-1 na cultura do pimento e 22,5 a 47, 5 nDb kg-1 na cultura do tomate. Durante a época seca os preços variam de 37,5 a 65 nDb kg-1 e 12,5 a 20 nDb kg-1 para a cultura do pimento e do tomate, respetivamente. verificou-se que não existe diferenciação de preço entre as hortaliças produzidas dentro e fora das estufas, mas os frutos da estufa possuem uma maior facilidade de venda por apresentarem uma maior qualidade. A produtividade média do tomate e do pimento foram 2,1 kg m-2 e 3,5 kg m-2, respetivamente. Ambas as produtividades são superiores às do ar livre, 1,8 kg m-2 para o tomate e 2,4 kg m-2 para o pimento. A produção total foi de 13 toneladas de pimento e 6 toneladas de tomate em que 62% e 91% respetivamente, foi produzido durante a época de maior escassez, época chuvosa. Assim, pode-se afirmar que, mesmo ainda distante do seu potencial produtivo, as estufas são mais produtivas e estão a contribuir para diminuição da sazonalidade. Por último o custo da estrutura é elevado, 83 USD/m2, com as produtividades atuais torna-se quase impraticável o empréstimo bancário para construção de estufas. Portanto é fundamental que as estufas se aproximem do seu potencial produtivo e para isso propôs-se a introdução de algumas melhorias nas fitotécnicas utilizadas bem como melhorias na gestão das cooperativas