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Walkability and health : the relationship between built environment and the population’s health status in the Metropolitan Area of Lisbon

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Abstract(s)

A falta de atividade física é um dos fatores mais importantes para o aumento de várias doenças crónicas. É reconhecido que andar a pé traz vários benefícios para a saúde e contribui para a prevenção de várias doenças. Por outro lado, a saúde é cada vez mais complexa, pois as questões do bem-estar e da saúde mental estão, felizmente, mais presentes nos dias de hoje. Vários estudos demostraram que as características do ambiente construído podem contribuir para a melhoria da saúde dos seus cidadãos, suportando estilos de vida mais saudáveis, em particular, estilos de vida mais ativos, com maior nível de atividade física. Um termo que tem sido usado para descrever o ambiente construído que suporta as deslocações a pé é o termo walkability. A tradução do termo mais sugerida é de “caminhabilidade”. Das características que o conceito descreve fazem parte a qualidade dos caminhos pedonais, a morfologia urbana, o sentimento de segurança, a proximidade a pé de atividades, entre outros. Vários índices de caminhabilidade foram criados para medir as qualidades de ambiente construído, utilizando diferentes indicadores que descrevem essas qualidades. Porém, outras dimensões do ambiente construído são importantes para a melhoria da saúde e do bem-estar da população, que não são avaliadas pela maioria dos indicadores de caminhabilidade existentes, como, por exemplo, os impactos da qualidade do ar ou a proximidade a equipamentos de saúde. Por outro lado, grande parte da investigação foi feita para os contextos dos Estados Unidos da América, Canadá e Austrália, e alguns exemplos europeus, estando em falta o contexto mediterrâneo com as suas características próprias. O presente doutoramento dá resposta a três grandes objetivos. Primeiro, a definição do conceito de caminhabilidade tendo em vista a sua relação com a saúde, incluindo não só a questão das deslocações pedonais, mas também o contributo do ambiente construído para outros aspetos do bem-estar e da saúde. Segundo, testa esta definição e os indicadores para a criação de um índice de caminhabilidade que explica a saúde para o contexto português. Finalmente, avalia a relação entre a caminhabilidade e a saúde, identificando formas e medidas de planear e desenhar cidades mais saudáveis e que promovam a saúde e bem-estar dos seus cidadãos. A investigação segue uma abordagem de sucessivo aumento de detalhe, utilizando indicadores e medidas disponíveis e recolhidos a cada uma das escalas de análise. Na primeira escala, à escala da freguesia, os dados utilizados são principalmente dados oficiais e abertos, provenientes de fontes como o INE e outros organismos oficiais. A variável dependente é as admissões hospitalares devido a diabetes. Na fase seguinte, a análise é feita ao nível da subsecção estatística, avaliando-se a distribuição das características de caminhabilidade pelos vários grupos socioeconómicos na Área Metropolitana de Lisboa (AML). Nesta fase, foram criados e testados índices de caminhabilidade e de privação socioeconómica, sendo analisada a sua relação. Finalmente, na escala de maior detalhe, foram avaliadas características de desenho urbano ao nível da rua para o aumento das deslocações pedonais utilitárias e de lazer. A primeira abordagem nesta escala foi feita para Santarém, como forma de testar a metodologia a aplicar na AML. Na fase seguinte, foi aplicada uma abordagem semelhante para cerca de 1500 indivíduos em quatro concelhos da AML. Nesta última fase, foram avaliadas características de ambiente construído ao nível macro, que incluem acessibilidade ao centro da cidade de Lisboa, a equipamentos de saúde e de educação, entre outros; mas também foram usados indicadores de microescala importantes para a perceção do indivíduo, entre os quais a largura do passeio, densidade de árvores, segurança, entre outros. As características do ambiente construído foram usadas para procurar e explicar o nível de saúde dos indivíduos inquiridos. Os resultados da primeira escala de análise mostram que não existe uma relação direta entre o ambiente construído e as admissões hospitalares. A influência é feita através da poluição do ar e do uso dos modos ativos. O modelo proposto explica 27% da variação das admissões hospitalares. Estes resultados revelam uma relação complexa entre o ambiente construído e a saúde, em particular, na sua relação de mediação com outras variáveis que são resultado das condições do ambiente construído, neste caso, a qualidade do ar e os modos ativos, intimamente ligados. No caso dos resultados ao nível da subsecção, concluímos que não existe relação entre as condições socioeconómicas e as características de caminhabilidade na AML. Os diferentes grupos socioeconómicos ocupam os locais com melhores e piores condições de caminhabilidade. No entanto, considerando a distância ao centro da cidade, a zona dentro dos 15 minutos de distância do centro de Lisboa é aquela que apresenta os valores mais elevados no que respeita à correlação entre a caminhabilidade e as condições socioeconómicas. Neste caso, a correlação mais forte está presente entre o índice de caminhabilidade e o valor de propriedade, sendo este um importante proxy da condição socioeconómica. Finalmente, os resultados dos testes metodológicos para a análise ao nível da rua no contexto de Santarém mostram que as condições da estrutura urbana, medida por indicadores de conectividade, é mais importante para explicar as deslocações pedonais. Os resultados das várias escalas de análise reforçam a complexidade da relação entre o ambiente construído e a saúde dos habitantes. Os resultados destacam a importância das relações de mediação entre diferentes aspetos do ambiente construído e os hábitos dos indivíduos, em particular na questão da mobilidade com impactos na qualidade do ar e nos níveis de atividade física. Por outro lado, os resultados questionam a vantagem da criação de indicadores compostos com base em condições de caminhabilidade e da sua real utilidade para quem planeia e desenha cidade. Os indicadores compostos são úteis para a avaliação do desenho proposto, mas o contributo individual de cada aspeto do ambiente construído às diferentes escalas é o mais útil para o apoio ao desenho e planeamento da cidade. O presente doutoramento confirma a importância do ambiente construído para a saúde da população, em particular no que respeita à mobilidade ativa. Por outro lado, dá também pistas para os que arquitetos que desenham a cidade o possam fazer de forma a promover uma cidade e cidadãos mais saudáveis.

Description

Tese de doutoramento. Urbanismo. Universidade de Lisboa. Faculdade de Arquitetura. 2024

Keywords

caminhabilidade saúde ambiente construído indicadores urbanos walkability health built environment urban indicators

Pedagogical Context

Citation

PEREIRA, Mauro Ricardo Fernandes - Walkability and health : the relationship between built environment and the population’s health status in the Metropolitan Area of Lisbon. – Lisboa : FA, 2024. – Tese de doutoramento.

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Publisher

Universidade de Lisboa, Faculdade de Arquitetura

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