| Name: | Description: | Size: | Format: | |
|---|---|---|---|---|
| 1.11 MB | Adobe PDF |
Authors
Advisor(s)
Abstract(s)
Numa noite de verão alentejana, daquelas em que o calor não cede,
uma jovem mulher espoja-se no chão no patio da casa de uma amiga, nua
estonteada pela mistura de vinho e pastilhas. Chora e grita, enfurecida
com a ausência de si mesma. o que ela sabe ser não é o que ela vê que é: ela revolta-se contra a sua própria ausência. por entre o choro convulso
exclama: 'Nasci para ser princesa, e passo os dias a vender berloques num
supermercado!'
como é que uma neta de camponeses pobres se sente traída por não ser, afinal, uma princesa? A sua inteligência, a sua beleza, o amor quem de a rodeia poderiam ter validado o sentimento que tem de quem é, mas logo o mundo que a rodeia lhe vai retirando quotidianamente essa certeza. Para onde se esvaiu a sua inocência? O Alentejo nunca esteve tão próspero e, no entanto, os alentejanos perderam outra vez o seu mundo.
Que causa esse rastro de ausência? Ao longe, parece que ouvimos o sorriso já distante de clara pinto corre ia, era própria a caminho de Nova
Iorque: 'Adeus, princesa!, (1995)
Description
Keywords
Pedagogical Context
Citation
Pina-Cabral, J. de (2023). Princesa. In Pussetti, C., Martins, H., Mendes, P. (Eds.), Exercícios de antropologia narrativa, pp. 139-147. Lisboa: Edições Colibri
