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Abstract(s)
O objectivo do presente trabalho é estudar, de um ponto de vista comparativo,
a monitorização do ambiente. O conceito refere-se à forma pela qual os animais
se mantêm ao corrente das alterações no ambiente que têm pertinência para a
a sua sobrevivência. Esta noção é muito ampla, e abarca todos os casos em que
há, no ambiente, informação a que o animal deve adaptar o seu comportamento,
o que abrange a totalidade dos processos de interacção de um animal com o
meio. Isto implica que, neste trabalho, o conceito tenha sido restringido de
forma a poder ser utilizável. Aplica-se aqui, sobretudo, a casos em que a
informação a ser monitorizada é nova, implicando processos de ganho de
informação, embora seja feita uma breve referência (Capítulo II) a processos de
monitorização sem memória.
O facto de se considerar o processo pelo qual os animais detectam
estimulação pertinente implica que se considere o problema da distinção entre
os processos receptores e a sua adequação à informação do ambiente. Isto é,
utilizando uma analogia informática, é necessário considerar a distinção entre
o programa e os que lhe são dados. Um programa não aceita qualquer
informação: há restrições àquilo que pode processar; e aquilo que é aceite é
processado de forma particular. O que aqui é dito acerca de um programa é
válido para qualquer situação: a água deitada num copo assume algumas
propriedades do copo (a sua forma e o volume que ele pode conter) e, em
geral, o conhecimento de qualquer processo de transferência de uma coisa para
um suporte diferente implica o conhecimento da coisa e do suporte.
Qualquer teoria da monitorização do ambiente deverá, então, considerar
a questão de saber (retomando a analogia informática inicial) qual o programa
e qual o input a que ele é sensível. Este tipo de problema foi central na Etologia
objectivista: a herança kantiana, transmitida à Etologia por Jacob von Uexküll,
enfatizava claramente esse aspecto, e toda a Etologia objectivista pode ser
considerada como uma tentativa de caracterizar o comportamento animal a partir
da noção de «programas perceptivos» e "outputs motores» típicos de cada
espécie. Contudo, e exceptuando alguns projectos de investigação particulares,
este tipo de atitude foi descontinuado na Etologia, na sequência das críticas que
os investigadores provenientes da Psicologia Comparada e os etólogos por ela influenciados dirigiram ao referencial objectivista.
Assim, um investigador que pretenda estudar a questão da monitorização
encontra-se face a um vazio teórico: na Etologia moderna não há teoria que
permita compreender a interacção entre, por um lado, os processos de detecção, tratamento e armazenamento de informação do ambiente e, por outro, a
informação que o animal efectivamente encontra.
Na falta de tal teoria, dirigi-me inicialmente para as correntes da
Psicologia da aprendizagem mais compatíveis com o referencial etológico
(sobretudo as teorias mais «cognitivistas»). Contudo, a releitura dos trabalhos
da Etologia objectivista convenceu-me de que o vazio teórico criado pela crítica
da Psicologia Comparada não foi preenchido na Etologia moderna, e de que
essa crítica radica em incompreensões, mais ou menos pronunciadas, da teoria
objectivista original. Mais, fui extremamente sensível à riqueza dos trabalhos
empíricos gerados pelo referencial objectivista.
Por tudo isso, pareceu-me imperativo começar este trabalho por um
exame relativamente minucioso da pertinência das críticas dos comparativistas
ao referencial objectivista. Isso obriga-me a retomar questões antigas, e a
repisar argumentos com mais de trinta anos. Espero que o resultado da análise
compense este recuo. (...)
Description
Tese de doutoramento em Psicologia (Psicologia Geral), apresentada à Universidade de Lisboa através da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação, 1995
Keywords
Psicologia experimental Etologia Monitorização do ambiente Estímulos discretos Agressividade Exploração Teses de doutoramento - 1995