Almeida, Isabel Adelaide Penha Dinis de Lima eSimões, André Filipe Veloso NunesTeixeira, Gil Clemente2025-02-262025-02-262024-12-182025-01-22http://hdl.handle.net/10400.5/98814Com este trabalho tentamos escrever mais um capítulo da história da receção d’Os Lusíadas em Portugal. Organizamos a tese em duas partes, cada uma dividida em cinco capítulos. A primeira parte é dedicada à receção d’Os Lusíadas na épica portuguesa dos séculos XVII e XVIII (O Fénix da Lusitânia, de Manuel Tomás, Castreidos, de Tomás Caetano de Bem, e A Conquista de Goa, de Francisco de Pina e Melo); a segunda parte, à receção do poema na tradição paródica do mesmo período (O Foguetário, de Pedro de Azevedo Tojal, Paródia borracha seiscentista, de António de Magalhães e Menezes, e a Alegoria dos Lusíadas de Camões castificada, de José Bernardino de Magalhães Bacelar). É indiscutível que, em Portugal, Os Lusíadas estiveram sempre no horizonte da produção épica e em grande parte da produção paródica. Cedo estabelecido, o lugar canónico d’Os Lusíadas (vistos como exemplo ou modelo a seguir) despertou consensos e divergências, homenagens e contestações, quer no plano da teorização, quer no plano da produção. Só parece não ter sido possível a indiferença. A pergunta que orientou toda a tese foi a seguinte: “como foram lidos Os Lusíadas nos séculos XVII e XVIII na poesia épica, em português e em latim, e na sua correspondente desconstrução, isto é, no filão parodístico?”. Embora cada leitor receba o poema de acordo com o seu universo de referências e de valores, conseguimos encontrar afinidades nas diferentes leituras, afinidades denunciadas pelos diferentes textos estudados. Analisados os seis textos do corpus, vemos que Os Lusíadas, nos séculos XVII e XVIII, são um poema que a todos fascina, em Portugal e no estrangeiro, seja no campo das letras neolatinas, seja no campo das letras vernáculas. No entanto, se, por um lado, a obra maior de Camões inspirou uma produção que d’Os Lusíadas busca aproximar-se (o que se vê, por exemplo, em práticas como a da citação), por outro, estimulou uma busca de diferença, observável também na prática da rasura ou da engenhosa reformulação do texto de partida. As questões e os lugares em que a atenção incide pouco divergem. Daí que possamos dizer: como faces de um retábulo barroco em que uma doura e outra desdoura, a épica e a paródia construídas em estreita relação com Os Lusíadas radicam, estranhamente, numa leitura afim.With this work we try to write another chapter in the history of the reception of The Lusiads in Portugal. We have organized the thesis into two parts, each divided into five chapters. The first part is dedicated to the reception of The Lusiads in Portuguese 17th- and 18th- century epic (O Fénix da Lusitânia, by Manuel Tomás, Castreidos, by Tomás Caetano de Bem, and A Conquista de Goa, by Francisco de Pina e Melo); the second part, to the poem's reception in the parodic tradition of the same period (O Foguetário, by Pedro de Azevedo Tojal, Paródia borracha seiscentista, by António de Magalhães e Menezes, and Alegoria dos Lusíadas de Camões castificada, by José Bernardino de Magalhães Bacelar). It is indisputable that, in Portugal, The Lusiads have always been on the horizon of epic production and to a large extension of parodic production. Early on, the canonical place of The Lusiads (seen as an example or model to follow) produced both consensus and disagreement, homage and contestation, in terms of theorizing as well as of production. Indifference alone appeared to be impossible. The question that guided the whole thesis was the following: “How were The Lusiads read in the 17th and 18th centuries – both in epic poetry in Portuguese and in Latin and in its deconstructed, parodic form?”. Although each reader receives the poem according to their own universe of references and values, we were able to find affinities in the different readings, exposed by the various texts studied. Having analyzed the six texts in the corpus, we can see that The Lusiads, in the 17th and 18th centuries, was a poem that fascinated everyone, in Portugal and abroad, whether in the field of neo-Latin letters or vernacular letters. However, if, on the one hand, Camões' greatest work inspired a production that sought to come closer to The Lusiads (which can be seen, for example, in practices such as citation), on the other hand, it stimulated a search for difference, which can also be seen in the practice of erasure or ingenious reformulation of the source text. The issues and places that receive attention vary only slightly. That is why one can say that, like faces of a baroque altarpiece in which one gilds and the other disdains, the epic and the parody built in close relationship with The Lusiads are strangely rooted in a similar reading.porCamões entre a épica e a paródia : sobre a receção d´Os Lusíadas na literatura portuguesa dos séculos XVII e XVIIIdoctoral thesis101645465