César, Margarida, 1958-Figueiredo, Orlando José Martins Garganta2011-10-312011-10-312005http://hdl.handle.net/10451/4400Tese de mestrado em Educação (Didática das Ciências), apresentada à Universidade de Lisboa através da Faculdade de Ciências, 2005Muitos afirmam que a crise ambiental é sobretudo uma crise de valores e menos uma crise tecnológica ou económica. É uma crise devida à valorização excessiva do lucro monetário, esquecendo a protecção da vida, os direitos humanos e a preservação dos ecossistemas e do mundo natural. O grande problema é que vivemos num mundo finito e com recursos limitados onde o crescimento económico actual é mantido à custa da degradação ambiental e social. Apesar do desenvolvimento científico associado à mercantilização da ciência estar na base desta crise global, é possível e necessário inverter esta situação. A ciência, em colaboração com outras áreas do conhecimento como a religião, a arte e a filosofia, deve estar na linha da frente da mudança de paradigma que é necessário alcançar. Nesta perspectiva, a escola, no geral, e a educação em ciências, em particular, poderão ter um papel protagonista. No entanto, se precisamos de uma mudança de paradigma na forma como vemos e interagimos com o mundo, também a escola tem de mudar. A actuação e organização da escola dos nossos dias são inspiradas nos modelos do século XIX. As práticas e metodologias pedagógicas de alguns professores, frequentemente de inspiração behaviourista, de exposição seguida da resolução de exercícios, são inadequadas na resposta às necessidades actuais da sociedade. Este trabalho inclui-se, num projecto mais abrangente, Interacção e Conhecimento, em que um dos objectivos principais é a promoção de uma educação inclusiva, onde as diversidades culturais sejam encaradas como um elemento enriquecedor do processo de ensinoaprendizagem e não como um obstáculo. Este projecto de dissertação de mestrado é constituído por dois estudos de caso de duas professoras de ciências (uma de ciência naturais e outra de ciências físico-químicas) do 3º ciclo do ensino básico de uma escola básica situada na região noroeste da Grande Lisboa. O objectivo principal é compreender as concepções das duas professoras participantes, acerca da natureza da natureza da ciência, do ensinoaprendizagem das ciências, do estado do mundo, da educação para a sustentabilidade, como estes conceitos se relacionam entre si e como se concretizam em ambiente de sala de aula. O quadro teórico é sustentado por uma perspectiva ecológica dos humanos na Terra, pelas ideias do movimento ecologia profunda, pela Teoria de Gaia de Lovelock e por uma perspectiva da ciência inspirada num cosmopolitismo epistémico, assumindo uma atitude de aprender com a natureza em vez de aprender acerca da natureza, bem como por uma abordagem sociocosntrutivista do processo de ensino aprendizagem. Os instrumentos de recolha de dados utilizados foram: observação não-participante, entrevistas às professoras participantes, reunião do investigador com as participantes para análise e discussão dos dados recolhidos e, como forma de triangulação dos dados, foram aplicados questionários aos alunos dos 8º e 9º ano da referida escola. A análise dos dados ilumina que as concepções das professoras acerca da ciência estão próximas das perspectivas empiro-positivistas, concepções atomizadas e estanques das questões relacionadas com a sustentabilidade e, apesar de reconhecerem a importância da adopção de práticas de sala de aula de inspiração socioconstructivista, não nos apercebemos de indícios da sua concretização nas metodologias de sala de aula adoptadas durante a observação efectuada. Temos esperança de que este trabalho constitua um contributo, ainda que inegavelmente modesto, para a tão desejada mudança de paradigma. Um contributo que promova o desenvolvimento de uma consciência ecológica que ajude a reconhecer que somos parte integrante da Gaia viva e que necessitamos de a manter sustentada para a nossa própria sobrevivência.Many say that the environmental crisis that we face is mainly a value crisis rather than a technological or economical one. It's a crisis caused by the profit making values where net incoming maximization is the priority over life protection, respect for human rights respect and natural world and ecosystem preservation. The main issue is that we live in a limited world with limited resources and the actual economical growth is only supported by the environmental and social expenses. Although scientific development and merchandising are the basis of the global crisis, a bias is possible. Science, along with other areas like religion, art and philosophy, must be on the front-line of the paradigm shift that should be achieved. In this perspective school in general and science education in particular have a protagonist role. But if we need a paradigm shift in the way we see and interact with the world we also need one at school. Nowadays, the organization and action of the school is inspired by the XIX century institution. Teachers’ practises and pedagogical methodologies, commonly inspired by the behaviourist perspective end up being mainly expositive followed by the resolution of exerceises, are often inadequate to respond to the necessiteis of our days. This work is included in the wider Interaction and Knowledge project wose main goal is the promotion of an inclusive school where cultural diversities are seen as a enriching element to teach and learn instead of an obstacle. This project is constituted by two case studies of two science teachers (one of Natural Science and another of Physics and Chemistry) of the 3rd cycle of a portuguese compulsory school situated in the Northwest region of Lisbon. The main purpose is to understand the participant teachers' conceptions about the nature of science and science education, the state of the world and education for sustainability, how these concepts relate to each other and how they are put in action in the classroom environment. The theoretical framework is supported by ecological perspectives of the humans role on earth. It is supported by the the deep ecology movement ideas, by the Lovelock's Gaia theory and by an epistemological view of science inspired by an epistemic cosmopolitanism, in a learning with nature instead of a learning about nature attitude and by a socio-constructivist approach of teaching and learning process. The data collection instruments used were: non-participant observation, teachers’ interviews, a collected data discussion meeting with the two teachers and, as a triangulation instrument, questionnaires filled by the 8th and 9th grade students. Data analysis illuminates that teachers’ conceptions of science are near empiric and positivist perspective. The conceptions about sustainability seem atomized and not integrated in a systemic view. Although they recognise the importance of adopting classroom socioconstructivist approaches, we didn't find any evidence of using them classroom in classroom methodologies. We hope that this work might be contribution, even if a modest one, to the global paradigm shift, that we can no longer postpone. That it will help to develop an ecological awareness of us being part of the living Gaia and that we need her to be sustained survive.porTeses de mestrado - 2005Educação para a sustentabilidadeEducação em ciênciaEcologia profundaCiência e sustentabilidade : dois estudos de caso de professores de Ciências Físicas e Naturais do 3º Ciclo do Ensino Básicomaster thesis