Barreiras à implementação dos cuidados paliativos em doentes em programas de transplante de órgãos sólidos

Abstract

Introdução: Os Cuidados Paliativos (CP) são dirigidos aos doentes que apresentam sofrimento grave, grupo no qual se incluem os doentes em programas de transplante (PdT). Embora vários estudos demonstrem o seu benefício, a subutilização dos CP neste âmbito é frequentemente mencionada na literatura. Esta revisão visa explorar as barreiras que impedem a implementação de CP nos doentes em PdT. Métodos: Foram pesquisados artigos em inglês através da plataforma Pubmed, utilizando os termos MeSH “Palliative” e “Transplant*” e (“Barrier*” ou “Obstacle*”). Foram excluídos os artigos referentes a transplante de células hematopoiéticas. Resultados: São vários os obstáculos que dificultam o envolvimento dos CP nos doentes em PdT. Englobam os doentes e suas famílias, os profissionais de saúde e os próprios programas, estando presentes nos doentes em situação de pré e pós-transplante. Discussão: Apesar da existência de diversas barreiras, são poucas as apoiadas por mais de um estudo. As expectativas elevadas de sobrevivência, a dificuldade em reconhecer o momento certo para referenciar, a ideia de contrariedade entre os objetivos do transplante e da paliação e os requisitos para manutenção nos PdT são descritos em mais de uma publicação. Esta revisão encontrou mais barreiras alusivas aos clínicos dos PdT. Conclusão: Considerando o seu benefício comprovado, o reconhecimento das barreiras identificadas e sua resolução pode facilitar o envolvimento dos CP nos doentes em PdT.

Introduction: Palliative Care (PC) targets patients with severe suffering, including those enlisted in Transplant Programs (TP). In spite of its demonstrated benefit, the underutilization of PC is mentioned throughout the literature. This review aims to explore the barriers to PC implementation in transplant patients. Methods: English articles were searched on Pubmed, using the MeSH terms: “Palliative” and “Transplant*” and (“Barrier*” or “Obstacle*”). Articles concerning hematopoietic cells were excluded. Results: There are many obstacles preventing PC utilization in transplant patients. They involve the patients and their families, the health care professionals and the programs and exist for both pre- and post-transplant patients. Discussion: Although this review recognized multiple barriers, there are phew supported by more than one study. Elevated survival expectancy, difficulties recognizing the right moment for referral, the idea of PC and transplantation having contradicting goals and the requirements of the TP are described in more than one publication. This review found more barriers concerning the TP clinicians. Conclusion: Considering its proved benefit, the acknowledgment of the identified barriers may improve PC involvement in transplant patients’ care.