A decoração esculpida na arquitectura da escola dos Lopes (1553-1603): as formas e os símbolos

Abstract

João Lopes o Moço, Gonçalo Lopes e Mateus Lopes foram três irmãos que conceberam e edificaram arquitectura na segunda metade do século XVI, laborando no vasto território do Noroeste ibérico. Com oficinas sedeadas, respectivamente, em Viana da Foz do Lima, Guimarães e na Galiza (Pontevedra e Santiago de Compostela), estes arquitectos criaram entre 1553 e 1603 um interessante corpus de estruturas religiosas e civis que se destacam por constituírem um conjunto de grande afinidade e coerência visual, permitindo que qualquer uma das obras executadas dentro deste agregado seja associada ao nome Lopes, independentemente do irmão que a desenhou, do local onde se implanta ou da data em que foi erigida. Esta identidade transversal às três oficinas é fomentada pela semelhança das estruturas e, sobretudo, pelas analogias iconográficas dos seus programas de decoração esculpida, já que muitas das obras desta família quinhentista incorporam programas ornamentais de escultura que reúnem tipos iconográficos semelhantes entre si. Em conjunto, estas duas características originaram uma arquitectura com o mesmo estilo – a arquitectura da escola dos Lopes. Os estudos sobre esta escola que foram realizados até ao presente indicam que João Lopes o Moço, Gonçalo Lopes e Mateus Lopes transpuseram a sua relação familiar para o trabalho; não só laboraram no mesmo território como também trocaram mão de obra entre oficinas. Se a semelhança entre estruturas e o modo como o ornamento foi cinzelado e se apresenta distribuído nos programas indiciam que os três arquitectos trocaram ideias e projectos, uma pergunta surge na observação deste corpus: e se este ornamento esculpido da arquitectura dos irmãos Lopes tem não só semelhanças visuais mas partilha também a mesma mensagem simbólica? A dissertação que aqui se apresenta pretende responder a esta questão. Tendo como objecto de estudo dezoito edificações que comportam conjuntos ornamentais, este trabalho irá analisar as formas e os símbolos da decoração esculpida da arquitectura da escola dos Lopes, fazendo a leitura iconográfica destes programas e propondo, assim, uma aproximação ao seu significado.

João Lopes o Moço, Gonçalo Lopes and Mateus Lopes were three brothers who designed and built architecture in the second half of the 16th century, working in the vast territory of northwestern Iberian Peninsula. With workshops in Viana da Foz do Lima, Guimarães and Galicia (Pontevedra and Santiago de Compostela) respectively, between 1553 and 1603 these architects created an interesting corpus of religious and civil structures which stand out as a set of outstanding affinity and visual coherence, enabling any of the works executed within this aggregate to be associated with the name Lopes, regardless of the brother who designed it, the place where it is located or the date on which it was erected. This cross-cutting identity for the three workshops is fostered by the similarity of the structures and, above all, by the iconographic analogies of their sculptural decorative sets, since many of the works of this 16th century family incorporate ornamental sculptural programmes that bring together iconographic types similar to each other. Combined, these two characteristics gave rise to an architecture with the same style - the architecture of the Lopes school. The studies on this school that have been carried out to date indicate that João Lopes o Moço, Gonçalo Lopes and Mateus Lopes transposed their family relationship to work; not only did they work in the same territory, but they also exchanged labour between workshops. If the similarity between structures and the way the ornament was carved and is distributed in the programmes indicate that the three architects exchanged ideas and projects, a question arises in the observation of this corpus: what if this carved ornament of the Lopes brothers' architecture has not only visual similarities but also shares the same symbolic message? This PhD dissertation aims to answer that question. Having as its object of study eighteen buildings comprising ornamental sets, this work will analyze the forms and symbols of the sculptural decoration of the architecture of the Lopes school, making an iconographic reading of these programmes and thus proposing an approximation to their meaning.