Cuidados paliativos : a hidratação e nutrição artificiais no doente em fim de vida

Abstract

Os avanços na Medicina permitiram aumentar a longevidade e, consequentemente, a esperança média de vida dos indivíduos com doenças crónicas e progressivas. O envolvimento dos Cuidados Paliativos na vida destes doentes é essencial, fornecendo os cuidados de conforto e a manutenção da qualidade de vida de que necessitam. Uma das áreas mais controversas nos Cuidados Paliativos é relativa à Nutrição e Hidratação Artificiais (NHA) nos doentes em fim de vida, que consiste na administração de fluidos não nutricionais, administrados por via subcutânea, venosa ou entérica (através de sonda nasogástrica, jejunostomia ou gastrostomia). Ao longo das últimas décadas, a comunidade médica tem vindo a debater se a NHA deve ser considerada um tratamento médico ou um cuidado básico que deve ser prestado. Alguns autores defendem a NHA como um tratamento básico, existindo uma obrigação por parte dos serviços de saúde de fornecer os meios necessários para a manter enquanto o doente o desejar e conseguir receber. Outros autores, por sua vez, consideram-na um tratamento médico. Assim sendo, deve ser ponderada, caso a caso a sua utilização. Neste trabalho, faz-se uma revisão da literatura, partindo de artigos redigidos sobre este tema, entre 2010 e 2020, no sentido de esclarecer as principais discórdias entre autores, bem como as questões médicas e éticas que se mostram preponderantes no momento da decisão.

Over the years, the increasing developments in Medicine have improved the overall life expectancy of the general population, more specifically of people with chronic and progressive diseases. The presence of Palliative Care in the life of these patients is essential, providing comfort care and the maintenance of their life quality. One of the most controversial topics in Palliative Care is the Artificial Nutrition and Hydration (ANH) in end-of-life patients, which consists in the administration of non-nutritional fluids, administered via the subcutaneous tissue, venous system or enterally (through nasogastric tube, jejunostomy or gastrostomy). Over the last decades, the medical community has been discussing if ANH should be considered a medical treatment or part of a basic care that should be universal. For some authors, ANH is considered basic care and, therefore, there is an obligation by the medical health care professionals to provide the necessary means to maintain it as long as the patient wishes for or is able to receive it. For other authors, it should be considered a medical treatment and, therefore, its application should be contemplated in each case. This work is a literature review of scientific articles written about this subject, between 2010 and 2020, in order to clarify the main disagreements between authors, and also the medical and ethical topics that weigh in at the moment of the final decision.