Utilize este identificador para referenciar este registo: http://hdl.handle.net/10451/46543
Título: Soft tissue morphology of patients with congenitally missing second premolars: a cross-sectional study in a portuguese population
Autor: Sousa, Daniela Filipa de Almeida
Orientador: Jardim, Luís Filipe Almeida Silva
Pereira, Rui Manuel Santos
Palavras-chave: Saúde Oral
Teses de mestrado - 2020
Data de Defesa: 18-Nov-2020
Resumo: Introdução: A agenesia congénita é a anomalia de desenvolvimento dentário mais comum e caracteriza-se pela ausência de 1 ou mais dentes, sendo o número de dentes ausentes de 1 a 2 em mais de 80% dos casos. Estudos demonstraram que a prevalência da agenesia dentária na dentição decídua é rara mas, quando ocorre, é geralmente acompanhada pela agenesia do dente permanente sucessor. Na dentição permanente a prevalência da agenesia dentária varia entre 2,6% a 11,3%, dependendo da etnia e do género, sendo mais frequente no género feminino. Na população portuguesa, a prevalência descrita é de aproximadamente 6%. Mudanças evolutivas na oclusão levaram a uma retração dos maxilares e a uma diminuição do espaço necessário para acomodar todos os dentes. Consequentemente, os últimos dentes de cada série tendem a desaparecer: o terceiro molar, seguido do segundo pré-molar inferior, incisivo lateral superior e segundo pré-molar superior. Existe uma associação entre a agenesia dentária e outras situações clínicas. Em particular, no caso da agenesia dos pré- molares, foram relatados padrões de associação com atrasos no desenvolvimento, microdontia ou forma cónica de incisivos laterais superiores, infra-oclusão de molares decíduos, erupção ectópica de caninos superiores para palatino, erupção ectópica de primeiros molares e hipoplasia de esmalte. Foi ainda demonstrado que pacientes com agenesia unilateral de segundos pré-molares exibem, frequentemente, angulação distal e atraso no desenvolvimento do segundo pré-molar contralateral não erupcionado. Tudo isto sugere que a agenesia congénita e estas anomalias são expressões fenotípicas diferentes do mesmo defeito genético, pelo que a associação entre elas serve como “pista” para o reconhecimento de agenesias em fases precoces. A agenesia dentária e as possíveis alterações associadas provocam problemas mastigatórios, fonéticos e estéticos, pelo que o seu diagnóstico precoce é essencial para estabelecer um plano de tratamento adequado. A presença de agenesia pode ser detetada através de exames radiográficos, sendo a ortopantomografia o exame mais indicado por englobar todo o complexo maxilo-mandibular. Apesar de o início da calcificação dos segundos pré-molares ocorrer por volta dos 2-3 anos de idade e estes serem geralmente observados radiograficamente aos 5 anos, é frequente o seu desenvolvimento tardio, sendo mais seguro diagnosticar a sua ausência radiográfica após os 9 anos de idade. As possibilidades de tratamento resumem-se na manutenção ou encerramento do espaço e devem ser cuidadosamente avaliadas por um especialista em Ortodontia. A morfologia craniofacial e as alterações associadas ao crescimento de indivíduos, especialmente crianças, sem anomalias congénitas ou com anomalias congénitas severas têm sido minuciosamente estudadas. Todavia, poucos estudos analisaram a sua relação com anomalias menores, como a agenesia congénita do segundo pré-molar. Estudos cefalométricos prévios encontraram algumas alterações em pacientes com agenesia, tais como um menor comprimento e ângulo da base craniana, falta de processo alveolar, diminuição do comprimento da base da maxila resultando em retrognatismo da mesma, redução da altura facial inferior, redução do ângulo do plano maxilo-mandibular, diminuição do ângulo goníaco com rotação anterior da mandíbula frequentemente acompanhada por um padrão de crescimento horizontal (que se traduz numa diminuição dos ângulos ANB e SNA e num aumento do ângulo SNB), incisivos superiores e inferiores retro- inclinados e aumento da sobremordida. Estas alterações são mais acentuadas com um aumento da severidade da agenesia, surgindo uma maior proporção de indivíduos com padrões esqueléticos de classe III. Em relação aos tecidos moles, alguns autores descreveram que, nos casos de hipodontia, os lábios superior e inferior eram mais retrusivos, a face hipodivergente e com um aspeto envelhecido devido a uma redução da sua altura anterior e o perfil mais reto ou côncavo quando comparado com a população normal. Ainda assim, não existe consenso sobre a relação entre a agenesia dentária e a estrutura craniofacial, pois outros investigadores concluíram que a agenesia dentária tem pouco ou nenhum efeito sobre estas estruturas. Objetivo: Analisar a morfologia dos tecidos duros e dos tecidos moles de pacientes com agenesia congénita de segundos pré-molares. Materiais e métodos: A amostra (n=32) foi selecionada de acordo com os critérios de inclusão e exclusão. A amostra final de pacientes com C2PMA incluía 32 jovens adultos caucasianos, entre os 18 e 30 anos de idade, com agenesia congénita de pelo menos um segundo pré-molar, selecionados a partir de uma base de dados de uma clínica dentária especializada em Ortodontia na área de Lisboa. O grupo controlo (n=34) foi selecionado fazendo coincidir a idade e o género. Os traçados cefalométricos das 66 teleradiografias de perfil incluídas no estudo foram realizados no programa Quick Ceph 2000 (versão 3.6). Um segundo traçado cefalométrico foi realizado de forma a calcular o erro aleatório através do coeficiente de correlação intraclasse (ICC) calculado para cada variável utilizando o programa IBM SPSS® (versão 25). A amostra total (n = 66) foi dividida em 2 grupos: Agenesia (n = 32) e Controlo (n = 34). De forma a avaliar a influência da agenesia congénita do segundo pré-molar no padrão cefalométrico dos tecidos moles, foi realizada a estatística comparativa das variáveis independentes através do teste T-Student. Os valores das variáveis foram considerados estatisticamente significativos quando p < 0,05. Resultados: Entre os indivíduos do grupo Agenesia, 20 (62.5%) eram do género feminino e 12 (37.5%) do género masculino, sendo a idade média de 23.5 ± 4.0 anos. As variáveis dos tecidos moles que apresentaram diferenças estatisticamente significativas foram a profundidade do ILS (p = 0.042) com um valor médio de 5.2 mm e 6.0 mm para os Grupos Agenesia e Controlo, respetivamente, e o comprimento do lábio superior (p = 0.034) com um valor médio de 23.5 mm e 24.8 mm para os Grupos Agenesia e Controlo, respetivamente. As variáveis LS-Ricketts (p = 0.084), LI-Ricketts (p = 0.258), LS-Burstone (p = 0.1) e Li-Burstone (p = 0.343) mostraram uma tendência para uma posição mais retrusiva dos lábios superior e inferior em relação às linhas de Ricketts e Burstone no Grupo Agenesia, embora esta diferença não tenha sido estatisticamente significativa. Ao avaliar as variáveis dos tecidos duros, aquelas com diferenças estatisticamente significativas foram o ângulo ANB (p = 0.038) com um valor médio de 2.7º e 4.0º para os Grupos Agenesia e Controlo, respetivamente, e o ângulo IMPA (p = 0.031) com um valor médio de 94.7º e 98.6º para os Grupos Agenesia e Controlo, respetivamente. Foi observada uma ligeira diminuição do ângulo SNA e um ligeiro aumento do ângulo SNB no Grupo Agenesia, o que se traduz numa ligeira retrusão da maxila e protrusão da mandíbula. Esta informação é reforçada pelo valor médio negativo da variável Witts appraisal no Grupo Agenesia, havendo uma tendência para inversão da relação intermaxilar sagital com aparecimento de indivíduos classe III. No que diz respeito às variáveis dentárias, não existiram diferenças estatisticamente significativas entre os Grupos Agenesia e Controlo. No entanto, os valores médios da distância Ui-NA e ângulo Ui-NA estavam aumentados no Grupo Agenesia. O oposto é observado na distância Li-NB e no ângulo Li-NB. Assim, existe uma tendência para uma pro-inclinação do incisivo superior e uma retro-inclinação do incisivo inferior. O ângulo interincisal também esteve ligeiramente aumentado no Grupo Agenesia. A diminuição significativa do ângulo IMPA no Grupo Agenesia mencionada anteriormente confirma a tendência para uma posição mais retruída do incisivo inferior. Conclusão: Não foi possível definir um padrão de tecidos moles em pacientes com C2PMA, mas os resultados sugerem que existem algumas alterações características nestes indivíduos, tais como: o lábio superior é significativamente mais curto, a profundidade do sulco labial inferior é significativamente inferior, os ângulos ANB e IMPA estão significativamente reduzidos e existe uma tendência para uma posição mais retruída dos lábios superior e inferior. Devemos prestar especial atenção a alterações na morfologia craniofacial destes pacientes, a fim de estabelecer um correto plano de tratamento e evitar possíveis modificações desfavoráveis na estética facial. O número de estudos que investigam a possível correlação entre C2PMA e as alterações na morfologia craniofacial é escasso, pelo que sugerimos a realização de mais estudos com um maior número de indivíduos constituintes da amostra.
Introduction: Congenital agenesis is the most common anomaly of tooth development, with a prevalence of approximately 6% in the portuguese population. Craniofacial morphology and growth changes in individuals without congenital anomalies or with severe congenital anomalies have been thoroughly studied. However, few studies have analysed its relationship with minor anomalies, such as C2PMA. Previous cephalometric studies have found changes in the craniofacial structure of patients with agenesis. Still, there is no consensus, as other researchers have concluded that agenesis has little or no effect on these structures. Objective: Analyse the hard and soft tissues morphology of patients with C2PMA. Materials and methods: The sample (n=32) was selected according to the inclusion and exclusion criteria, from the database of a dental practice specializing in Orthodontics in Lisbon. The control group (n=34) was selected by matching age and gender. The cephalometric tracings of the profile teleradiographs were performed in the Quick Ceph 2000 program (version 3.6). In order to evaluate the influence of C2PMA on the cephalometric pattern of soft tissues, comparative statistics of independent variables were performed using the T-Student test in the IBM SPSS® program (version 25). The values of the variables were considered statistically significant when p < 0.05. Results and conclusion: The variables that showed statistically significant differences were the ILS depth and the Sn-Stms in the soft tissues, as well as the ANB and the IMPA angles in the hard tissues. It was not possible to define a soft tissue pattern in C2PMA patients, but the results suggest that there are some characteristic measurements in these individuals, namely: upper lip length is significantly shorter, inferior labial sulcus depth and ANB angle are significantly lower; IMPA angle is significantly decreased and there is a tendency towards a more retruded position of the upper and lower lips.
Descrição: Tese de mestrado, Medicina Dentária, Universidade de Lisboa, Faculdade de Medicina Dentária, 2020
URI: http://hdl.handle.net/10451/46543
Designação: Mestrado Integrado em Medicina Dentária
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