Utilize este identificador para referenciar este registo: http://hdl.handle.net/10451/41880
Título: O papel do reconhecimento do acaso no raciocínio indutivo
Autor: Ferreira, Mário B.
Orientador: Marques, Leonel Garcia, 1958-
Palavras-chave: Teses de mestrado - 1996
Psicologia cognitiva
Processos cognitivos
Raciocínio indutivo
Estatística
Tomada de decisão
Data de Defesa: 1996
Resumo: Uma das mais importantes actividades de resolução de problemas em que as pessoas normalmente se envolvem é o raciocínio indutivo. Ou seja, chegar a proposições gerais a partir de proposições particulares. A qualidade dos raciocínios indutivos por nós realizados é normalmente avaliada em função de algum modelo normativo a partir do qual se estabelecem critérios que possibilitam distinguir raciocínios correctos de raciocínios incorrectos. Genericamente, considera-se que o raciocínio indutivo, para ser correcto, deve satisfazer certos princípios estatísticos. Por exemplo, devemos ter mais confiança em generalizações baseadas num grande número de instâncias (desde que estas instâncias constituam uma amostra representativa da população) do que em generalizações baseadas num número pequeno de instâncias (lei dos grandes números). 1 • 1 • A Investigação Psicológica sobre o Raciocínio Indutiva Dado o carácter central do raciocínio indutivo no quotidiano de todos nós, é, no mínimo, perturbador verificar que muita da investigação psicológica neste domínio pareça indicar que as pessoas, face a tarefas de escolha ou tomada de decisão em condições de incerteza, usam heurísticas (processos simplificados de decisão) que não satisfazem os princípios estatísticos requeridos. De facto, a linha de investigação iniciada por Kahneman e Tversky no início dos anos 70 (para uma revisão ver Einhom & Hogarth, 1981; Kahneman, Slovic. & Tversky, 1982; Nisbett & Ross 1980), parece mostrar que as pessoas negligenciam de forma consistente variáveis estatísticas como o tamanho da amostra, os Base-Rates , a regressão à média, etc., quando tentam resolver problemas que envolvem raciocínio indutivo. Os estudos de Tversky e Kahneman foram alvo de críticas a diversos níveis. Aqueles que defendem uma perspectiva evolucionista argumentaram que o mecanismo de selecção natural dos mais aptos que subjaz à evolução, deverá garantir a produção de princípios de raciocínio altamente eficazes e correctos e que, portanto, a investigação psicológica nesta área seria de alguma forma enganadora (e.g. Cohen, 1979). Uma outra critica de relevo questiona até que ponto os resultados destas investigações terão de facto demonstrado que as pessoas falham na aplicação do que supostamente são as regras inferenciais correctas ou se os próprios investigadores estarão enganados relativamente à natureza destas regras (Cohen, 1981). Outros autores avançaram também a hipótese de que os sujeitos participantes nestas experiências foram levados a cometer erros inferenciais devido a circunstâncias ilusórias ligadas às próprias condições de laboratório cujo interesse e significado se perdem quando se considera a actuação das pessoas em situações do quotidiano (Einhom & Hogarth, 1981; Nisbett & Ross, 1980). No inicio dos anos 80, Nisbett, Krantz, Jepson e Kunda (1983), embora reconhecendo que as diversas heurísticas (que violam princípios estatísticos) identificadas por Tversky e Kahneman têm um importante papel no raciocínio indutivo, argumentaram que, em certas circunstâncias, as pessoas baseiam as suas inferências em intuições que respeitam princípios estatísticos. Ou seja, paralelamente às heurísticas não estatísticas descritas por Kahneman e Tversky, Nisbett e os seus colegas consideram a existência de heurísticas estatísticas. De facto, durante a década de 80, Nisbett e outros investigadores desenvolveram um esforço de investigação sistemático não só no sentido de mostrar que as pessoas, por vezes, raciocinam recorrendo a heurísticas que levam em consideração aspectos importantes de certos princípios estatísticos, mas sobretudo com o objectivo de determinar em que circunstâncias as pessoas demonstram sensibilidade a variáveis de natureza estatística (Nisbett, Krantz, Jepson & Kunda, 1983; Jepson Krantz & Nisbett, 1983). Com o reconhecimento de que, paralelamente às heurísticas não estatísticas, existem também heurísticas estatísticas, o trabalho de investigação sobre raciocínio indutivo ganhou novas perspectivas. Assim, mais do que perguntar porque é que os erros indutivos ocorrem ou se esses erros são ou não "reais", torna-se talvez mais frutuoso levantar questões como por exemplo: que factores facilitam ou dificultam o raciocínio indutivo baseado em princípios estatísticos?, em que domínios é que o raciocínio estatístico é mais ou menos provável de ocorrer?; será possível promover o uso de heurísticas estatísticas através do treino formal?.(...)
Descrição: Tese de Mestrado em Psicologia (Psicologia Cognitiva), apresentada à Universidade de Lisboa através da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação, 1996
URI: http://hdl.handle.net/10451/41880
Designação: Mestrado em Psicologia
Aparece nas colecções:FPCE - Dissertações de Mestrado



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