Porque se começa a fumar? : alguns preditores da iniciação tabágica e do comportamento tabágico regular

Abstract

Ainda existe pouca informação sobre os factores que podem influenciar a iniciação tabágica e a adopção do comportamento tabágico regular em jovens portugueses. Contudo, torna-se cada vez mais importante conhecer melhor este fenómeno, uma vez que as prevalências do consumo de tabaco entre os jovens estão aumentar. Este estudo procurou identificar alguns factores preditores da iniciação tabágica e do comportamento tabágico regular a longo prazo, num conjunto de variáveis que influenciam o comportamento tabágico: características sócio-demográficas, atitudes, influência social, expectativas de auto-eficácia e intenção de fumar no próximo ano e intenção de fumar no futuro. A amostra foi constituída por 545 jovens, que no ano de 1998/99 frequentavam o 7º ano de escolaridade. A média de idades era 13 anos sendo 42.9% do sexo masculino e 57.1% do sexo feminino. Estes jovens no primeiro momento da avaliação nunca tinham fumado e observou-se que após três anos 45.7% dos jovens se mantinham "nunca fumadores" enquanto que 8.4% tinham evoluído para um comportamento tabágico regular (fumavam pelo menos uma vez por semana). Observou-se que os factores preditores da iniciação tabágica foram as expectativas de auto-eficácia e a intenção de fumar no futuro. Por outro lado os factores preditores dum comportamento tabágico regular, foram o comportamento tabágico da mãe e a intenção de fumar no futuro. Pelo que é necessário que os programas de prevenção do tabagismo incluam estratégias de promoção das competências de auto-eficácia para lidar com situações onde há um maior risco de fumar, formas de reforçar a Intenção dos jovens não fumarem no futuro e, por outro lado, devem prever actividades que envolvam as famílias, uma vez que o comportamento tabágico da mãe tem um papel fundamental em termos da adopção dum comportamento regular.

There is no enough information regarding which factors influence the smoking onset and the adoption of smoking behaviour among Portuguese youths. However, studying the phenomena is important since smoking is increasing among young people. The present study identified some predicting factors to the smoking onset and long term smoking behaviour within a set of known variables that influence smoking behaviour: social-demographic characteristics, attitudes, social influence, self-efficacy expectations, and intention to smoke in the following year and in the future. The sample is constituted by 545 Portuguese students, 42.9% males and 57.1% females that were enrolled in the 7th year of schooling in 1998/99. The average age of the subjects was thirteen years old. At the first evaluation model the subjects had never smoked. Three years later, however, 45.7% of the subjects still did not smoke while 8.4% were smoking regularly, meaning smoking at least one a week. In one hand, the results reveal that self-efficacy expectations and intention to smoke in the future are good predictors of smoking onset. On the other hand, the smoking behaviour of the mother and the intention of smoking in future were the factors found to predict regular smoking behaviour. Considering these results the prevention programs for smoking should tackle two distinct issues. The prevention programs should include strategies to promote self-efficacy competences in order to help young people deal with situations with increased risk of smoking and reinforce the intention of not smoking in the future. The prevention programs need to embrace the design of activities that involve the families since the mother's smoking behaviour is a critical factor for the adoption of regular smoking behaviour.