Perceção estudantil de competência académica em contexto de avaliação : a distância entre a expectativa e a realidade e os seus determinantes

Abstract

Introdução/Contextualização: O modelo de self-regulated learning, particularmente relevante no Ensino Superior, destaca a importância da preparação prévia e reflexão posterior à aprendizagem para a autorregulação e consequente eficácia do processo de ensino-aprendizagem. A metacognição, reflexão do indivíduo sobre o seu próprio conhecimento, é uma ferramenta fundamental para esta autorregulação. Objetivos: Propusemo-nos a caracterizar uma amostra de alunos de 5º ano do Mestrado Integrado em Medicina da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa quanto à sua capacidade metacognitiva e quanto a fatores demográficos e académicos, apurando a influência destes na metacognição. Metodologia: Após os Testes de Escolha Múltipla dos Blocos Rotativos (A e B) de 5º ano, todos os candidatos a exame foram convidados a preencher um questionário recolhendo os seguintes dados: classificação que esperavam obter no exame antes e depois da realização do mesmo, género, idade, frequência prévia do Ensino Superior, média de curso, horas de estudo, classificação satisfatória e esclarecimento quanto aos objetivos avaliativos da prova. Estes dados, juntamente com a classificação obtida pelos estudantes no exame, foram analisados caracterizando a relação entre estas variáveis. Resultados: 55,5% dos candidatos a exame participou no estudo. A previsão de classificação dos participantes antes do exame é inferior à classificação real (diferença média de -0,411 e de -0,630 valores no TEM A e TEM B respetivamente) e mantém-se semelhante ou decresce após a realização do exame. Estudantes que frequentaram outro curso do Ensino Superior durante mais de três anos, bem como estudantes mais esclarecidos quanto aos objetivos avaliativos da prova erram menos nas suas previsões. Os restantes aspetos não demonstraram influenciar este. Conclusão: Os estudantes subestimam as suas capacidades académicas e não têm ganhos metacognitivos com a realização de exames. A frequência prévia do Ensino Superior e o esclarecimento adequado quanto aos objetivos avaliativos da prova contribuem para ganhos metacognitivos.

Introduction: The self-regulated learning model, which is particularly relevant in higher education, emphasizes the importance of preparation before and reflection after learning for self-regulation and the consequent effectiveness of the teaching-learning process. Metacognition, the individual's reflection on their own knowledge, is a fundamental tool for this self-regulation. Objectives: We set out to characterize a sample of 5th year students on the Integrated Master's Degree in Medicine at the Faculty of Medicine of the University of Lisbon in terms of their metacognitive ability and demographic and academic factors, determining their influence on metacognition. Methodology: After the Multiple Choice Tests of the 5th year Rotating Blocks (A and B), all the students taking the exam were asked to fill in a questionnaire collecting the following data: the grade they expected to obtain in the exam before and after taking it, gender, age, previous higher education attendance, course average, study hours, satisfactory grade and clarification on the exam's assessment objectives. These data, together with the marks obtained by the students in the exam, were analyzed to determine the relationship between these variables. Results: 55.5% of exam candidates took part in the study. Participants' predicted marks before the exam were lower than their actual marks (average difference of -0.411 and -0.630 for TEM A and TEM B respectively) and remained the same or decreased after the exam. Students who have previously attended higher education for more than three years, as well as students who are clearer about the assessment objectives of the exam, err less in their grade predictions. The other aspects have not been shown to influence the prediction error. Conclusion: Students underestimate their academic abilities and make no metacognitive gains from taking exams. Previous attendance of higher education and adequate clarification of the test's evaluative objectives contribute to metacognitive gains.