A saúde mental aos olhos dos adultos seniores portugueses

Abstract

Pouco se sabe relativamente às perceções e conhecimentos de saúde e doença mental dos adultos seniores portugueses, bem como as suas implicações nos comportamentos de procura de ajuda. Conhecendo o papel determinante do estigma em relação à doença mental e idade adulta sénior, importa explorar como poderá condicionar as perceções e comportamentos dos adultos seniores. Em Portugal, tem-se investido sobretudo em conhecer as representações de jovens e adolescentes. Contudo, direcionar a lente de investigação para os adultos seniores é extremamente importante, uma vez que têm sido apontados como o grupo com menor probabilidade de procurar ajuda, apesar da prevalência de doença mental. Este estudo propôs-se a aumentar a compreensão sobre as perceções de saúde e doença mental dos adultos seniores portugueses, bem como a sua qualidade de literacia em saúde mental e comportamentos de procura de ajuda. Permitiu compreender o papel do estigma na forma como se olha para a doença mental e idade adulta sénior, aspetos que podem obstruir ou propiciar a procura de ajuda, bem como preferências de recursos e ainda constatar a importância dos aspetos culturais e linguísticos na comunicação sobre saúde mental. Os resultados revelam que os adultos seniores portugueses tendem a ter falta de conhecimentos concretos sobre saúde mental e que visualizam a doença mental como aspeto central da pessoa, com consequências determinantes para a sua qualidade de vida. Os fatores que mais frequentemente condicionam a procura de ajuda são de tipo pessoal e em relação aos recursos e meios, e o que mais parece facilitar é o apoio de familiares e amigos, bem como a confiança profissional. A internalização do estigma em relação à idade adulta sénior poderá impactar a procura de ajuda.

Little is known about the perceptions and knowledge of mental health and mental illness among Portuguese older adults, as well as their implications on help-seeking behaviours. Considering the significant role of stigma regarding mental illness and older adulthood, it is important to explore how it might influence the perceptions and behaviours of older adults. In Portugal, research has primarily focused on understanding the representations of young people and teenagers. However, directing research efforts towards older adults is extremely important, as they have been identified as the group least likely to seek help, despite the prevalence of mental illness. This study aimed to enhance understanding of mental health and mental illness perceptions of Portuguese older adults, as well as their mental health literacy and help-seeking behaviours. It helped to comprehend the role of stigma in how mental illness and older adulthood are perceived, aspects that can hinder or facilitate help-seeking, as well as preferences for resources. It also highlighted the importance of cultural and linguistic aspects in mental health communication. The results reveal that Portuguese older adults tend to lack specific knowledge about mental health and view mental illness as a central aspect of a person, with significant consequences for their quality of life. Personal factors and resources limitations often affect help-seeking, while support from family and friends, as well as professional trust, appear to facilitate it. The internalization of stigma regarding older adulthood might impact help-seeking behaviours.