Versão portuguesa do Inventário de Presença Terapêutica e sua relação com características do processo terapêutico e personalidade dos terapeutas

Abstract

O presente estudo foi delineado com o objetivo de adaptar, para a população portuguesa, a versão do terapeuta do Inventário de Presença Terapêutica, que operacionaliza o construto de presença. Foram aplicados quatro instrumentos: um Questionário Sociodemográfico, a versão portuguesa do Inventário de Presença Terapêutica na versão do terapeuta (IPT-T), o Inventário da Aliança Terapêutica na sua versão reduzida (IAT-R) e o Inventário dos Cinco Fatores da Personalidade (NEO-FFI). Foi divulgado online, tendo resultado numa amostra de 279 psicólogos clínicos de todo o país, de diferentes idades, orientações teóricas e anos de prática clínica. Na primeira parte, apresenta-se o processo de adaptação e o estudo das propriedades psicométricas do Inventário, através do estudo da sua consistência interna, estrutura fatorial e da sua relação com medidas de construtos relacionados, nomeadamente a Aliança Terapêutica (IAT-R). Na segunda parte, procurou-se compreender a relação entre presença e outras variáveis. Conduziu-se um estudo exploratório, aplicando o NEO-FFI, para averiguar se certas dimensões da personalidade do terapeuta se podem relacionar com o grau de presença autoreportado, bem como foi explorada a relação entre presença e outras variáveis do processo terapêutico, nomeadamente a experiência clínica e a duração do processo. O instrumento apresentou níveis adequados de consistência interna (α = .87) e uma estrutura fatorial diferente da sua versão original, tendo sido obtidos dois fatores através de uma análise fatorial exploratória. Encontrou-se uma relação direta e moderada entre presença e qualidade da aliança. Surgiram relações significativas entre o grau de presença e a duração do processo terapêutico e a experiência clínica. Terapeutas com níveis mais elevados de Amabilidade, Conscienciosidade, Extroversão e Abertura à Experiência reportaram maior presença. Terapeutas com níveis mais altos de Neuroticismo reportaram índices mais baixos na presença terapêutica. Este estudo disponibiliza um novo instrumento para a investigação em Portugal. São discutidas as implicações e limitações deste estudo e a necessidade de estudos futuros.

The present study was designed with the aim of adapting the therapist version of the Therapeutic Presence Inventory to the Portuguese population, which operationalizes the construct of presence. Four instruments were applied: a Sociodemographic Questionnaire, the Portuguese version of the Therapeutic Presence Inventory in its therapist version (IPT-T), the short version of the Working Alliance Inventory (IAT-R) and the NEO Five-Factor Inventory (NEO-FFI). It was distributed online, resulting in a sample of 279 clinical psychologists from across the country, of different ages, theoretical orientation and years of clinical practice. The first part presents the adaptation process and the study of the psychometric properties of the Inventory, through the examination of its internal consistency, factor structure and its relationship with related constructs, namely the Therapeutic Alliance (IAT-R). In the second part, the aim was to understand the relationship between presence and other variables. An exploratory study was conducted, applying the NEO-FFI, to investigate whether certain dimensions of the therapist's personality may be related to the self-reported level of presence, as well as it was analyzed the relationship between presence and other variables of the therapeutic process, namely clinical experience and process duration. The instrument showed adequate levels of internal consistency (α = .87) and a different factor structure from its original version, with two factors obtained through exploratory factor analysis. A direct and moderate relationship between presence and alliance quality was found. Significant relationships emerged between the level of presence and the duration of the therapeutic process and clinical experience. Therapists with higher levels of Agreeableness, Conscientiousness, Extraversion, and Openness to Experience reported higher levels of presence. Therapists with higher levels of Neuroticism reported lower levels of therapeutic presence. This study provides a new instrument for research in Portugal. The implications and limitations of this study are discussed, as well as the need for future research.