A medicina geral e familiar face aos cuidados paliativos : ações paliativas e formação em CP

Abstract

Introdução: O envelhecimento da população e a deteção precoce de situações incuráveis fazem com que os médicos de família (MF) tenham de lidar cada vez mais com cuidados paliativos (CP). Objetivo: Caracterizar o nível de formação dos MF relativamente aos CP, identificar necessidades formativas, avaliar a frequência das ações paliativas realizadas e a confiança na realização. Método: Enviou-se um questionário aos MF a trabalhar no Serviço Nacional de Saúde, com 72 itens, agrupados em quatro seções:– sociodemográfica, questões elementares de CP, local de trabalho, formação e ações paliativas. Resultados: Responderam 223 MF (75,34% feminino). Região Norte 40,36% dos inquiridos, Lisboa e Vale do Tejo 33,18%, Centro 13,00% e Sul e Ilhas 7,17%. Cerca de um quatro (26.01%) não tem formação em CP. A Formação em CP foi obtida no internato da especialidade (34,53%), ARS (22,42%), mestrado (8,52%) ou cursos pré e pós-graduados (7,62%). Os MF consideraram que essa formação é suficiente (34,98%), boa (23,32%) e muito boa (10,76%). Nos locais de trabalho com Núcleo de CP (46,64%) estão alocados médicos com formação básica em CP (39,01%) e avançada (27,80%). Os MF atribuem elevada importância à formação em CP (79,37%), incluiriam no curriculum médico uma disciplina de CP na Pré-Graduação (59,64%) ou no Internato da Especialidade (33,63%). Os MF expressam a necessidade de mais formação em CP (52,47%), sobretudo estágios e formação teórica (32,74%), apenas estágios (15,25%), casos clínicos e formação teórica (14,80%). Conclusões: Os MF atribuem muita importância à formação, porém, um quarto dos participantes não tem qualquer formação em CP. A maioria dos participantes manifestou necessidade de formação, sobretudo com uma componente prática no âmbito de estágios. As experiências em ações paliativas nos últimos doze meses foram nulas ou muito poucas.

Introduction: The aging of the population and the early detection of incurable situations mean that family doctors (FM) increasingly have to deal with palliative care (PC). Objective: To characterize the level of training of MF in relation to PC, identify training needs, evaluate the frequency of palliative actions carried out and confidence in carrying them out. Method: A questionnaire was sent to MF working in the National Health Service, with 72 items, four sections: – sociodemographic, elementary PC issues, place of work, training and palliative actions. Results: 223 MF responded (75.34% female). North Region 40.36% of respondents, Lisbon and Tagus Valley 33.18%, Center 13.00% and South and Islands 7.17%. Around a quarter (26.01%) do not have training in CP. Training in PC was obtained at the specialty internship (34.53%), ARS (22.42%), master's degree (8.52%) or pre- and postgraduate courses (7.62%). The MF considered this training to be sufficient (34.98%), good (23.32%) and very good (10.76%). In workplaces with a PC Center (46.64%) there are doctors with basic training in PC (39.01%) and advanced training (27.80%). The MF attach high importance to training in PC (79.37%), they would include a PC subject in the medical curriculum in the Pre-Graduation (59.64%) or in the Specialty Internship (33.63%). The MF express the need for more training in PC (52.47%), mainly internships and theoretical training (32.74%), only internships (15.25%), clinical cases and theoretical training (14.80%). Conclusions: MFs attach great importance to training, however, a quarter of the participants do not have any training in CP. The majority of participants expressed the need for training, especially with a practical component within the scope of internships. Experiences in palliative actions in the last twelve months were zero or very few.