Acompanhamento de famílias em luto em medicina geral e familiar : práticas e atitudes do médico de família

Abstract

Os médicos de família (MF) têm o potencial de fornecer um importante apoio aos familiares enlutados após a morte de um paciente. Objetivos: Este estudo tem como objetivo analisar as atitudes dos MF em relação às famílias enlutadas, compreender o impacto das experiências pessoais e valores nesse acompanhamento e avaliar a sua preparação na abordagem do tema em consulta. Método: Um questionário online foi partilhado com os médicos de família com prática clínica em Portugal. Resultados: Participaram 210 médicos de família, 84.3% do sexo feminino. Os profissionais relataram acompanhar poucas situações de final de vida de que têm conhecimento, sendo que a notificação do óbito é transmitida principalmente pela família (74.2%). Existe a perceção de que o acompanhamento dos MF aos familiares enlutados ajuda a aliviar o sofrimento (88.6%). Os participantes relatam sentir-se preparados e confortáveis para abordar o tema (72.9%), sendo que o luto pessoal tem um impacto positivo na abordagem em consulta (78.6%). Conclusão: As práticas dos MF em relação às famílias enlutadas não são padronizadas e variam entre os profissionais. O acompanhamento de pacientes no final de vida pelo médico de família é reduzido, tanto no número de situações de fim de vida, quanto na abordagem dessas situações. O investimento em formação sobre luto e a criação de protocolos para abordar as famílias enlutadas são essenciais na melhoria dos cuidados prestados.

Introduction: Family physicians (FPs) have the potential to provide important support to grieving family members after a patient's death. Aims: This study aims to analyze the attitudes of FPs towards grieving families, understand the impact of their personal experiences and values on this follow-up, and evaluate their preparation to address the subject in consultation. Method: An online questionnaire was shared with family doctors with clinical practice in Portugal. Results: A total of 210 family physicians participated in the study, with 84.3% being female. Professionals reported following up on few situations of end-of-life they are aware of, with death notification being mainly transmitted by the family (74.2%). There is a perception that FPs' follow-up of grieving family members helps alleviate suffering (88.6%). Participants report feeling prepared and comfortable to address the subject (72.9%), with personal grief having a positive impact on the approach in consultation (78.6%). Conclusion: FPs' practices towards grieving families are not standardized and vary among doctors. Follow-up of patients in the end of life by the family doctor is reduced, not only in the number of end-of-life situations, but also on the approach of these situations. Investment in training on grief and the creation of protocols for approaching grieving families are essential in improving the care provided.