Formação curricular em cuidados paliativos no internato de medicina geral e familiar

Abstract

Introdução: O médico de família (MF) é responsável pela prestação de cuidados continuados, longitudinalmente, estando na posição ideal para prestar Cuidados Paliativos (CPAL). Alguns fatores condicionam a prestação de CPAL pelo MF como a falta de formação, de tempo e de normas de orientação clínica. Estudos mostram que após formação os MF aumentam as suas competências e realizam mais CPAL. Em Portugal, não existe formação obrigatória durante o internato de Medicina Geral e Familiar (MGF). Objetivo: avaliar se os MF concordam com a existência de formação curricular obrigatória em CPAL durante o internato, se estão motivados para a sua realização e que tipo de formação consideram que seria mais útil. Métodos: Estudo quantitativo dirigido aos médicos de MGF, utilizando um inquérito por questionário anónimo e confidencial, criado pela investigadora, submetido a pré-teste, distribuído por via eletrónica e que avaliou um conjunto de dimensões conformes aos objetivos propostos (estudo exploratório). Resultados: Dos 162 participantes, 88,3% concordou com a existência de formação obrigatória e 96,3% está muito motivada ou moderadamente motivada para a realização de formação em CPAL (96,3%). A maioria (92,6%) considera mais útil uma formação teórico-prática, sendo que 56,7% considera que um curso teórico deve ter entre 30 e 59 horas e que estágio prático deve ter duração de quatro a oito semanas. Conclusões: Verificou-se um grau de concordância elevado com a necessidade de formação curricular obrigatória em CPAL e níveis elevados de motivação para a sua realização. A maioria considera mais útil a realização de formação teórico-prática. Propõe-se assim uma revisão do programa de internato de MGF e a integração de formação teórico-prática que inclua um curso curricular com cerca de 30-59 horas e um estágio prático com duração de cerca de 4 semanas.

Introduction: The family physician (FP) is responsible for providing longitudinal continuity of health care being in the ideal position to provide palliative care (PC). Some factors limit the offer of PC by the FP such as lack of training, time and insufficient clinical guidelines. Studies show that after training FP increase their skills and provide more more PC. There is no mandatory training during the residency training in Family Medicine (FM). Aim: I propose to accomplish three goals: assess whether family physicians agree with the existence of mandatory PC training; evaluate if they are motivated to enroll in such training; and find what type of training is considered by FP to be most useful. Thus, I hope to contribute to a possible important revision of FP residency training program so that it includes PC education. Methods: Quantitative study directed to General Practice/Family Medicine physicians, using an anonymous and confidential questionnaire survey (electronically), created by the researcher, subjected to pre-test, to assess different dimensions of motivation for PC training (exploratory study). Results: Of the 162 participants, 88.3% agree with the existence of mandatory training and the majority of participants are moderately to highly motivated to undergo CP training (96.3%). The majority (92,6%) consider theoretical-practical training to be more useful, 56,7% consider that a theoretical course should last between 30 and 59 hours and practical training should last four to eight weeks. Conclusions: There was a high level of agreement with the existence of mandatory PC training and high levels of motivation to its participation. Regarding the type of training, the majority considered theoretical-practical training to be the most useful. Thus, I propose a review of the FM residency training program and the integration of theoreticalpractical course between 30-59 hours as well as a practical course with 4 weeks duration.