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http://hdl.handle.net/10400.5/96382
Título: | Experiences of violence and sexual harassment of European dental hygienists at work |
Autor: | Santos, Matilde Ramos |
Orientador: | Graça, Sandra Ribeiro Assunção, Victor Abreu |
Palavras-chave: | Teses de mestrado - 2024 Saúde Oral |
Data de Defesa: | 5-Jul-2024 |
Resumo: | Introdução: A violência no trabalho é um problema que tem crescido drasticamente nos últimos anos, afetando a dignidade de milhões de trabalhadores a nível mundial. Pode ser considerado violência no trabalho qualquer comportamento inaceitável, único ou repetido, que resulte ou tenha como objetivo resultar em dano físico, psicológico ou sexual. O conceito de violência é influenciado pelo contexto e cultura em que acontece. A violência no trabalho tem uma prevalência elevada no setor da saúde e além de afetar a vítima, causando alterações a curto e longo prazo, afeta também a sua qualidade de trabalho, podendo ter efeitos negativos nos cuidados prestados à comunidade. A violência no trabalho pode ser considerada violência física, violência verbal ou assédio sexual. Existem poucos estudos sobre violência no trabalho contra higienistas orais.
Objetivos: Este estudo tem como objetivo desenvolver um questionário para avaliar a prevalência de violência no trabalho de higienistas orais europeus, bem como explorar o efeito de variáveis sociodemográficas e socioprofissionais na prevalência de violência no trabalho e verificar o seu efeito nas experiências de violência por país. Pretende-se também avaliar a prevalência dos diferentes tipos de agressores de violência no trabalho, bem como explorar as reações às experiências de violência, sejam experienciadas ou testemunhadas, e explorar as razões para essas reações. Pretende-se também explorar o nível de conhecimento dos higienistas orais relativamente à violência no trabalho.
Métodos: Foi desenhado e validado um questionário composto por 3 partes para avaliar as experiências de violência no trabalho de higienistas orais. O questionário foi construído com base na literatura existente e de forma a ser de compreensão fácil por pessoas cuja língua nativa não é o inglês. A primeira secção reúne dados sociodemográficos e socioprofissionais dos participantes, a segunda parte recolhe informação sobre a prevalência de experiências de violência no trabalho e a terceira parte recolhe informação sobre os comportamentos e atitudes após um evento de violência no trabalho, experienciado ou testemunhado. A validação facial foi realizada por delegados das associações pertencentes à Federação Europeia de Higienistas Orais e a validação de conteúdo foi realizada por um painel de 7 especialistas. Foram contactadas 24 associações de higienistas orais membros da Federação Europeia de Higienistas Orais de forma a disseminar o questionário pelos seus membros. O questionário esteve disponível para responder de novembro de 2023 até fevereiro de 2024. A participação no estudo era voluntária e o teste Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) foi usado para avaliar a adequação do tamanho da amostra.
Resultados: Obteve-se uma amostra não probabilística por conveniência de 215 higienistas orais de 13 países europeus – Áustria, Bélgica, Eslováquia, Espanha, Finlândia, Holanda, Israel, Itália, Letónia, Lituânia, Portugal, Reino Unido e Suécia. O teste KMO obteve um resultado de 0.775, que indica um bom tamanho de amostra. A maioria dos participantes eram mulheres (90.7%) com idades compreendidas entre os 22 e 66 anos, com média de 39.52 (± 11.83) anos. A Licenciatura (47.0%) foi o grau académico mais prevalente e a média de anos de prática foi 14.23 (± 11.79). A maioria dos participantes trabalhavam em clínicas privadas (69.8%), em áreas urbanas (66.5%) e a tempo inteiro (60.9%). Os trabalhadores independentes (47.0%) era a principal condição e cerca de um quarto dos participantes trabalhavam ocasionalmente com outro profissional no mesmo espaço físico (25.6%). Os 215 participantes representam cerca de 0.57% do total de 38000 higienistas orais representados pela Federação Europeia de Higienistas Orais. A validação facial obteve feedback positivo por parte do painel e a validação de conteúdo obteve um valor de CVI (content validadion index) de 0.98, indicando boa validade. 80% dos participantes já sofreram pelo menos uma vez de algum tipo de violência no trabalho na sua carreira, sendo que 23.7% já sofreram violência física, 72.1% já sofreram violência verbal e 45.6% já sofreram assédio sexual. As mulheres, participantes mais velhos, com menor nível escolar, mais anos de prática, que trabalhem em meio rural, que trabalhem simultaneamente no serviço publico e privado, que ocasionalmente trabalhem acompanhados por outros profissionais no mesmo espaço físico, trabalhadores a tempo inteiro e trabalhadores dependentes foram os grupos que apresentaram maiores prevalências de experiências de violência no trabalho. Foi encontrada significância estatística na relação entre o nível escolar do participante e a prevalência de violência verbal (p=0.036) com indivíduos com doutoramentos ou equivalentes a sofrerem menos violência verbal, país de prática e violência verbal (p=0.017), com indivíduos da Lituânia e a Letónia a apresentarem maior prevalência de violência verbal, anos de prática e qualquer tipo de violência no trabalho (p=0.030), com indivíduos com 16 a 25 anos de prática a sofrerem mais violência no trabalho, tipo de prática e violência verbal (p=0.023) com indivíduos a trabalharem exclusivamente no sistema de saúde privado com menor prevalência de violência verbal, e condições de contrato e assédio sexual (p=0.030), com trabalhadores dependentes a apresentarem mais prevalência de assédio sexual. A ausência de significâncias estatísticas quando avaliado o impacto das variáveis sociodemográficas e socioprofissionais nas experiências de violência no trabalho nos diferentes países indica a semelhança por toda a europa.
Pacientes e os seus acompanhantes surgiram como principais perpetuadores de violência no trabalho contra higienistas orais, seguidos por dentistas. Higienistas orais são os que menos cometem violência no trabalho contra higienistas orais. Após sofrer de violência no trabalho, a reação mais comum foi de ignorar o evento (54.7%), seguida de fazer queixa ao diretor clínico (33.1%). Quando questionados sobre o motivo pelo qual não apresentaram queixa após um incidente de violência no trabalho, o motivo mais comum foi a crença de que seria uma perda de tempo (51.2%), seguida de falta de conhecimento sobre o que fazer (45.1%). Menos de um terço dos indivíduos que sofreram de violência no trabalho e não apresentaram queixa não apresentaram motivos pelo qual não o fizeram. No total, menos de um terço dos higienistas orais já testemunhou um colega a sofrer de violência no trabalho (32.1%), sendo que 6.0% já testemunhou um colega sofrer de violência física, 28.8% já testemunhou um colega sofrer de violência verbal e 32.1% já testemunhou um colega sofrer de assédio sexual. As reações mais comuns após ver um higienista oral sofrer violência no trabalho foram ignorar o evento (46.4%) seguido de persuadir a vítima a fazer queixa ao diretor clínico (31.9%). Quando inquiridos sobre a existência de uma autoridade nacional para reportar violência no trabalho, a maioria dos participantes indica desconhecer se existe (59.1%), sendo no Reino Unido onde há mais participantes a desconhecerem se existe a autoridade (p=0.008). Quando questionados sobre a existência de iniciativas de educação sobre violência no trabalho, a maioria indica que não existe (47.0%), sendo esta resposta mais prevalente em Itália (58.1%) e Portugal (65.1%) (p=0.001). A maioria dos indivíduos considera-se consciente do tópico de violência no trabalho (55.8%) e dos sinais para reconhecer violência no trabalho (56.7%), no entanto, menos de metade dos indivíduos assumem que conhecem os mecanismos para reportar experiências de violência no trabalho (40.0%).
Conclusões: Os higienistas orais europeus apresentam uma elevada prevalência de experiências de violência no trabalho, principalmente experiências de violência verbal. Pacientes e acompanhantes são os agressores mais comuns contra higienistas orais. Existe uma grande prevalência de experiências de violência no trabalho que não são reportadas e os principais motivos são a crença de que uma queixa seria uma perda de tempo e falta de conhecimento sobre o que fazer. A maioria dos participantes desconhece a existência de autoridades para reportar as experiências de violência no trabalho e desconhece os procedimentos para reportar os eventos. Objective: This study aimed to create and validate a questionnaire to assess workplace violence (WPV) among European dental hygienists. It explored how sociodemographic and professional factors influence WPV prevalence and analysed common reactions to WPV incidents. Methods: A three-section questionnaire was designed to evaluate WPV prevalence and underwent validation processes. A non-probabilistic sample of members from dental hygiene associations affiliated with the European Dental Hygiene Federation was gathered by administering an online questionnaire. Results: A total of 215 individuals from 13 European countries participated in the study. Alarmingly, 80% of respondents reported experiencing WPV at least once in their careers. Statistically significant associations were observed between educational level and verbal violence (p=0.036), years of practice and overall workplace violence (p=0.030), type of practice and verbal violence (p=0.023) and working conditions and sexual harassment (p=0.030). However, sociodemographic and professional variables did not demonstrate significant differences in WPV prevalence across different countries. Patients and their companions were the primary perpetrators of WPV, followed by dentists. The most prevalent reaction to WPV was to ignore the incident (54.7%). The main reasons for not reporting incidents included the belief it was a waste of time (51.2%) and lack of knowledge regarding reporting procedures (45.1%). Less than one third of dental hygienists (32.1%) have witnessed a peer suffer from WPV, and the most common reaction was to ignore it (46.4%). More than half of dental hygienists (59.9%) lack knowledge about the existence of an authority to report WPV, and 60.0% are unaware of the mechanisms to report WPV. Conclusions: WPV is a major issue for European dental hygienists. There is a notable problem of WPV underreporting among these professionals. |
URI: | http://hdl.handle.net/10400.5/96382 |
Designação: | Mestrado Integrado em Higiene Oral |
Aparece nas colecções: | FMD - Dissertações de Mestrado |
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