Utilize este identificador para referenciar este registo: http://hdl.handle.net/10400.5/96269
Título: Validação clínica da Portuguese Navy Radiation-induced Cystitis Scale na avaliação e monitorização da cistite rádica em resposta à oxigenoterapia hiperbárica
Autor: Costa, Diogo D’Agorreta D’Alpuim Santos
Orientador: Amaro, Carla Frederica Mehmel D' Espiney
Palavras-chave: Cistite rádica
Hematúria
Radioterapia
Oxigenoterapia hiperbárica
Classificações
Teses de mestrado - 2024
Data de Defesa: Jul-2024
Resumo: Introdução: A radioterapia (RT) constitui uma das componentes críticas da abordagem terapêutica multidisciplinar do doente com cancro. Apesar das técnicas modernas de RT com uma maior focalização da dose de radiação sobre os tecidos neoplásicos, as sequelas em órgãos não-alvo, como é o caso da cistite rádica (CR), continuam a ser uma inevitabilidade com uma incidência e prevalência que não são menosprezáveis. Na atualidade, ainda não foi estabelecido um consenso alargado em relação à melhor abordagem terapêutica da CR. Geralmente, estratifica-se a severidade da CR e adequase a modalidade terapêutica, em função dos seus riscos e benefícios, ao doente e às suas comorbilidades. Neste âmbito, a oxigenoterapia hiperbárica (OHB) demonstrou potencial benéfico na modulação do processo fibroatrófico induzido pela radiação e, por conseguinte, com impacto clínico significativo. No entanto, ainda não existe uma classificação específica e integrativa dos diferentes parâmetros da CR (clínicos, funcionais, laboratoriais, endoscópicos e necessidade de terapêutica prévia que não OHB) que permita a identificação e monitorização do seu grau de severidade. Metodologia: Estudo ambispectivo no qual os dados clínico-demográficos dos doentes com CR do Centro de Medicina Subaquática e Hiperbárica foram avaliados retrospetivamente e em que uma nova ferramenta de classificação, denominada Portuguese Navy Radiation-induced Cystitis (PNRC) Scale, foi aplicada de forma prospetiva durante uma janela temporal de 3 anos (2020-2022) para se poder avaliar e monitorizar a resposta à OHB. Foi realizada estatística descritiva (frequências e a média para as variáveis contínuas) e os testes estatísticos analíticos que permitiram aferir a associação entre a eficácia da OHB e algumas das variáveis categóricas e contínuas consideradas. A significância estatística foi considerada para valores de p<0.05. Resultados: Entre os 94 doentes com CR incluídos no estudo, as taxas de resposta global e de controlo de doença foram de 84.05% e 98.94% após uma média de 41.72 [10-120] sessões de OHB, respetivamente. No que concerne aos 86 doentes com CR hemorrágica, a taxa da resolução da hematúria macroscópica foi de 83.72%. Para os 8 doentes com CR não hemorrágica, a taxa de resposta global e de controlo de doença foi de 50 e 100%, respetivamente. Através de uma análise exploratória, identificaram-se subgrupos de doentes que foram considerados grandes respondedores à OHB face aos restantes, isto é, indivíduos com uma variação negativa (melhoria) em pelo menos 3 graus na PNRC Scale, a saber: ≥65 anos, doentes com necessidade prévia de suporte transfusional e de outras terapêuticas para a CR que não OHB, intervalo de tempo superior a 50 meses (cerca de 4.1 anos) entre o final da RT e os primeiros sintomas de CR, doentes submetidos à OHB num período de 3 até 6 meses desde o diagnóstico da CR e os que obtiveram uma resolução da hematúria macroscópica aquando da avaliação de resposta à OHB. Os doentes submetidos previamente a RT em contexto do cancro da próstata e do endométrio (versus outras neoplasias) também tiveram uma tendência para uma maior variação negativa (melhoria) na PNRC Scale. A taxa de recorrência foi de 8% para uma média de seguimento de 5 [0-38] meses. Cerca de 17% dos doentes tiveram complicações relacionadas com a OHB, sendo o barotraumatismo do ouvido médio o mais frequente (13.83%). Conclusões: Os resultados deste estudo terão contribuído não só para reforçar a evidência anterior da eficácia e segurança da OHB no tratamento da CR, mas também para a obtenção de uma nova escala de classificação que foi agora validada de forma prospetiva. A PNRC Scale terá identificado um subgrupo de doentes com maior potencial de resposta à OHB. Investigações futuras, com a inclusão de mais doentes nesta avaliação e a integração desta escala em outros estudos relacionados com a CR e/ou outras sequelas tardias da RT, poderão reforçar a solidez das conclusões do presente trabalho.
Introduction: Radiotherapy (RT) is one of the cornerstone components of the multidisciplinary therapeutic approach to cancer patients. Despite modern RT techniques with a higher focus of radiation dose on neoplastic tissues, sequelae in non-target organs, such as radiation cystitis (RC), remain with an incidence and prevalence that are not negligible. Currently, a broad consensus has yet to be established regarding the optimal treatment approach for RC. Generally, the severity of RC is stratified, and the therapeutic modality is adapted, depending on its risks and benefits, to the patient and their comorbidities. In this context, hyperbaric oxygen therapy (HBOT) has demonstrated beneficial potential in modulating the radiation-induced fibroatrophic process and, therefore, a significant clinical impact. However, there is still no specific and integrative classification of the different RC parameters (clinical, functional, laboratory, endoscopic and the need for previous therapy other than HBOT) that allows the identification and monitoring of its degree of severity. Methodology: Ambispective study in which the clinical-demographic data of patients with RC from the Centro de Medicina Subaquática e Hiperbárica were retrospectively evaluated and in which a new classification tool, called the Portuguese Navy Radiation-Induced Cystitis (PNRC) Scale, was used and applied prospectively over 3 years (2020-2022) to be able to evaluate and monitor the response to HBOT. Descriptive statistics (frequencies and means for continuous variables) and analytical statistical tests assessed the association between HBOT efficacy and some of the categorical and continuous variables considered. Statistical significance was considered for values of p<0.05. Results: Among the 94 RC patients included in this study, the overall response and disease control rates were 84.05% and 98.94% after an average of 41.72 [10-120] HBOT sessions, respectively. Regarding the 86 patients with haemorrhagic RC, the resolution rate of macroscopic haematuria was 83.72%. The overall response and disease control rates for the 8 patients with non-haemorrhagic RC were 50 and 100%, respectively. Through an exploratory analysis, subgroups of patients considered excellent responders to HBOT were identified in comparison to the others, that is, individuals with a negative variation (improvement) of at least 3 degrees on the PNRC Scale, namely: ≥65 years old, patients with a prior need for transfusion support and other RC treatments other than HBOT, a time interval higher than 50 months (about 4.1 years) between the end of RT and the first symptoms of RC, patients undergoing HBOT in a period of 3 to 6 months since the diagnosis of RC and those who achieved resolution of macroscopic haematuria when evaluating the response to HBOT. Patients previously undergoing RT in the context of prostate and endometrial cancer (versus other neoplasms) also showed a trend to higher negative variation (improvement) in the PNRC Scale. The recurrence rate was 8% for a median follow-up of 5 [0-38] months. Around 17% of patients had complications related to HBOT, with middle ear barotrauma being the most common (13.83%). Conclusions: This study's results not only reinforced the previous evidence of HBOT's efficacy and safety in treating RC but also validated a new classification scale. The PNRC Scale potentially identified a subgroup of patients with a higher potential to respond to HBOT. Future investigations, with the inclusion of more patients in this evaluation and the integration of this scale in other studies related to RC and/or other late sequelae of RT, could reinforce the solidity of the conclusions of the present work.
Descrição: Tese de mestrado, Medicina Hiperbárica e Subaquática, Universidade de Lisboa, Faculdade de Medicina, 2024
URI: http://hdl.handle.net/10400.5/96269
Designação: Mestrado em Medicina Hiperbárica e Subaquática
Aparece nas colecções:FM - Dissertações de Mestrado

Ficheiros deste registo:
Ficheiro Descrição TamanhoFormato 
13410_Tese.pdf4,28 MBAdobe PDFVer/Abrir


FacebookTwitterDeliciousLinkedInDiggGoogle BookmarksMySpace
Formato BibTex MendeleyEndnote 

Todos os registos no repositório estão protegidos por leis de copyright, com todos os direitos reservados.