A água e a cidade

Abstract

Apesar da inevitabilidade natural do seu território, o Vale de Alcântara foi alvo de um processo de modernização descontrolado que levou a que a sua paisagem se encontre hoje em rutura permanente. As infraestruturas ali instaladas provocaram a segregação de bairros inteiros da cidade e impossibilitam a apropriação plena do vale, que historicamente sempre foi descrito como pitoresco e aprazível. Partindo da reconfiguração da rede viária ali existente, foi pensada a revitalização daquele território e a sua articulação com a cidade já consolidada. Esta operação permite que seja reconquistada uma área superior a três vezes o bairro de Campo de Ourique. Revitalizando este espaço através da sua renaturalização parcial é possível criar um corredor verde com a extensão do Central Park. A sua ribeira - trazida à superfície - é bordejada por terrenos agrícolas e de lazer onde o contacto com a água é incentivado. Este território reapropriado permite que a cidade estabeleça uma relação privilegiada com um espaço natural de excelência que prepara a paisagem para lidar com fenómenos meteorológicos extremos ou com o efeito ilha-de-calor – que se esperam mais intensos graças às alterações climáticas – invertendo ao mesmo tempo o sedentarismo da população e criando novas centralidades urbanas

ABSTRACT: uncontrolled modernization that has led to its landscape being permanently disrupted today. The infrastructures installed there caused the segregation of entire neighborhoods from the city and make it impossible to fully appropriate the valley that historically has always been described as picturesque and pleasant. Starting from the reconfiguration of the existing road network, the revitalization of that territory was made as its articulation with the already consolidated city. This operation allows an area three times the Campo de Ourique neighborhood to be reconquered. By revitalizing this space through its partial renaturalization it is possible to create a green corridor with the extension of Central Park. Its stream - brought to the surface - is bordered by agricultural and leisure land where contact with water is encouraged. This re-appropriated territory allows the city to establish a privileged relationship with an excellent natural space that prepares the landscape to cope with extreme weather or the heat island effect - which are expected to be more intense due to climate change - while inverting the sedentary lifestyle of the population and creating new urban centralities.