“K” é capa

Abstract

A K foi uma revista publicada em Portugal, entre 1990 e 1993, com a direcção de Miguel Esteves Cardoso. Fruto de um encontro de gerações e de quadros de referências com interesses diversificados, a revista foi expressão editorial de uma elite cultural que introduziu um discurso livre e diferenciado na imprensa periódica da época. Com um grafismo elegante e arrojado, da autoria de João Botelho e Luís Miguel Castro, a K distinguiu-se como um objecto editorial sofisticado e bem impresso.

Esta investigação tem como objectivo realizar o estudo da K, no âmbito da história do design editorial produzido em Portugal, no início da década de 90, enquanto expressão visual de uma manifestação cultural geralmente designada como “pós-modernismo”. A filiação da K no universo do pós-moderno no design gráfico deve-se ao facto de a revista ter sido fruto da sua época, sendo concebida a partir de outras publicações que, por sua vez, materializavam visualmente esta tendência. Como tal, esta perspectiva temática fornece uma interpretação da revista num contexto mais amplo do que o português.

A temática do design gráfico no pós-modernismo é convocada a partir de vários contributos bibliográficos, os quais nos fornecem as linhas de orientação seguidas na interpretação da revista. O estudo procede ao levantamento exaustivo de todas as edições da K, sendo aí aferidos os seus atributos gráficos e editoriais. As publicações que a antecederam são também integradas na investigação, revelando uma rede complexa de autores, de referências gráficas e editoriais que estão presentes na sua genealogia. A recolha de testemunhos dos intervenientes na K colmata a ausência de bibliografia sobre a revista e suas antecedentes.

O design editorial da K fica caracterizado pela exploração de recursos formais e técnicos heterogéneos. Desse modo, esta publicação distanciava-se criticamente do despojamento formal e da busca de coerência típicos do modernismo internacionalista, que dominara as décadas anteriores enquanto modelo de referência. Manifestou-se na importância atribuída à dimensão estética, na autonomia crescente dos designers na interpretação visual dos textos, na liberdade com que decidiam alguns títulos e, finalmente, no modo como se estabelecia a interacção entre imagem e texto.

ABSTRACT: K was a magazine published in Portugal between 1990 and 1993, under the direction of Miguel Esteves Cardoso. The result of a meeting of generations and reference frame with diversified interests, the magazine was the editorial expression of a cultural elite which introduced a free and differentiated speech in the periodical press of the time. With an elegant and bold graphics, by João Botelho and Luis Miguel Castro, K distinguished itself as a sophisticated and well printed editorial object.

This research aims to conduct the study of K within the history of editorial design produced in Portugal in the early 90s, as a visual expression of a cultural event commonly referred to as “postmodernism”. The affiliation of the K in postmodern graphic design is due to the fact that the magazine was a product of its time, being designed from other publications, which, in turn, visually materialized this trend. As such, this thematic perspective provides an interpretation of the magazine in a broader context than the Portuguese.

The theme of graphic design in postmodernism is summoned from several bibliographic contributions, which provide us with the guidelines followed in the interpretation of the magazine. The study proceeds to the exhaustive survey of all editions of K, and then measured their graphics and editorial attributes. The publications that preceded the magazine are also integrated in survey, revealing a complex network of authors, of graphic and editorial references, that are present in its genealogy. The collection of testimonies of those involved in K fills the lack of literature about the magazine and its background.

The editorial design of the K magazine is characterized by the exploration of heterogeneous formal and technical resources. Thus, this critically distanced the publication of formal simplicity and the search for typical consistency of internationalist modernism, which dominated the previous decades as a reference model. Expressed on the importance attributed to the aesthetic dimension, on increasing autonomy of the designers in the visual interpretation of the texts, the freedom with which decided a few titles and, finally, in the way they established the interaction between image and text.