Utilize este identificador para referenciar este registo: http://hdl.handle.net/10400.5/102204
Título: The dental hygienist in Portugal and Italy
Outros títulos: differences in the professional profile with a focus on satisfaction
Autor: Manzi, Viviana
Orientador: Graça, Sandra Ribeiro
Albuquerque, Teresa
Palavras-chave: Teses de mestrado - 2024
Saúde Oral
Data de Defesa: 29-Nov-2024
Resumo: Introdução: Um higienista oral (HO), como recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), pode desempenhar um papel crucial no desenvolvimento de estratégias preventivas e facilitar os cuidados primários através do seu papel na promoção da saúde oral e na prevenção de doenças. Os cuidados de higiene oral abrangem várias práticas clínicas, tais como exames, tratamentos preventivos e terapêuticos e educação para a saúde oral, que se enquadram no âmbito da prática da profissão. A grande variedade destas competências reconhecidas e a natureza relativamente nova desta figura profissional conduziram a um quadro muito amplo e pouco claro na Europa. Reconhece-se que existe uma variação considerável relativamente ao que constitui a prática da higiene oral nos Estados-Membros do EDHF. Existem inúmeras variáveis a considerar no perfil profissional que podem diferir de país para país. Foi efectuada previamente uma Scoping review (não publicada) para consultar toda a literatura disponível e verificar as evidências relativas aos higienistas orai nos dois países em estudo. Assim, a investigação foi efectuada sobre as caraterísticas relevantes para a definição do perfil profissional: Legislação, Formação académica e Competência. Após a scoping review, concluiu-se que os dois perfis profissionais são, na sua maioria, compatíveis, mas surgiram algumas diferenças fundamentais que justificam um estudo mais aprofundado. Atualmente, não existem estudos que comparem diretamente os perfis profissionais dos higienistas orais nos dois países, sendo igualmente escassa a informação disponível nos diferentes países sobre este assunto. Esta lacuna na literatura científica abre a oportunidade de fornecer dados comparativos originais, úteis tanto para os profissionais como para as instituições de saúde e académicas de Portugal e Itália. Objetivos: Este estudo pretendeu colmatar a lacuna de informação existente na literatura atual no que respeita à comparação do perfil profissional dos Higienistas Orais em Portugal e Itália, que é inexistente. Foram investigadas as principais caraterísticas que unem e diferenciam os Higienistas Orais entre os dois países, com especial enfoque na satisfação. Para uma visão mais completa e exaustiva, foram acrescentadas algumas novas secções relacionadas com o perfil profissional, nomeadamente: salário, segurança e proteção, trabalho em equipa, ambiente de trabalho e satisfação. Para o efeito, foi elaborado um questionário dirigido aos higienistas dentários dos dois países em análise. Métodos: O estudo foi desenhado como um estudo observacional, descritivo e transversal. Foi elaborado um questionário com base nos resultados prévios da scoping review, utilizando a plataforma de inquéritos online (Google Forms). O questionário estava disponível em português e italiano e foi dividido em 8 sectores e 172 questões de acordo com o campo a ser analisado. A validade de conteúdo foi testada com cinco professores de Higiene Oral da Universidade de Lisboa com experiência no desenvolvimento de questionários e a validade facial foi avaliada com 7 estudantes de mestrado em Higiene Oral. A população do estudo incluiu higienistas orais no ativo e membros das associações nacionais em Portugal (APHO) e Itália (AIDI). O questionário foi distribuído aos participantes através de links partilháveis por correio eletrónico pela associação do seu país. Os dados foram exportados do Excel para o SPSS para efetuar uma análise inferencial, testando a associação entre duas variáveis através do p-value. As variáveis com uma diferença significativa entre os dois países serão comparadas, com um nível de significância fixado em 0,05. Resultados: Num estudo com 2587 higienistas orais registados em associações nacionais, foram obtidas 155respostas(6%), por amostragem não probabilística. Em Portugal, 93,9% dos participantes localiza-se no Centro e Sul, em Itália prevalece o Norte (67,4%) (p < 0,001). No domínio da legislação, em ambos os países, a maioria trabalha no sector privado, sendo mais frequente em Itália (96,6%). Relativamente aos regimes de vínculos laborais, em Portugal, 57,6% são trabalhadores por conta de outrem e 47% são freelancers, em comparação com 91% de freelancers em Itália. O horário de trabalho revela: em Portugal, 63,1% dos participantes trabalham em horários flexíveis, contra 83,1% em Itália (p=0,005). Em Portugal, 69,2% dos HO afirmam que o seu horário depende do número de consultas com os pacientes, percentagem que sobe até 92,1% em Itália. Quanto ao trabalho em equipa entre HO e dentistas: em Portugal, 9,1% dos HDs não trabalham em equipa, contra 1,1% em Itália. Além disso, 39,4% dos portugueses trabalham sob supervisão obrigatória, em comparação com 19,1% dos italianos (p=0,005). Respeito aos programas de vigilância da saúde oral oferecidos pelo Serviço Nacional de Saúde, 97% dos HO em Portugal confirmaram a sua existência, em Itália apenas 54,7% (p<0,001). Em Portugal, 98,5% dos higienistas dentários não são obrigados a obter créditos de formação para atualizar as suas competências, enquanto em Itália 100% têm de os adquirir através de cursos (p<0,001). No entanto, 87,9% dos higienistas portugueses reconhecem a importância de se manterem actualizados profissionalmente. Em termos de documentação das qualificações profissionais necessárias para exercer a profissão, 98,5% dos participantes portugueses consideram que é necessário, em comparação com 67,8% em Itália (p<0,001). Em Portugal, 100% dos participantes reivindicam autonomia profissional, contra 90,9% em Itália (p = 0,013). Ao mesmo tempo, 92,3% dos portugueses participam em equipas multidisciplinares, em comparação com 58% dos italianos (p=0,001). No domínio da formação académica, a existência de um exame final de curso é confirmada por 50,8% dos participantes em Portugal e 96,6% em Itália (p<0,001). Além disso, 92,1% dos HO italianos afirmam que existe um exame adicional para o exercício da profissão, apenas 17,2% dos portugueses concordam (p<0,001). Em Itália, 100% obtiveram um “Mestrado”, o que não é tão comum em Portugal, onde 65,2% não obtiveram o “pós graduação” (p<0,001). Além disso, 96,3% dos italianos confirmam a existência de dois níveis de mestrado (I e II), enquanto os portugueses são unânimes (100%) em negá-lo. (p<0,001). Relativamente ao mestrado em Higiene Oral, 88,5% dos HO portugueses afirmam que é um curso dirigido especificamente aos higienistas orais. Em Itália, 68,3% não reconhecem esta exclusividade. A duração de um doutoramento é de 4 anos para 60,4% dos portugueses, enquanto 58,7% dos italianos afirmam que é de 2 anos (p<0,001). Entre as competências, em Portugal, 93,8% tiram e interpretam radiografias, enquanto em Itália apenas 20,7% podem tirar radiografias(p<0,001) e 80,5% interpretá-las (p=0,0018). 98,5% dos HO portugueses afirmam fazer diagnósticos após uma anamnese, enquanto em Itália apenas 48,8% declaram o mesmo (p<0,001). Após o diagnóstico, em Portugal, 86,2% dos higienistas elaboram um plano de tratamento, em Itália a percentagem é de 65,5% (p = 0,004). Sobre a utilização de laserterapia, em Portugal 6,3% afirmam utilizá-la, e em Itália 59,8% (p < 0,001). Das áreas de intervenção, 55,6% dos HO portugueses prestam serviços em ortodontia contra 25,3% em Itália (p<0,001), e em implantologia, 59,7% dos portugueses contra 27,7% dos italianos (p<0,001). Realtivamente as suas acções preventivas, 100% dos italianos responderam que educam os pacientes sobre os dispositivos de saúde oral em casa, em comparação com 82,8% dos portugueses (p<0,001). 48,4% dos higienistas portugueses participam em programas de cessação tabágica, enquanto que em Itália 78,2% (p<0,001) Em Portugal, 84,4% dos higienistas orais manipulam material de impressão, em Itália isso é feito por 42,5% (p < 0,001). Além disso, 25% dos participantes portugueses realizam anestesia local, enquanto que em Itália é realizada por 8,1% (p < 0,005). As respostas relativas às medidas de segurança para prevenir acidentes e lesões no trabalho mostram que 92,9% dos DH italianos e 79,4% dos portugueses confirmam a existência de tais medidas (p<0,016). A influência negativa das relações interpessoais no trabalho de grupo acontece, em Portugal, “às vezes/raramente” para 63,5% dos participantes, enquanto em Itália 91,6% referem “muitas vezes/sempre” (p<0,001). Por último, a satisfação média é mais elevada em Itália (3,20) do que em Portugal (2,70), no que respeita a legislação de apoio à formação e ao desenvolvimento profissional. A satisfação média com o salário e o crescimento profissional é de 2,35 em Portugal e de 2,91 em Itália (p = 0,001). A pontuação é de 3,81 em Itália e 3,35 em Portugal (p = 0,003) no nível de satisfação com a qualidade global dos programas de formação académica. A satisfação com as competências técnicas gerais fornecidas aos higienistas orais é de 3,46 em Portugal e de 3,13 em Itália (p=0.040). A posição no trabalho em equipa apresenta um valor médio de 4,12 em Portugal e 3,77 em Itália(p=0.030). O nível de satisfação com a qualidade de vida que a profissão permite registou um valor médio mais elevado em Itália (3,69) do que em Portugal (3,42). Conclusões: Não foram identificadas diferenças substanciais entre todos os domínios investigados. As principais diferenças foram encontradas na legislação onde os higienistas portugueses são obrigados a trabalhar sob supervisão enquanto os italianos têm prática independente. Relativamente à formação académica, as diferenças surgem com as oportunidades e percursos de formação pós-graduada, assim como requisitos de formação contínua e acesso à profissão. As diferenças de competências dizem respeito às radiografias, ao diagnóstico e ao plano de tratamento elaborados pelos higienistas portugueses mas não pelos italianos. Enquanto os HO italianos manifestam maior satisfação com a formação, as oportunidades salariais e a qualidade geral do trabalho relacionada com a vida, os HO portugueses sentem-se mais satisfeitos com as suas competências e com a dinâmica do trabalho em equipa.
Introduction: It is recognised that there is considerable variation regarding the practice of dental hygiene across EDHF member states. There is currently no research that directly compares the professional profiles of dental hygienists in the two countries, and equally poor is the information available from the individual countries. Objective: The main characteristics that unite and differentiate Dental Hygienists between the two countries, with a special focus on satisfaction, were investigated, precisely: legislation, salary, academic education, competencies, safety and security, teamwork, working environment and satisfaction. A questionnaire directed to dental hygienists in the two countries under review was developed to do this. Methods: A questionnaire was created using the online survey platform (Google Forms), available in Portuguese and Italian and divided into 8 sectors with 172 questions. The study population included working dental hygienists and members of the national associations in Portugal (APHO) and Italy (AIDI). Variables with significant differences between the two countries will be compared, with a significance level set at 0.05. Results: 155 dental hygienists answered the questionnaire. Key differences between the two countries were found in legislation with employment distribution between freelancers and employees (p<0.001), the efficacy of the National Health System(p<0.001), and Continuing education requirement (p<0.001). Regarding academic education, differences arise with the existence of degree examinations qualifying to the profession (p<0.001), and the opportunities and pathways in postgraduate education (p<0.001). Differences in competencies concern x-rays (p<0.001), diagnosis (p<0.001), and treatment plan (p = 0.004). While Italian DHs express higher satisfaction in training (p=0.003), salary opportunities(p=0.001), and overall life-related to job quality (p=0.032), Portuguese DHs feel more satisfied with their competencies (p=0.040) and teamwork dynamics (p=0.030). Conclusion: No substantial differences were identified among all the fields under investigation. The lack of data in other countries makes this professional profile a non-unique and evolving reality, highlighting the need for further research.
URI: http://hdl.handle.net/10400.5/102204
Designação: Mestrado Integrado em Higiene Oral
Aparece nas colecções:FMD - Dissertações de Mestrado

Ficheiros deste registo:
Ficheiro Descrição TamanhoFormato 
Dissertação_MHO_Viviana_Manzi_2024.PDF3,22 MBAdobe PDFVer/Abrir


FacebookTwitterDeliciousLinkedInDiggGoogle BookmarksMySpace
Formato BibTex MendeleyEndnote 

Todos os registos no repositório estão protegidos por leis de copyright, com todos os direitos reservados.