Acessibilidade à profilaxia pré-exposição da infeção por VIH em Portugal

Abstract

Introdução: O número de novas infeções pelo VIH tem vindo a decrescer , através de uma estratégia combinada que inclui o diagnóstico e tratamento atempado de novos casos e a PrEP. Apesar da eficácia da PrEP depender da sua acessibilidade e adesão, persistem desigualdades no acesso à PrEP. Objetivos: O objetivo primário do trabalho é descrever a experiência de vida real numa consulta de PrEP: conhecer os utentes, compreender barreiras e facilitadores no acesso à PrEP e traçar o percurso desde o interesse em PrEP até uma consulta hospitalar Metodologia: Este trabalho consistiu num estudo prospetivo observacional, realizado através da aplicação de um inquérito, a uma coorte aleatória de utentes da consulta de PrEP do Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca, versando sobre características sociodemográficas, acesso à PrEP e as suas barreiras e conhecimentos sobre PrEP. Resultados: O utente tipo da consulta de PrEP tem entre 20 39 anos de idade, é um HSH com uma média de 15 parceiros sexuais nos últimos 6 meses, não utiliza preservativo de forma consistente , teve pelo menos uma IST prévia e consumiu nos últimos 6 meses substâncias psicoativas. A esmagadora maioria dos utentes foram referenciados à consulta de PrEP pelo Checkpoint LX , tendo esperado em média 6 meses até à sua primeira consulta. Discussão e C onclusão: A acessibilidade à PrEP em Portugal tem vindo a melhorar, com o desenvolvimento de unidades dedicadas à PrEP e com uma maior consciencialização da população . Contudo, muito trabalho ainda tem de ser feito, uma vez que o sistema atual é insuficiente para garantir uma resposta adequada. É crucial a contínua educação da população e desconstrução do s preconceitos associados aos HSH e à infeção VIH. Para tal é necessário a capacitação dos profissionais de saúde, sobretudo aqueles que são o primeiro contacto dos uten tes com o SNS, ao nível dos CSP.

Introduction: The number of new infections caused by HIV has been decreasing, through a combined strategy that includes the timely diagnosis and treatment of new cases and PrEP. Although the effectiveness of PrEP depends on its accessibility and adherence, inequalities in access to PrEP persist. Objectives: The primary objective of this work is to describe the real-life experience of a PrEP consultation: getting to know patients, understanding barriers and facilitators in accessing PrEP and tracing the path from interest in PrEP to a hospital consultation. Methods: This work consisted of a prospective observational study, carried out through the application of a survey, to a random cohort of patients of the PrEP consultation at Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca, covering sociodemographic characteristics, access to PrEP and its barriers and knowledge about PrEP. Results: The model patient of the PrEP consultation is between 20-39 years of age, is an MSM with an average of 15 sexual partners in the last 6 months, does not use condoms consistently, has had at least one previous STI and has used psychoactive substances in the last 6 months. The overwhelming majority of users were referred to a PrEP consultation through Checkpoint LX, having waited an average of 6 months until their first consultation. Discussion and Conclusion: Accessibility to PrEP in Portugal has been improving, with the development of units dedicated to PrEP and greater awareness among the population. However, much work still needs to be done, as the current system is insufficient to guarantee an adequate response. Continuous education of the population and the deconstruction of prejudices associated with MSM and HIV infection are crucial. To achieve this, it is necessary to train health professionals, especially those who are the patients' first contact with the NHS, at the primary health care level.