A relação de vinculação e o seu impacto na saúde mental de crianças e adolescentes

Abstract

Introdução: A qualidade da vinculação que as crianças organizam com os seus cuidadores e pares tem impacto na sua saúde mental, física e emocional futura. A vinculação segura está associada a melhores resultados para as crianças em todos os domínios de funcionamento, enquanto a vinculação insegura está associada a perturbações de externalização, dissociação, entre outras. Em Portugal, muito poucos estudos examinaram a relação entre a vinculação aos cuidadores primários e pares e o impacto que os mesmos têm na saúde mental de crianças e jovens dos 10 aos 16 anos. Objetivo: Avaliar a relação entre a vinculação e a saúde mental de crianças e jovens. Método: Participaram 161 crianças e jovens entre os 10 e os 16 anos, de 2 escolas da região do Centro de Portugal e incluem, que responderam ao Portuguese version of the People In My Life (PIML) Questionnaire e o Short Form of the Portuguese Version of the Youth Self-Report (YSR-SF). Resultados: Verificou-se uma correlação entre a vinculação e a saúde mental das crianças e adolescentes. Uma maior confiança e qualidade da comunicação com os pais está associada a menos problemas de internalização ansiosos e depressivos, e de externalização destrutivos e exibicionistas. Conclusão: Existe uma relação muito importante entre a vinculação e a saúde mental das crianças e adolescentes. A vinculação à figura materna tem um papel central na saúde mental futura, estando padrões de vinculação mais segura associados a melhores resultados em saúde mental. A maior confiança e qualidade da comunicação com os pais conduz a uma menor frequência quer de problemas de internalização como de externalização. Durante a adolescência há uma grande afetação da vinculação aos pais, comprometendo consequentemente a saúde mental e a prestação académica, sobretudo evidentes no sexo feminino.

Introduction: The quality of attachment that children organize with their caregivers and peers impacts their future mental, physical, and emotional health. Secure attachment is associated with better outcomes for children in all domains of functioning, whereas insecure attachment is associated with externalization and dissociative disorders, among others. In Portugal, very few studies have examined the relationship between attachment to primary caregivers and peers and their impact on the mental health of children and adolescents aged 10 to 16 years. Objective: To assess the relationship between attachment and mental health in children and adolescents. Method: 161 children and adolescents between 10 and 16 years old from 2 schools in the central region of Portugal participated in this study. They answered the Portuguese version of the People in My Life (PIML) Questionnaire and the Short Form of the Portuguese Version of the Youth Self-Report (YSR-SF). Results: There was a correlation between attachment and mental health in children and adolescents. Greater trust and quality of communication with parents is associated with fewer anxious and depressive internalization problems, and destructive and exhibitionistic externalization problems. Conclusion: There is a very important relationship between attachment and the mental health of children and adolescents. Attachment to the mother figure plays a central role in future mental health, with more secure attachment patterns being associated with better mental health outcomes. Greater trust and quality of communication with parents leads to a lower frequency of internalization and externalization problems. During adolescence there is a major affectation of attachment to parents, consequently compromising mental health and academic achievements, especially evident in females.