COVID-19 e o arrendamento de curta duração: efeitos da pandemia na cidade de Lisboa

Abstract

A pandemia COVID-19 causou um impacto global sem precedentes na indústria turística, onde viajar foi considerado uma atividade de alto risco (Zheng et al., 2021). Deste forma, este fenómeno complexo tem concedido uma oportunidade única de se investigar a resiliência de diferentes subsetores turísticos a fenómenos de crise e incerteza (Agustin et al., 2022). No que diz respeito ao subsetor do arrendamento de curta duração (ACD) os impactos da COVID-19 são impressionantes, não só devido à natureza do trabalho em si, mas também devido ao acesso limitado a diferentes formas de apoio governamental (ATO, 2020). Em Portugal, a quebra do volume de faturação face a 2019 foi de 70-75% em 2020 e de 55-60% em 2021, notando que os centros urbanos de Lisboa e Porto foram os destinos mais afetados (ALEP, 2022). Por sua vez, estima-se que a taxa de novas doenças infeciosas aumentará no Antropoceno dando lugar a novas pandemias num futuro próximo (Stephen, 2020), à medida que a híper- -mobilidade do turismo aumenta, se intensifica a concentração de áreas urbanas e se potencia a interconexão da economia global (Jiang, Ritchie & Benckendorff, 2017; Hall, 2010). Esta problemática requer uma análise crítica à forma como a pandemia foi gerida já que a gestão de crises é uma área essencial para se mitigar os impactos da pandemia, acelerar a recuperação e potenciar a preparação dos destinos a futuros surtos. Este policy brief tem como objetivo disponibilizar à sociedade os resultados de um inquérito sobre os impactos da COVID-19 na oferta turística de ACD da cidade de Lisboa, com maior enfoque nos pequenos e médios proprietários. Visa também expor as estratégias de crise implementadas na operação, fornecendo orientações para o setor e os decisores políticos terem em conta na definição de novas ações de recuperação da pandemia a longo prazo e na prevenção de futuras crises sanitárias no destino.