Hipertensão primária: abordagem terapêutica

Abstract

A hipertensão arterial (HTA) é reconhecida há vários anos como um dos principais fatores de risco para as doenças cardiovasculares e mortalidade. A hipertensão é definida como uma pressão arterial superior a 140/90 mmHg, em adultos. Pode ser classificada como primária (essencial) ou secundária, de acordo com a causa subjacente. A hipertensão primária representa a maioria dos casos de hipertensão e não apresenta uma causa clara identificável. Contudo, existem fatores modificáveis que podem promover o aparecimento desta condição: obesidade, elevada ingestão de sódio e álcool e atividade física reduzida. A correção de comportamentos relacionados com os fatores referidos é fundamental para o tratamento da hipertensão. A nível farmacológico, as classes terapêuticas de primeira-linha são: inibidores da enzima de conversão de angiotensina, antagonistas do recetor da angiotensina, diuréticos tiazídicos e análogos e bloqueadores dos canais de cálcio. A decisão terapêutica deverá ser baseada em guidelines suportadas por evidência clínica e dependerá das caraterísticas do indivíduo, da presença de outras doenças e do risco cardiovascular que apresenta. Apesar do arsenal terapêutico disponível para tratar a hipertensão, os valores de pressão arterial revelam um pobre controlo desta doença, que poderá ser explicado pela baixa adesão à terapêutica. Este fenómeno poderá ser causado pelos regimes terapêuticos complexos, baixa literacia em saúde, falsas crenças, presença de reações adversas, entre outros fatores. Neste âmbito, o papel do farmacêutico comunitário torna-se importante devido à proximidade que tem com a população, permitindolhe atuar de forma a promover a adesão à terapêutica e monitorizar o controlo dos valores tensionais. Estas intervenções poderão levar à redução de eventos cardiovasculares e à melhoria do estado de saúde da população hipertensa. Com o aparecimento da COVID-19 e com o seu envolvimento no eixo renina-angiotensina-aldosterona, têm surgido questões acerca da segurança da utilização dos inibidores do eixo renina-angiotensina-aldosterona em indivíduos hipertensos infetados com o vírus SARS-CoV-2. A Sociedade Europeia de Hipertensão bem como a Sociedade Europeia de Cardiologia já emitiram várias recomendações no que concerne aos procedimentos a tomar nesta situação.

Arterial hypertension has been recognized for several years as one of the main reasons for high prevalence of cardiovascular events and increased mortality. Hypertension is defines as elevated blood pressure with values higher than 140/90 mmHg. It may also be classified as primary (essential) or secondary, considering cause. Primary hypertension represents the majority of hypertension cases and does not have an obvious secondary cause. However, there are many modifiable risk factors that may cause the appearance of this condition: obesity, high ingestion of sodium, alcohol and lack of exercise. Changing these behaviors is extremely important in order to this condition to be treated. In a pharmaceutical standpoint, first-line drugs are angiotensin enzyme converting inhibitors, angiotensin receptor blockers, thiazide and thiazide-like diuretics and calcium channel blockers. A therapeutic decision is based on guidelines supported by clinical evidence and depends on one’s characteristics, the presence of previous illnesses and cardiovascular risk. Despite the available therapeutic arsenal for hypertension treatment the values of blood pressure present poor control of this condition which may be explained as a poor adherence to this treatment. This phenomenon may be caused by complex therapeutic regimens, low health literacy, wrong beliefs, presence of adverse reactions among other factors. For this reason, the community pharmacist’s role becomes important due to its proximity with the community, allowing them to promote therapeutic adherence and monitoring the control of the blood pressure values. Therefore, these interventions may reduce the cardiovascular episodes and increase a better wellbeing of the hypertension individuals. With the appearance of COVID-19 and with its involvement with renin-angiotensinaldosterone system many questions have emerged surrounding the safety of the reninangiotensin-aldosterone system inhibitors on hypertensive individuals infected with SARSCoV-2 virus. The European Society of Cardiology as well as the European Society of Hypertension have recommended various procedures to place in action in this type of situation.