Craniectomia descompressiva em idade pediátrica : revisão de casuística em 10 anos e avaliação de qualidade de vida

Abstract

Introdução e objetivos: Craniectomia descompressiva (CD) é uma cirurgia utilizada nos casos de hipertensão intracraniana refratária, que envolve a remoção de uma parte do crânio para diminuir a pressão intracraniana. Está indicada posterior reconstrução (cranioplastia). Os objetivos são: a) caracterizar os doentes que realizaram estes procedimentos, b) avaliar os estados funcionais pós-CD, pós-cranioplastia e atual, c) avaliar a qualidade de vida relacionada com saúde (QVRS) pós-CD e pós-cranioplastia. Métodos: Estudo retrospetivo descritivo, unicêntrico, não controlado e não aleatorizado. Consulta dos processos dos doentes internados na UCIPed do HSM que realizaram CD entre Janeiro de 2011 e Junho de 2021. Para avaliar o estado funcional utilizou-se a escala PCPC/POPC, e para a QVRS utilizou-se o questionário KINDL®. Resultados: 35 doentes, 22 (62,9%) do sexo masculino, idade média de 10,6 anos. A indicação mais frequente para CD foi traumatismo crânio-encefálico. A duração média do internamento foi de 8,6 dias. A mediana do pior GCS pré-CD foi de 8. A probabilidade de morte média foi de 11,6%. 3 doentes (8,6%) faleceram. 29 doentes fizeram cranioplastia (intervalo médio CD-cranioplastia de 180 dias). A duração de seguimento média foi de 57,5 meses. 2 crianças faleceram pós-cranioplastia. Em relação ao PCPC, pré-CD 34 (97,1%) doentes tinham um bom outcome, pós-CD 8 (22,9%) tinham um bom outcome, atualmente 23 (65,7%) têm um bom outcome. Em relação ao POPC, pré-CD 32 (91,4%) doentes tinham um bom outcome, pós-CD 8 (22,9%) tinham um bom outcome, atualmente 23 (65,7%) têm um bom outcome. Em relação à QVRS, foi avaliada em 20 doentes. A QVRS média pós-CD foi 56,56 ±16,44 e pós-cranioplastia foi 63,59 ±15,74. Conclusão: A CD permitiu uma melhoria da sobrevida, verificando-se uma melhoria do outcome a longo prazo. A QVRS melhorou após a cranioplastia.

Introduction and objectives: Decompressive craniectomy (DC) is a surgery used when there is refractory intracranial hypertension (ICH), and involves the removal of a piece of skull to reduce the intracranial pressure. There is indication for later reconstruction (cranioplasty). The objectives are: a) characterize the patients that underwent these procedures, b) evaluate functional status post-DC, post-cranioplasty and currently, c) evaluate health-related quality of life (HRQOL) post-DC and post-cranioplasty. Methods: retrospective descriptive clinical study, unicentric, non-controlled and nonrandomized, by reading the information of patients admitted to the HSM-PICU that underwent DC between January 2011 and June 2021. The fuctional status was evaluated using the PCPC/POPC scale, and the KINDL® questionnaire was used to evaluate the HRQOL. Results: 35 patients, 22 (62,9%) were male, the average age was 10,6. The most common aetiology for DC was traumatic brain injury. The average duration of PICU admission was 8,6 days. The median of the worst GCS pre-DC was 8. The mean probability of death was 11,6%. 3 patients died (8,6%). 29 patients underwent cranioplasty (average interval between DC and cranioplasty was 180 days). Average follow-up duration was 57,5 months. 2 children died post-cranioplasty. Regarding PCPC, pre-DC 34 (97,1%) patients had a positive outcome, post-DC 8 (22,9%) had a positive outcome, and currently 23 (65,7%) have a positive outcome. Regarding POPC, pre-DC 32 (91,4%) patients had a positive outcome, post-DC 8 (22,9%) had a positive outcome, and currently 23 (65,7%) have a positive outcome. HRQOL was evaluated in 20 patients. The post-DC average HRQOL was 56,56 ±16,44. The post-cranioplasty HRQOL was 63,59 ±15,74. Conclusion: DC allowed a survival improvement, with a long-term outcome improvement. The HRQOL improved after the cranioplasty.