Mapeamento de substrato na ablação de taquicárdia ventricular pós-enfarte : uma revisão teórica a propósito de um caso clínico

Abstract

Em doentes com cardiopatia estrutural isquémica, a Taquicárdia Ventricular resulta de fenómenos de reentrada dependentes de istmos de condução lenta intracicatriciais, constituindo uma causa importante de mortalidade e morbilidade. O mapeamento eletrofisiológico permite a identificação dos istmos, sendo a sua eliminação possível através do procedimento de ablação, atualmente, a modalidade terapêutica mais eficaz. Existem diferentes modalidades de mapeamento, sendo o de substrato, atualmente, a primeira linha na generalidade destes doentes. Contudo, a maioria dos estudos existentes baseiam-se em tecnologia e equipamentos menos refinados que os disponíveis hoje em dia. A propósito de um caso clínico, reviu-se o que é conhecido acerca do mapeamento de substrato na ablação da Taquicárdia Ventricular pós-enfarte no passado, presente e quais as perspetivas futuras para esta técnica. O mapeamento de substrato visa identificar istmos disrítmicos, pela análise das características dos eletrogramas durante ritmo sinusal/pacing, nomeadamente, alterações da amplitude, da duração e da morfologia dos eletrogramas. Apesar do avanço tecnológico, atualmente, a taxa de recorrência a 1 ano da terapêutica de ablação permanece insatisfatória. Limitações apontadas a esta estratégia são o basear da técnica em alguns pressupostos não validados, atualmente postos em causa com o avanço das técnicas de mapeamento. Estas limitações poderão ser colmatadas com o aumento da resolução, conseguida através do uso de novos cateteres multipolares, com elétrodos de menores dimensões e com menor espaço entre os mesmos, assim como da standartização da frente de ativação. Estudos recentes sugerem, ainda, novas características dos eletrogramas com maior especificidade para identificação do substrato arritmogénico. Adicionalmente, existe grande potencial na integração de dados obtidos por RM cardíaca, no planeamento ou inclusive durante o procedimento de mapeamento e ablação.

In patients with ischemic heart disease, Ventricular Tachycardia results from a reentrant phenomenon, which depends on an intracicatricial slow conduction isthmus, and it represents an important cause of mortality and morbidity. Electrophysiological mapping allows the identification of isthmuses, that can possibly be eliminated through the ablation procedure, which currently is the most effective therapeutic option. There are different mapping strategies and substrate mapping is currently the first-line modality in most of these patients. However, most existing studies are based on less accurate technology and equipment than those available today. Based on a clinical case, current knowledge on substrate mapping and its application for the ablation of post-myocardial infarction Ventricular Tachycardia was reviewed and compiled and future applications of this technology were assessed. Substrate mapping aims to identify dysrhythmic isthmuses by analyzing electrogram characteristics during sinus rhythm / pacing, namely changes in amplitude, duration and morphology. Despite technological advances, the 1-year rate of recurrence of ablation therapy remains unsatisfactory. These results may be due to unvalidated assumptions on which the technique is based, which are currently undermined by the advances of mapping techniques. These limitations may be overcome by the increased resolution now achieved with new multipolar catheters which have a greater electrode density, as well as the standardization of wavefront activation. Recent studies also suggest new characteristics of electrograms that have greater specificity for identification of the arrhythmogenic substrate. Additionally, there is great potential for integrating cardiac MRI data in planning or even during the mapping and ablation procedure.