O desporto adaptado, a perceção da competência e autoeficácia física, e a qualidade de vida de pessoas com deficiência que praticam atividade física e desportiva

Abstract

Resumo 1: O desporto tem reconhecido um interesse crescente também no âmbito das pessoas com deficiência, aceite como catalisador da promoção da saúde e prevenção da doença, funcionalidade, participação social e qualidade de vida. A maior procura pela prática desportiva tem-se traduzido ao nível das políticas e investigação nacional, nomeadamente ao nível dos seus efeitos em diversos setores. O desporto adaptado tem contribuído para o reconhecimento das capacidades das pessoas com deficiência com repercussões na forma como a própria pessoa reflete as suas conquistas no balanço congruente entre a relação de objetivos pessoais, valores socioculturais e satisfação com a vida. Um dos indicadores nesta abordagem passa pela perceção de autoeficácia e competência física com repercussões no estado de saúde e qualidade de vida. Este artigo, sob a forma de revisão da literatura, procura sintetizar a informação sobre os quatro constructos, desporto adaptado, competência física percebida, autoeficácia física e qualidade de vida, caracterizando-os e apresentando os respetivos modelos concetuais onde se baseiam, ao mesmo tempo que se procurará avançar com a síntese das principais evidências existentes na área, a nível nacional e internacional ; Resumo 2: A atividade físico-desportiva (AFD) é crucial na melhoria de diversas capacidades psicomotorassociais de pessoas com deficiência, que tendem, contudo, para praticar menos. Dada a escassez de evidências, o nosso objetivo passa por analisar os efeitos desta prática na autoeficácia e capacidade física percebida de praticantes e não praticantes com deficiência, e na qualidade de vida (QdV) dos praticantes. As versões portuguesas do Perfil de Autoperceção Física, subescala Capacidade Física Percebida (da Escala da Autoeficácia Física) e Questionário sobre a Qualidade de Vida de Atletas foram aplicadas a 300 pessoas com deficiência, entre os 13 e 77 anos (35.97±14.78), 150 praticantes e 150 não praticantes, 175 do género masculino e 125 do género feminino. Os t-student, correlação de Spearman, ANOVA one-Way e o post-hoc Scheffe foram concretizados. Os resultados indicam valores médios superiores na força física, autovalorização global, itens Tenho reflexos excelentes, Sou ágil e gracioso(a) e Tenho uma pega (aperto) forte, Estados emocionais do atleta e Relacionamento social no contexto desportivo, com diferenças significativas (p<.05; p<.01) nas variáveis género, toma de medicação, idade, carga total, tempo de prática, distrito e diagnóstico. A AFD é uma influência positiva na autoperceção da competência física e da autoeficácia física, com impacto na QdV. Conclusões e recomendações serão apresentadas.

abstract 1 -Sport has also recognized a growing interest in people with disabilities, accepted as a catalyst for health promotion and disease prevention, functionality, social participation and quality of life. The increased demand for sports has translated into national policies and research, particularly in terms of its effects in various sectors. Adapted sport has contributed to the recognition of the capacities of people with disabilities with repercussions on the way the person himself reflects his achievements in the congruent balance between the relationship of personal goals, sociocultural values and satisfaction with life. One of the indicators in this approach is the perception of self-efficacy and physical competence with repercussions on health status and quality of life. This article, in the form of a literature review, seeks to synthesize information on the four constructs, adapted sport, perceived physical competence, physical self-efficacy and quality of life, characterizing them and presenting their conceptual models where they are based, while seeking to advance with the synthesis of the main evidence existing in the area, at national and international level. Abstract 2 - Physical and sportive activity (PSA) is crucial in improving several psycho-motor-social competences of people with disabilities, who tend, however, to practice less PSA. Given the scarcity of evidence, our goal is to analyze the effects of PSA engagement on physical self-efficacy and perceived capacity of practitioners and non-practitioners with disabilities, and its effects on the quality of life (QoL) of practitioners. The Portuguese versions of the Physical Self-Perception Profile, Perceived Physical Capacity Subscale (of the Physical Self-Efficacy Scale) and the Questionnaire on the Quality of Life of Athletes were applied to 300 people with disabilities, between 13 and 77 years (35.97±14.78), 150 practitioners and 150 non-practitioners, 175 male and 125 female. T-student, Spearman correlation, one- Way ANOVA and post-hoc Scheffe were performed. The results indicate higher mean values in physical strength, global self-valorization, and items I have excellent reflexes, I am agile and graceful and I have a strong handle (grip), Emotional states of the athlete and Social relationship in the sports context, with significant differences (p<.05; p<.01) in the variables gender, medication, age, total load, time of practice, district and diagnosis. The PSA has a positive influence on the self-perception of physical competence and selfefficacy, with an impact on QoL. Conclusions and recommendations will be presented.