Utilize este identificador para referenciar este registo: http://hdl.handle.net/10400.5/99121
Título: Text-based psychological crisis intervention : a systematic review (2007-2023)
Autor: Costa, Mónica Gonçalves Barbeito
Orientador: Anjos, Joana Faria
Ribeiro, Maria Teresa, 1962-
Palavras-chave: Intervenção psicológica
Saúde mental
Gestão de crises
Tecnologias digitais
Serviços de saúde mental
Dissertações de mestrado - 2024
Data de Defesa: 2024
Resumo: Com o aumento na prevalência de perturbações na área da saúde mental (como a ansiedade e a depressão) em todo o mundo, a expansão da tecnologia digital abriu caminho para formas inovadoras de oferecer apoio psicológico. O COVID-19 acelerou o desenvolvimento e o uso destas novas tecnologias na área da saúde, especialmente na saúde mental. Este rápido desenvolvimento tecnológico também teve um impacto nos serviços de intervenção em crise, aumentando a procura no apoio psicológico à distância e oferecendo novas formas de ajudar as pessoas. A intervenção em crise, expandiu assim ainda mais para meios de comunicação remotos, como por chamada telefónica ou por mensagens escritas (chats online ou mensagens de texto). A intervenção em crise por mensagem apresenta vantagens como ser grátis/ baixo-custo, disponibilidade imediata, anonimato, confidencialidade, acessibilidade através de qualquer localização, entre outros. Este tipo de ajuda tipicamente está disponível através linhas de ajuda que funcionam 24 horas por dia, oferecendo suporte para uma diversidade de preocupações do foro psicológico (incluindo psicopatologia agudizada ou vivência de um evento potencialmente traumático). Revisões sistemáticas prévias mostram um impacto positivo a curto prazo da intervenção em crise por mensagem, mas não reúnem evidências especificamente para a intervenção em crise através de mensagem escrita em crise psicológica. Deste modo, este estudo trata-se de uma revisão sistemática que tem por objetivo reunir evidência acerca da viabilidade e eficácia da intervenção síncrona por mensagem escrita durante crises psicológicas (chat online e mensagens SMS). Com esse fim, visámos descrever em detalhe quem são os usuários destes serviços de crise por mensagem escrita no que refere as suas características demográficas e clínicas, o impacto clínico destas intervenções e como se comparam a outros modos de intervenção com eficácia comprovada (i.e., chamada telefónica). Esta revisão ajudará assim a avançar o conhecimento no que concerne como é que estas intervenções psicológicas em crise por mensagem são aplicadas, qual é a sua eficácia e como podem contribuir para informar a prática clínica e as políticas no que toca à expansão de serviços de crise para estas novas modalidades. Seguindo as diretrizes PRISMA para revisão, análise e descrição de resultados de um modo sistemático, começámos por recolher informação em bases de dados científicas, incluindo a PubMed, Web of Science Core Collection e Scopus. As palavras-chave utilizadas para esta pesquisa incluíram termos relacionados com intervenção em crise (e.g., acute psychological intervention) juntamente com termos relacionados com meios de comunicação escritos (e.g., text-line). As combinações dos termos de busca foram traduzidas e adaptadas dependendo das especificações da base de dados científica. No processo inicial de triagem, identificámos um total de 464 artigos publicados em revistas submetidas a processo de revisão por pares, que fossem relevantes para as nossas questões de investigação. Após a remoção de artigos duplicados com base nos critérios de inclusão e exclusão definidos previamente à pesquisa, 328 artigos foram excluídos durante o processo de avaliação do título e resumo, e 28 durante o processo de avaliação do artigo na sua extensão. No final, um total de 22 artigos cumpriram os critérios de elegibilidade e foram incluídos na revisão. Outros 8 artigos foram recuperados através de revisão bibliográfica, totalizando 30 artigos incluídos para síntese e análise. Estes estudos incluíram uma diversidade de contextos de crise, entre suicídio, preocupações múltiplas do foro da saúde mental, agressão sexual, COVID-19 e maus-tratos infantis, bem como diferentes designs de estudo. Os nossos resultados mostram que estas linhas de ajuda em crise que oferecem apoio através de mensagem escrita parecem ser utilizadas predominantemente por populações mais jovens e do sexo feminino. Os contextos de crise abordados por estas linhas de ajuda são diversos, incluindo suicídio, violência sexual, COVID-19, negligência e abuso de menores, e preocupações múltiplas do foro da saúde mental. A aderência a estas linhas de ajuda é positiva, com usuários a reportarem altos níveis de satisfação no atendimento, e considerando este tipo de serviço útil para situações de crise psicológica devido ao seu fácil acesso e disponibilidade imediata. Relativamente à eficácia, os resultados sustentam que a intervenção psicológica em crise por mensagem escrita tem um impacto clínico positivo, reduzindo o sofrimento psicológico, risco de suicídio e stress. A prevalência de linhas de ajuda por mensagem escrita direcionadas a prevenção de suicídio é elevada nesta revisão (43%), mostrando o papel importante que este meio de comunicação pode ter na ideação e intenção suicida. No entanto, esta evidência da eficácia deve ser cuidadosamente considerada, já que a amostra de estudos incluída que reporta impacto clínico é limitada e apresenta inconsistências entre estudos na forma como medem e reportam o impacto clínico. Alguns estudos também caracterizam a relação entre impacto clínico e outros fatores, relatando resultados interessantes como uma maior correlação entre qualidade da intervenção e o número de palavras trocadas entre o indivíduo em crise e o operador, ao invés do tamanho das mensagens. Apresentando assim resultados mais positivos quando os operadores das linhas de ajuda exploram mais os recursos e possíveis soluções colaborativamente com quem está em crise. Quanto a como as intervenções psicológicas em crise por mensagem escrita e por chamada telefónica se comparam, não parecem existir diferenças notáveis, ambas reduzindo o sofrimento psicológico do indivíduo. Ainda que mais uma vez a amostra de estudos que compare estas duas variáveis seja limitada. Esta revisão contribui assim para uma descrição mais abrangente de intervenções em crise por mensagem no que concerne a saúde mental, da sua eficácia e impacto clínico em sintomas, e como se compara a outras modalidades de intervenção (i.e., chamada telefónica). Os nossos resultados quanto à sua eficácia são mistos, devido à falta de estandardização nas medidas e descrições dos resultados. No entanto, apesar de limitações no rigor metodológico, a evidência converge para a intervenção psicológica em crise por mensagem escrita aliviar sintomas durante uma agudização da sintomatologia psicopatológica (e.g., ideação suicida) ou eventos potencialmente traumáticos (e.g., violência sexual). No seguimento desta linha de investigação, existe necessidade de mais pesquisa acerca da eficácia da intervenção em crises por mensagem a curto e longo-prazo, incluindo quais os contextos que podem adicionar mais valor na melhoria de sintomas psicológicos. Outras direções futuras incluem explorar diferenças entre os dois meios de intervenção em crise que existem para comunicar de forma escrita (mensagem SMS vs. chat online), indagando em maior profundidade se o facto de os usuários destas linhas de ajuda serem maioritariamente jovens é resultante do tipo de intervenção em si, ou de uma maior literacia de saúde mental (que caracteriza estas populações) promover a procura de ajuda independentemente do meio de comunicação utilizado. Esta revisão contribui também melhor informar a prática clínica e políticas de expansão de intervenção em crise para estas novas modalidades na área pública da saúde. Examinando assim como e em que circunstâncias a intervenção psicológica em crise por mensagem escrita pode ser melhor utilizada no setor de saúde pública mental, e quais os possíveis constrangimentos que podem surgir aquando da sua implementação. Com o rápido crescimento de novas tecnologias, a capacidade de oferecer cuidados de saúde mental remotamente, como é o caso de intervenção psicológica em crise por mensagem escrita, continuará a expandir e transformar os serviços de saúde mental.
As mental health concerns have been witnessed to increase worldwide, the expansion of technology has paved the way for innovative ways to offer psychological support to those in crisis, such as via written conversations (online chats or text messages). The aim of this systematic review was to evaluate the current evidence on the feasibility and effectiveness of text-based synchronous intervention in psychological crisis, including online chat and text messaging. To this end, we comprehensively described texters on their demographic and clinical characteristics, the impact on clinical outcomes of these interventions, and how these interventions compare to other provenly effective intervention, like through phone call. Database searches on PubMed, Web of Science Core Collection and Scopus identified a total of 464 articles published in peer-reviewed journals that were relevant to the subject. An additional 8 articles were retrieved through bibliographical review. We followed PRISMA guidelines for systematically reviewing, analysing and reporting data. Of the 464 articles screened, a total of 30 articles met the eligibility criteria and were included in the review. The articles included a wide range of crisis contexts (suicide, multiple mental health concerns, sexual assault, COVID-19 and child maltreatment) and study designs. Text-based crisis services seem to be predominantly used by youth (adolescents and young adults) and females. Evidence shows text-based crisis intervention demonstrates effectiveness on reducing psychological distress and suicidal risk, though high-quality studies reporting on this are lacking. Moreover, no notable differences seem to exist when comparing phone call to text-based crisis interventions. Most of our described findings contribute to a comprehensive description of text-based crisis interventions in mental health on what concerns the texters/ chatters, its effectiveness and impact on clinical outcomes, and how it compares to other modalities (i.e., via phone call). This review reveals there’s a need for further research on the effectiveness of text-based crisis of intervention and to which extent it may improve psychological symptoms. Our research may also contribute to helping inform clinical practice and policy development on how to safely expand crisis intervention to this modality.
Descrição: Dissertação de mestrado, Psicologia na Crise e na Emergência, 2024, Universidade de Lisboa, Faculdade de Psicologia
URI: http://hdl.handle.net/10400.5/99121
Designação: Mestrado em Psicologia
Aparece nas colecções:FP - Dissertações de Mestrado

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