Identificação de emissões de dióxido de carbono associadas a rega e mecanização em horticultura biológica de pequena dimensão

Abstract

Este trabalho define uma primeira abordagem para a quantificação de emissões de CO2 num tipo particular de agricultura biológica, uma exploração hortícola de pequenas dimensões, com reduzida disponibilidade de dados. Procura-se estabelecer um método para identificar quais as emissões de CO2 das culturas no referido caso de estudo, mas que também seja escalável a outras explorações com outras práticas fitotécnicas. O procedimento adotado considera as emissões das máquinas utilizadas na mobilização do solo e as emissões associadas à motobomba da rega. Este procedimento iniciou-se pela definição de um cronograma de ocupação do terreno pelas diferentes culturas, identificando-se o número e duração dos seus ciclos ao longo do ano, e quantificando-se a dotação total de rega aplicada a cada cultura. Para a mobilização do solo, quantificou-se o número de horas de trabalho e as respetivas áreas, às quais se aplicou um Fator de Emissão associado ao combustível utilizado. Com base nas dotações de rega e no tipo de energia associado à bombagem da água, estimaram-se as suas emissões. Conjugando estes dados com as produtividades e o rendimento económico de cada cultura, contabilizaram-se as emissões de CO2 por tonelada produzida, bem como o valor económico obtido por kg de CO2 emitido. Esta abordagem atribui maiores emissões associadas a mobilizações às culturas que permanecem mais tempo no terreno (alho francês, ervas aromáticas outono-inverno, pimentos e beringela) e maiores emissões às culturas com maiores necessidades de rega (beringela e pimentos, no caso em estudo). Daqui resulta que as culturas com maiores emissões globais foram as dos pimentos e da beringela. Reportando à produção, o espinafre apresentou as maiores emissões, tendo a courgette outono-inverno apresentado o maior rendimento económico por emissões de CO2. Recomenda-se a instalação de painéis fotovoltaicos, e a adoção de mobilizações menos intensas para uma redução de emissões da exploração.

This work defines a first approach for quantifying CO 2 emissions in a particular type of organic farming, a small horticultural farm, with reduced data availability. The aim is to establish a method to identify the CO 2 emissions of crops in the aforementioned case study, but which is also scalable to other farms with other phytotechnical practices. The procedure adopted considers emissions from machines used in soil mobilization and emissions associated with the irrigation motor pump. This procedure began by defining a schedule for land occupation by different crops, identifying the number and duration of their cycles throughout the year, and quantifying the total amount of irrigation applied to each crop. For soil mobilization, the number of working hours and the respective areas were quantified, to which an Emission Factor associated with the fuel used was applied. Based on irrigation allocations and the type of energy associated with pumping water, emissions were estimated. Combining these data with the productivity and economic performance of each crop, the CO 2 emissions per ton produced were calculated, as well as the economic value obtained per kg of CO 2 emitted. This approach attributes higher emissions associated with mobilizations to crops that remain on the ground longer ( autumn winter aromatic herbs, peppers and aubergine) and higher emissions to crops with greater irrigation needs (eggplant and peppers, in the case under study). It follows that the crops with the highest global emissions were peppers and eggplant. Regarding production, spinach had the highest emissions, with autumn winter courgette having the highest economic yield due to CO 2 emissions. It is recommended to install photovoltaic panels and adopt less intense mobilizations to reduce the farm's carbon footprint.