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Policy mobility and social justice in smart cities: analysing urban paradigms in semiperipheral Lisbon

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Problematizing the overaccumulation of capital intensified after the last cycles of crises by the alliance between financialisation and datafication, this research critically examines the popularized term smart city. Following the entrepreneurial turn in urban governance, data-driven urbanism was revealed as a neoliberal strategy of business expansion via corporate storytelling. Ubiquitous in corporate discourses, the dominant smart city paradigm is criticized for being technocratic, expanding already existing social problems and creating data-driven harms. Adopting an exploratory and explanatory methodological approach, the thesis inquires a paradigmatic case study of Lisbon, a late adherent of smart city development and a global semiperiphery, or a “South of the West". As a collection of three articles, the investigation begins by theorizing the right to the smart city and arguing that an authentic paradigm shift constitutes interpreting technology as a sociotechnical arrangement to unravel historical problems which marginalised citizens confront and employing public participation and democratic processes, therefore empowering and emancipating citizens. In Lisbon, semi-structured in-depth interviews and thematic document analysis reveal that the smart city agenda, top-down injected by corporate storytelling, mixes with formerly established and locally rooted public participation agenda, therefore shaping a hybrid agenda in which social justice gains strength. Closing with a reflexive essay that interprets the repercussions of the COVID-19 pandemic as an opportunity to rethink smart cities and urban imaginaries, the research highlights how urban transitions and paradigm shifts can contribute towards socially just futures. By adopting a southern epistemological approach, the thesis enables a better comprehension of smart city paradigms in global semiperiphery, therefore contributing to enlarging and enriching southern urban critique.
O capitalismo avançou no século XX reinventando-se por meio de crises e se uniu à cibernética por meio de tecnologias digitais operando em uma abordagem tecnocrática e orientada por dados, assumindo, portanto, o controle sobre a (re)produção de informações com estratégias de neoliberalização, como a privatização e liberalização de instituições globais de telecomunicações. Em sua forma contemporânea, o capitalismo de dados, a informação tem sido um componente principal de correções espaço-temporais com as quais o capital tentou se libertar da crise pós-2008. Dentro do capitalismo de dados, a dataficação adiciona novas fontes de valor e novas ferramentas de acumulação à financeirização já operacional, por meio da qual o capital financeiro e o capital de dados se sobrecarregam, por exemplo, quando Wall Street e o Vale do Silício se aliam ao capital de dados como a nova fronteira de acumulação e circulação. A dataficação avança no e através do urbanismo capitalista e do capitalismo financeiro, controlando as tecnologias digitais e sua capacidade de organizar a ação social e extrair valor, destacando a pertinência dos rentistas digitais na formação do capitalismo contemporâneo. Assim, dataficação, urbanização e financeirização são processos complementares e mutuamente constituídos. Historicamente, explicar como esses fenômenos surgiram e se desdobraram durante os últimos séculos, bem como considerar sua variegação e desenvolvimento geográfico desigual, nos permite compreender como eles se entrelaçaram e se nutriram mutuamente. Dentro das ciências sociais, os estudos urbanos que reconhecem a centralidade desses problemas buscam compreender fenômenos como a tecnopolítica urbana, os arranjos sociotécnicos e o urbanismo orientado por dados. Nete contexto, esta pesquisa examina criticamente um termo popularizado após 2008: a cidade inteligente. Seguindo a virada empreendedora na governança urbana, o urbanismo orientado a dados, vendido sobre o discurso das cidades inteligentes, revelou-se como uma estratégia neoliberal de expansão de negócios por meio do storytelling corporativo. Onipresente nos discursos corporativos, o paradigma dominante de cidades inteligentes é criticado por ser tecnocrático, expandir problemas sociais já existentes e criar danos provenientes da orientação a dados. Os estudos críticos sobre cidades inteligentes se expandiram e se diversificaram recentemente, passando a compreender este fenómeno como uma política móvel, um imaginário urbano dominante e uma tecno-utopia. Como manifestação urbana do colonialismo de dados, as cidades inteligentes promovem vários danos baseados em dados, como a mentalidade racional, mecânica, linear e hierárquica; orientação a-histórica, aespacial e homogeneizadora; ênfase em formas tecnocráticas de governança; reforço de geometrias de poder existentes; suposta abordagem apolítica; agenda corporativa; e consequências éticas como vigilância de dados e governança antecipatória. Além disso, devido à sua volatilidade conceitual, às suas origens corporativas e ao seu modelo de replicação, as iniciativas dominantes de cidades inteligentes nutrem estratégias de neoliberalização, expandindo o poder corporativo e governamental hegemônico. No entanto, à medida que as ideias viajam e pousam em diferentes territórios, elas podem se adaptar de acordo com a mediação de experiências individuais e conjunturas locais, o que pode implicar em arranjos sociotécnicos alternativos. Portanto, a tese se enquadra na esfera social e crítica das cidades inteligentes, e questiona se os avanços sociais são apenas retóricos e superficiais. Dessa forma, a tese investiga a crítica da cidade inteligente neoliberal e o suposto foco nos cidadãos dessas iniciativas. Esta investigação pretende contribuir para chamados por uma descentralização do conhecimento através da exploração de novos loci de enunciação, assim buscando preencher a ausência de lugar nos discursos da cidade inteligente. Adotando uma abordagem metodológica exploratória e explicativa, a tese apresenta um estudo de caso paradigmático sobre a cidade de Lisboa, adepta tardia ao desenvolvimento de cidades inteligentes e uma semiperiferia global, ou seja, um "Sul do Oeste". Como uma coletânea de três artigos, a investigação começa teorizando o direito à cidade inteligente e argumentando que uma autêntica mudança de paradigma consiste em interpretar a tecnologia como um arranjo sociotécnico para desvendar problemas históricos que os cidadãos marginalizados enfrentam e empregar a participação pública e os processos democráticos, empoderando e emancipando os cidadãos. Em seguida, o estudo de caso sobre Lisboa, que coletou dados empíricos através de entrevistas semiestruturadas em profundidade e análise documental temática, revelou que a agenda da cidade inteligente se mistura com uma agenda de participação pública previamente estabelecida e enraizada localmente, moldando assim uma agenda híbrida na qual a justiça social ganha força. O segundo artigo examina a agenda da cidade inteligente por meio de uma abordagem de mobilidade política, ou seja, rastreia as origens das ideias, como viajam através de redes sociotécnicas, como sofrem mutações, como aterrisam em diferentes territórios e como se manifestam localmente, assim como as suas implicações locais. Além disso, a investigação adota uma estrutura analítica baseada nos paradigmas de cidades inteligentes: tecnocrático, centrado nas pessoas e socialmente justo. Com isso, o artigo apresenta a hipótese de que os arranjos locais semiperiféricos geram transformações político-econômicas e sociais que são intensificadas pelas mobilidades políticas e levam a mudanças de paradigma nas abordagens de cidades inteligentes em direção à justiça social. Encerrando com um ensaio reflexivo que interpreta as repercussões da pandemia de COVID-19 como uma oportunidade para repensar cidades inteligentes e imaginários urbanos, a pesquisa destaca como transições urbanas e mudanças de paradigma podem contribuir para futuros socialmente justos. Ao adotar uma abordagem epistemológica do sul, a tese possibilita uma melhor compreensão dos paradigmas das cidades inteligentes na semiperiferia global, contribuindo para ampliar e enriquecer a crítica urbana do sul. A interação entre agendas urbanas novas e antigas, emergentes e estabelecidas, oferece alternativas à replicação de políticas neoliberais. Na semiperiferia global, como examinado neste estudo de caso com foco em Lisboa, duas políticas móveis aterrissando em diferentes períodos na cidade, interagem com os arranjos locais moldados por transformações políticas, econômicas, sociais e culturais. Consequentemente, a evolução da agenda da cidade inteligente na semiperiferia reflete transições paradigmáticas em direção à justiça social, como evidenciado por iniciativas locais que testemunharam níveis crescentes de participação cidadã nos últimos anos. A investigação provincializada de um caso paradigmático, que situa Lisboa para além da dicotomia Norte-Sul Globais e se aprofunda em ideias móveis heterodoxas, facilitou uma compreensão mais profunda dos paradigmas de cidades inteligentes em semiperiferias globais, enriquecendo assim o conhecimento científico sobre a dinâmica do urbanismo orientado por dados. Reconhecida como uma cidade semiperiférica num “Sul do Oeste” e uma plataforma de processos robustos de participação pública que visam promover a inclusão social através da tomada de decisões democráticas, Lisboa sublinha a convergência do urbanismo inteligente emergente com uma agenda participativa para promover a justiça social. Reconhecendo os problemas atuais decorrentes de processos históricos, pesquisadores críticos que atuam na intersecção entre os estudos urbanos e os estudos de futuros questionam os imaginários dominantes e buscam a construção de futuros alternativos. Para atingir esse objetivo, eles sugerem caminhos que implicam em ações disruptivas, como transições e transformações urbanas e mudanças de paradigma nas dinâmicas sociais, econômicas e políticas contemporâneas. O imaginário dominante da cidade inteligente cria novas realidades urbanas e é usado ativamente para construir futuros nos quais a tecnologia onipresente oferece soluções eficientes para as patologias da cidade contemporânea. No imaginário hegemônico da cidade inteligente – emblemático da colonização de futuros urbanos contemporâneos – os cidadãos desempenham um papel subalterno sem participação democrática. No entanto, imaginários urbanos alternativos existem e se opõem aos dominantes. Estes imaginários urbanos alternativos constituem diferentes visões para o desenvolvimento urbano buscando abordar desafios sociais, ambientais e econômicos de maneiras mais equitativas e sustentáveis.

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Cidades inteligentes Cidadania neoliberal Politicas públicas Participação publica Planeamento urbano

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