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Fungal in drinking water in healthcare contexts

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Abstract(s)

A segurança microbiológica da água potável tem sido tradicionalmente avaliada através de parâmetros bacterianos. No entanto, a contaminação fúngica na água potável representa riscos significativos para a saúde, especialmente para indivíduos imunocomprometidos, mas permanece amplamente negligenciada nas regulamentações de segurança da água. A Diretiva 2020/2184 da União Europeia trouxe atualizações importantes para os padrões de qualidade da água, com foco na proteção da saúde pública. No entanto, falha em abordar a presença de contaminantes fúngicos na água potável, apesar de evidências de sua ocorrência em sistemas hídricos. Essa omissão destaca uma lacuna regulatória, visto que a contaminação fúngica apresenta riscos, especialmente em ambientes de saúde com populações vulneráveis. Estudos demonstram que os fungos podem persistir em sistemas de água fria e quente, formando biofilmes que os protegem de fatores ambientais, desinfetantes e antibióticos. Os biofilmes são comunidades de microrganismos, incluindo fungos, comuns em sistemas de distribuição de água. Os fungos interagem com bactérias nos biofilmes, desempenhando várias funções na sua formação. É crucial investigar os mecanismos que afetam a germinação de esporos e o crescimento dos fungos nesses sistemas. Espécies clinicamente relevantes pertencentes a géneros como Aspergillus, Fusarium, Candida e Penicillium estão associadas a infeções graves, principalmente em ambientes hospitalares, onde populações vulneráveis estão em maior risco de infeções oportunistas. A presença de fungos na água, especialmente em ambientes hospitalares e instituições de longa permanência, como as Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas (ERPI), é um motivo de crescente preocupação. Os biofilmes podem ainda afetar a qualidade da água potável, contendo microrganismos que produzem toxinas prejudiciais à saúde e compostos que alteram o sabor e odor da água. Eles também aceleram a corrosão dos tubos, aumentando a concentração de metais na água. Os biofilmes são resistentes aos tratamentos de desinfeção e não há um método definido para sua remoção eficaz. A temperatura, nutrientes disponíveis, tipo de desinfetante e material dos tubos são fatores que influenciam a formação de biofilmes. Fungos em biofilmes tornam-se mais resistentes, sobrevivendo a temperaturas elevadas e à desinfeção com cloro, o que pode aumentar a exposição e afetar a saúde humana. A contaminação fúngica em sistemas de água representa riscos significativos para a saúde pública, especialmente em ambientes hospitalares, onde pacientes imunocomprometidos estão altamente vulneráveis a infeções oportunistas. Esse problema é agravado pelo fato de que os fungos podem persistir em sistemas de água quente e fria, muitas vezes resistindo aos processos de tratamento de água convencionais. Fatores como a localização da fonte de água, exposição à luz solar, composição iónica, níveis de pH e a presença de matéria orgânica influenciam a presença de fungos. Estudos demonstraram que fungos como Aspergillus, Penicillium, Cladosporium, Fusarium e Candida podem ser frequentemente isolados de água tratada e não tratada. Apesar dos significativos riscos para a saúde que esses fungos representam, especialmente em hospitais, onde podem ocorrer infeções nosocomiais, os protocolos de tratamento de água muitas vezes não conseguem eliminar esporos fúngicos de forma eficaz. Isso destaca a necessidade de métodos de deteção mais avançados, como técnicas moleculares, como o qPCR e a sequenciação, que oferecem maior precisão na identificação da diversidade fúngica em comparação com os métodos tradicionais baseados em culturas. Conseguindo-se uma identificação correta e rápida da espécie, facilita a obtenção do tratamento adequando para a infeção em questão. Em 2022, a OMS publicou a primeira lista de patógenos fúngicos prioritários para investigação, na qual estão incluídas 19 espécies escolhidas de acordo com critérios relacionados com o seu impacto na saúde pública. Categorizaram os fungos patogénicos em três grupos, de acordo com o nível de prioridade: crítica, alta e média. Alguns exemplos de espécies incluídas nessa lista são Candida auris, Aspergillus fumigatus sensu stricto, Candida tropicalis e Talaromyces marneffei. O aumento das resistências fúngicas é preocupante devido à falta de tratamentos eficazes. A resistência aos azóis, usados no tratamento de Aspergillus fumigatus, é um exemplo significativo, com resistências surgindo da exposição a fungicidas agrícolas. Métodos otimizados para detetar resistências em amostras clínicas e ambientais são essenciais para a saúde pública. Não há uma abordagem padronizada para a pesquisa de fungos em águas. Métodos comuns incluem filtração da água, contagem de colônias e identificação por métodos convencionais, espectrais ou moleculares. Técnicas moleculares como PCR e sequenciação são usadas para identificação, com a região ITS sendo a mais utilizada. A técnica MALDI-TOF MS também é promissora para identificação rápida de fungos e bactérias. O objetivo principal desta dissertação foi aprofundar o conhecimento sobre a presença de fungos em sistemas de água potável, com foco em ambientes com populações vulneráveis, como hospitais e instituições de cuidados prolongados (ERPI). Além da identificação e quantificação das espécies fúngicas, o estudo comparou o crescimento fúngico em diferentes meios de cultura (DRBC e Malte), contaminação fúngica em diferentes pontos de coleta (válvulas, chuveiros e torneiras) e entre sistemas de água quente e fria. Também se procurou identificar os fungos capazes de formar biofilmes e determinar a sua relevância clínica nas diferentes instituições de saúde. Observou-se que a concentração média de fungos era maior em amostras colhidas em válvulas, sugerindo que esses pontos específicos do sistema de distribuição de água são mais propensos à proliferação fúngica. Além disso, as amostras de água fria apresentaram uma maior concentração de fungos do que as de água quente, indicando que temperaturas mais baixas podem favorecer o crescimento fúngico. Isto é particularmente relevante, pois sugere que os sistemas de água fria, amplamente utilizados em ambientes hospitalares, podem transmitir contaminação fúngica relevante. Verificou-se também a presença de fungos potencialmente formadores de biofilmes, incluindo géneros como Aspergillus, Candida, Penicillium, Rhodotorula e Fusarium. E ainda de espécies clinicamente relevantes causadoras de infeções graves, como A. fumigatus sensu stricto, Candida parapsilosis, Fusarium spp., Talaromyces spp., Penicillium spp., Alternaria spp. e Rhodotorula spp.. Fungos patogénicos com relevância clínica foram encontrados com maior frequência em ERPIs comparativamente aos hospitais. A análise realizada revelou diferenças significativas no crescimento de fungos e leveduras entre amostras de água quente e fria. A água fria apresentou níveis mais altos de contaminação, sugerindo que é mais propícia ao crescimento de fungos e leveduras. Muitos fungos, particularmente espécies filamentosas, prosperam nesses ambientes. Por outro lado, as contagens baixas de unidades formadoras de colônias (UFC) observadas na água quente indicam que temperaturas mais altas limitam a sobrevivência microbiana, sugerindo que o calor pode ser eficaz de controlo de contaminação. No entanto, a presença de algumas espécies fúngicas em amostras de água quente sugere que temperaturas elevadas, por si só, não são suficientes para eliminar todos os contaminantes. A presença de fungos patogénicos na água potável representa um risco significativo para populações vulneráveis, como pacientes hospitalizados e residentes de ERPI. Os resultados deste estudo reforçam a necessidade urgente de estratégias de desinfeção e gestão de qualidade da água mais eficazes, que garantam a eliminação desses microrganismos e protejam a saúde pública. A introdução de parâmetros para monitorizar a presença de fungos nos sistemas de água potável seria um passo crucial para garantir que todas as potenciais ameaças microbianas à saúde sejam adequadamente controladas. A ausência de tais medidas regulatórias pode deixar lacunas no sistema de vigilância da qualidade da água, expondo grupos vulneráveis a riscos desnecessários. Em conclusão, os resultados deste estudo sugerem fortemente que a monitorização da qualidade da água em ambientes sensíveis, como hospitais e residências de idosos, deve incluir a deteção de contaminantes fúngicos, dada a fragilidade de alguns dos seus utilizadores. Além disso, estratégias de desinfeção mais eficazes e específicas para fungos devem ser desenvolvidas e implementadas para garantir que a água potável fornecida nesses locais seja completamente segura. Ao incluir parâmetros fúngicos nas regulamentações de qualidade da água, será possível reduzir os riscos associados a infeções fúngicas, proteger a saúde das populações mais vulneráveis e melhorar a segurança da água potável.
This study investigates the diversity of fungal species in water systems across different healthcare settings, emphasizing their potential health risks, particularly for immunocompromised individuals. Fungi are increasingly recognized as opportunistic pathogens, capable of forming biofilms that enhance their resistance to disinfectants and increase their persistence in water systems. Samples were collected from two distinct settings, ERPI (Residential Structure for Elderly People) and hospital environments, and fungal species were identified using molecular techniques. Clinically relevant fungi, including biofilm-forming yeasts, were detected in hospital water systems, raising concerns about the adequacy of current water disinfection methods. The presence of biofilm-forming species was higher in water outlets like taps, showerheads, and valves, particularly in the ERPI (Estrutura Residencial para Pessoas Idosas) setting. These findings highlight the need for more effective fungal control strategies and advanced disinfection techniques to protect vulnerable populations in healthcare facilities. Furthermore, the data showed significant variation in colony-forming units (CFUs) between different water outlets, with the highest levels observed in valves from the ERPI setting. The study supports the integration of fungal monitoring into water quality regulations, to mitigate the risks posed by these resilient microorganisms. Future research should focus on understanding biofilm formation mechanisms and developing targeted water management strategies that can eliminate fungal biofilms to ensure safer water systems in healthcare and other critical environments.

Description

Tese de Mestrado, Biologia Humana e Ambiente, 2024, Universidade de Lisboa, Faculdade de Ciências

Keywords

Água de consumo Fungos Hospitais Unidades de saúde Teses de mestrado - 2024

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